António Costa não tem culpa de nada. O Governo muito menos. A culpa é dos portugueses que alegremente andam em festejos e a infectarem-se agora tanto que “esta subida conduzir-nos-á a uma situação insustentável do SNS”, disse-nos agora mesmo o primeiro-ministro.
Com tantos Froes e Nunes que por lá andam a cirandar nos corredores da DGD, entre os quais o Filipe e o Baltazar originais, será que ninguém avisou o Governo que seria natural um aumento de infecções causadas por um vírus que tem "comportamento" similar (e até mais "agressivo") que os vírus de outras infecções respiratórias? Ninguém esperava esta subida de casos e, obviamente, de hospitalizações?
Como se pode compreender que nos últimos meses, em que houve milhões e milhões de euros a jorrarem para testes PCR e mais ajustes directos de milhões e milhões de euros até para lojas de brindes ganharem milhões, o SNS não tenha tido capacidade para se preparar estruturas e logística para aguentar um aumento de internamentos? Ninguém se questiona onde param os hospitais de campanha e as camas e mais o reforço de pessoal que se anunciou na Primavera?
Vejam a Espanha. Veja bem, por favor, o quadro que anexo sobre a situação de Espanha que apresentava, no dia 29 de Outubro, 18.162 hospitalizaçõe, isto dá um rácio de 387 internamentos por milhão de habitantes. Nesse dia, Portugal contava 1.927 internamentos, o que significa 189 internamentos por milhão de habitantes. Ou seja, a Espanha tinha o dobro da pressão no seu serviço nacional de saúde.
E como estava então a situação nos hospitais espanhóis nas hospitalizações c*v*d e ns UCI para esses doentes nesse dia? Vejam o quadro: a percentagem de camas ocupadas era de 14,7%, com o máximo em Melilla (a sua pequena comunidade no Norte de África) de 28,5% e em Madrid estava nos 18,9%. Nas UCI estava uma ocupação nacional de 26,6%, com um máximo também em Melilla de 64,3% e em Madrid de 38,4%. Estão os espanhóis, portanto, muito longe de qualquer saturação e com grande capacidade ainda de encaixe. E a situação é duas vezes pior do que a portuguesa.
Enfim, como sempre, Costa e a sua ministra Temido andaram a confiar na Nossa Senhora como Paulo Portas, há uns anos, confiava na mãe de Cristo para um derrame de petróleo (do Prestige) não chegar às nossas costas. Portas teve sorte, porque a Nossa Senhora não faz assim milagres. Costa confiou também na Nossa Senhora ou na sorte (como aliás sempre sucede com as épocas gripais, onde os velhos morrem que nem tordos sem que ninguém ligue), e quem paga agora somos nós.
A culpa de tudo isto é dos portugueses. Nunca do Governo. E a nossa Propaganda Mediática ajudará a culpabilizar-nos.