A nossa inqualificável imprensa, depois de pegar caninamente no tema "casos positivos", segue agora abutremente para o tema "ocupação hospitalar". Tudo vale para alarmar; tudo vale para impor trapos nas fuças; tudo vale para o controlo por smartphone com direito a multa para os incautos; tudo vale para a contínua "prostituição jornaleira" a troco de uns vinténs por cliques e visualizações. A nossa imprensa, perante a covid, tornou-se o "cão de fila" de António Costa.
Como antigo jornalista começo a sentir asco de muitos jornalistas, e lamento por outros que (re)conheço bons mas que se calam.
Vem isto a propósito, portanto, da alegada iminência do esgotamento das camas hospitalares por causa do crescimento de casos positivos, quase todos assintomáticos, porque obviamente quase todos falsos positivos.
Como continuo a fazer para mim o trabalho que a imprensa não faz, tirei um bocadinho desta tarde para fazer nova análise. Demorou-me, talvez, uma hora. Aqui a exponho.
Existem diversas métricas para medir a actividade hospitalar, mas vou aqui apresentar-vos uma que me parece duplamente aceitável, porque não apenas detecta situações de anormalidade (picos de actividade anormal) como a compara de forma diacrónica (evolução ao longo do ano).
Essa métrica é a mortalidade diária em unidades de saúde. Julgo que se pode usar esta métrica como um indicador (atenção, é um indicador, o que não significa que exista uma correlação de 1 com a actividade hospitalar), porque os valores da mortalidade em unidades de saúde mostram, por um lado, a variação na ocorrência de doenças agudas e/ou de internamentos, e por outro detectam rapidamente situações anómalas num determinado período. Além disso, grandes subidas na mortalidade em meio hospitalar (em comparação com a média) pode indiciar (atenção, digo indiciar) algum grau de colapso.
Ora, usando os dados do SICO-eVM, e confrontando com a média (2014-2019), pode-se concluir que a actividade hospitalar, usando a métrica da mortalidade nas unidades de saúde, está actualmente um pouco acima da média, mas muito abaixo de outros períodos.
Com efeito, mesmo antes da covid ter cá chegado (e sendo uma situação "normal"), a mortalidade diária em meio hospitalar costuma estar entre os 230 e 250 óbitos em Janeiro e Fevereiro. No presente mês de Outubro ronda os 190 óbitos por dia, sendo que apenas cerca de uma dezena são por covid. A variação de Outubro deste ano, em relação à média, tem sido inferior a 20 óbitos.
No entanto, aquilo que chama até mais a atenção, não é a métrica da mortalidade em meio hospitalar ser ainda bastante inferior a Abril (no pico da covid). Na verdade, o mais absurdo é a nossa imprensa não ter sequer questionado o Governo para a situação de Julho e de Setembro, quando a mortalidade diária em meio hospitalar, numa altura em que a covid matava três pessoas por dia, disparou para níveis absurdos. Em cerca de duas semanas de Julho, a mortalidade nas unidades de saúde ultrapassou continuamente os 200 óbitos por dia, chegando mesmo a ultrapassar os 230 durante alguns dias, quando seria expectável (média) menos de 170 óbitos por dia. Em Julho deste ano morreram em meio hospitalar 6.270 pessoas, sendo a média de 5.142. Ou seja, morreram a mais 1.128 pessoas (36 a mais por dia).
A anormalidade de mortes em meio hospitalar durante o mês de Julho teve uma magnitude bem superior à registada em Abril e Março (diferença entre mortalidade em 2020 e a média). Em Setembro a situação repetiu-se, embora em menor dimensão, mas mesmo assim foi pior do que está a suceder em Outubro. A isto a nossa malograda imprensa, népias, nicles. Andou a dormir. Acordou agora, feroz.
Tendo sido recusado pelo seu sistema, isto é um 'test'.
ResponderEliminaroliveira
Como parece que hoje a rotina informática funciona, cá vai a 5a tentativa:
ResponderEliminarO Mau, o Mal, reside em interesses que eu ainda não atingi e que semeiam pânico e ventos (de onde colherão tempestades).
As mentiras — não são inverdades, são mentiras — escritas ou ditas por oficiais deste Estado irão levar ao patíbulo popular muitos destes tontos (mas criminosos).
Pedro Almeida Vieira já teve uma pequena experiência pessoal da criminalidade à solta, num Centro de Saúde. Criminalidade que se generalizou na área da saúde — ou melhor, da doença. Mesmo nas instituições particulares que não querem estragar o seu 'bom nome'.
Vamos acabar muito mal. Muita gente a passar necessidade, esperando o fecho dum Super para ir recolher no lixo o que os Super consideram não ser lucro.
Abraço de espanto/admiração dum velho que ainda os tem.
oliveira