segunda-feira, 1 de março de 2021

DO DIABO NOS PORMENORES E DO SNS QUE FALHOU TODO

No FAROL XXI está agora publicado um artigo da minha autoria que mostra como o SNS entrou em colapso em Janeiro. Os gráfico que aqui coloco (que está lá melhor explicado) mostra, no do lado esquerdo aquilo que se registou desde Dezembro; no do lado esquerdo o que aconteceria se o SNS tivesse tido sempre o nível de eficácia da última semana de Fevereiro.

Este artigo parece-me de fundamental leitura até para compreender o alcance das palavras deste fim-de-semana do presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares que admitiu que a gestão da pandemia foi "francamente má" (sic).

Leiam AQUI.

Em Janeiro, os dados oficiais apontam para 270 mortes por covid-19. Na última semana de Fevereiro foram apenas 67. Qual foi a razão para esta descida? Apenas diminuição do número de internados? Não parece. Um dia depois do presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares admitir que a resposta à pandemia foi “francamente má”, o FAROL XXI mostra como o Serviço Nacional de Saúde falhou em Janeiro, deixando que em certos dias morressem mais de 40 pessoas por 1.000 internados. E isso é prova de falhanço? Sim, se considerarmos que na última semana de Fevereiro, essa taxa se reduziu para apenas 18 óbitos por 1.000 internados. A recuperação da eficácia do SNS em Fevereiro é a prova do seu colapso em Janeiro.

Nota: Estou em processo de migração para a minha página em Pedro Almeida Vieira - PAV. Quem me quiser continuar a seguir, queira por obséqui juntar-se por lá. São muito bem-vindos, se vierem por bem.

Sigam o site do FAROL XXI, AQUI.



DO POPULISMO DOS ABSOLUTISTAS

Um excelentíssimo médico intensivista, especialistas em livros sobre fake news na medicina - e que parece se sabe melhor se bebido com chá e bolinho -, "crucifica-me" porque eu aprecio relativizar a covid-19 e outras doenças. Diz que é coisa de políticos e generais, forma de dizer que quem relativiza é um insensível.

Não deveria ser necessário ter de explicar que relativizar não é menorizar; é enquadrar. Serve para poder comparar com rigor, não permitir os enviesamentos que surgem com os números absolutos. Por isso é que se pode dizer que a nossa situação é pior do que a dos Estados Unidos, do que do Brasil, do que da Espanha, etc...

Se não fizéssemos essa operação chegaríamos a conclusões absurdas, como seja dizer que as condições de vida em Portugal no século XVIII eram melhores do que agora, porque, ignorando que então havia apenas 20% da população de agora, se constata que morre agora mais gente (em termos absolutos) do que que há 300 anos. 

Ou então diríamos que a Peste Negra foi menos perigosa do que a covid para os idosos com mais de 80 anos, porque esta já matou 10.814 portugueses nesta faixa etária, enquanto a epidemia do século XIV não terá chegado a tanto nos idosos (esquecendo que se contariam pelos dedos das mãos aqueles que chegavam aos 80 anos naqueles longínquos tempos).

Na verdade, o Excelso Doutor deve ser daqueles que acha que a qualidade de um cirurgião apenas se mede pelo número de doentes que sucumbe no bloco operatório. Assim, se ele deixar morrer o único doente que operou será melhor cirurgião do que aqueloutro que operou 1.000 pessoas e não conseguiu salvar duas. 

O facto de o grau de sucesso ser, respectivamente, de 0% e de 99,8% é um pormenor irrelevante, coisas de general. O que conta apenas é que morreu uma pessoas às mãos do médico aselha, menos uma do que do outro médicos que, lamentavelmente, deixou duas vidas perderem-se.