Vou fazer umas contas muito simples para se ter uma melhor percepção sobre o maior impacte da covid nos lares, não apenas por agregar população muito idosa em final de vida como por causa dos problemas de infecção descontrolada ocorridos em alguns. Nesta simples análise evidencia-se ainda mais ser a covid um mal dos lares, que agrega 100 mil utentes.
De acordo com a DGS, até ontem tinham morrido por covid 860 utentes em lares, pelo que fora dos lares terão morrido 1.289 pessoas. Destes 1.190 tinham mais de 60 anos.
Ora, face à capacidade dos lares em Portugal, temos então até agora uma taxa de mortalidade próxima de 0,86%. Daqui se infere que havendo então 2 milhões de pessoas com mais de 65 anos vivendo fora de lares (por simplificação exclua-se a população em idade activa e considere-se para este grupo etário os 1.190 óbitos acima referidos), temos então uma taxa de mortalidade de apenas 0,06% para este grupo.
A taxa de mortalidade para a população em idade activa é estatisticamente irrelevante.
Note-se que não há informação sobre a taxa de mortalidade nos lares. Porém, a taxa de mortalidade anual para os maiores de 85 anos ronda os 15% e para o grupo dos 80-84 anos de 5%. Daqui resulta duas coisas: a covid tem um impacte muitíssimo maior nos lares, mas não parece indiciar ser uma doença que globalmente esteja a mostrar-se catastrófica (por representar uma taxa de mortalidade inferior a 1%). Aliás, nos lares, cada vez mais relevante parece ser uma avaliação rigorosa do impacte dos efeitos colaterais da estratégia anti-covid, em especial da mortalidade no Verão e dos efeitos da suspensão de muitos cuidados médicos essenciais em idades mais avançadas.
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