sábado, 16 de janeiro de 2021

DO FUGIR POR ENTRE OS PINGOS DA CHUVA OU DA NECESSIDADE DE ACORDAR ANTES DE SE MORRER

Antes de 2021, contabilizavam-se apenas três dias com mais de 500 óbitos diários (desde que se iniciaram estes registos, em 2009). Neste nosso Janeiro, o nosso Inverno do Descontentamento, que conta por agora 16 dias, teremos em princípio com a contabilização de hoje, 12 dias consecutivos com mais de 500 óbitos e sete dias consecutivos com mais de 600 óbitos. O dia mais morífero é 11 de Janeiro com 661 óbitos.

Isto não é tudo por causa da covid, embora com a "narrativa" criada em redor do Natal e do Ano Novo, e dos abraços e beijos, e das máscaras supostamente que não se usavam, e dos ministros que afinal também ficaram infectados, tudo se centra agora na covid, e nada no resto. A Imprensa fala de covid. O Governo fala de covid. O Presidente da República fala de covid. Os candidatos a Presidente da República falam de covid. O Povo fala de covid. Os Intelectuais falam de covid. Ah, e também de livrarias. 

E quase ninguém fala do resto. E o resto é tudo. O resto é o caos que é, não sendo dito, culpa do Governo. É,.E deveria ser um ponto inicial para uma discussão. Para acção. 

O resto é um população, sobretudo débil, sobretudo idosa, ainda mais débil agora por desacompanhamento médico ao longo dos últimos 10 meses; que chega ao Inverno e apanha uma vaga de frio sem que haja um plano de contingência, 

Que chega ao Inverno e apanha uma vaga de frio com campanhas da DGS a apelarem para não correr para as urgências se se sentir doente. 

Que chega ao Invermo e apanha uma vaga de frio, e tem medo de ir às urgências se se sente doente, porque também vê agora na TV umas filas de ambulâncias plantadas em certos hospitais, apesar do número de atendimentos nas urgências estarem actualmente muito mais baixo do que em Janeiro de 2020 (p. ex., anteontem houve 11.224 episódios de urgência hospitalar; no mesmo dia em 2020 houve 19.679). 

O desastre em termos de Saúde Pública anda aí a ceifar vidas sem que ninguém questione o Governo. É tudo por causa da covid, não é? É só a covid que justifica que nos primeiros 3-4 dias de Janeiro a mortalidade estivesse na casa dos 400 óbitos diários, e agora estarmos bem acima dos 600, não é? 

É só por causa da covid que nas duas primeiras semanas de Janeiro tenham morrido 1.696 pessoas em Lisboa quando a média é de 1.080? É só por causa da covid que a mortalidade no distrito de Évora aumentou 78%., não é? E que o Alentejo inteiro (pouco habituado ao frio) está a ter uma enome mortandade neste Janeiro, sendo que o acréscimo não é tão grande no Norte (onde o frio é mais suportável pela população), não é? 

Morre-se só por causa da covid, não é? O Governo anda interessadíssima que se fale só de covid, assim se furtando de responsabilidades pela covid e tudo o resto, que é tudo. É toda uma arte de se fugir da chuva por entre os pingos da chuva. Não é para todos. António Costa está, neste aspecto, de parabéns como líder de um Governo que quer manter o poder. Porém, como primeiro-ministro de um país que deveria ser decente, não.

Apetece-me dizer-vos ao gritos: ACORDEM, ANTES DE MORREREM!

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