sábado, 16 de janeiro de 2021

DO COLAPSO

Errei por 6 a previsão do número de óbitos de ontem, mas esse erro deve-se a um problema muito mais grave: a taxa de mortalidade nos internados aumentou um bocadinho mais (basta umas centésimas para tal acontecer). Faço nova previsão: 169 para o dia de hoje (16/1). Existe obviamente uma margem de erro, sendo que se o valor for mais elevado significa que houve ainda mais degradação do colapso no SNS; se for menor, uma melhoria.

Porém, nas minhas análises, apurei um aspecto mais relevante e preocupante: estes valores estarão sempre nesta ordem de grandeza enquanto, efectivamente, não se conseguir descer o número de internados para baixo dos 3.500. O Governo tem agora uma estratégia: como se fiou na sorte e não apostou num reforço de meios humanos e técnicos (anunciou apenas camas, que nem sequer parecem existir), exige agora que não fiquemos doentes. Se se morrer, a culpa é do doente. Imaginem no futuro alguém ter um acidente de trabalho, ser levado ao hospital e o encontrar fechado: morre mas a culpa é sua, porque foi descuidado e sofreu o acidente.

Notem que em 23 de Outubro existe um comunicado do SNS do onde se refere taxativamente que existe "um total de 17.700 camas para assistência à pandemia". (vd. aqui).

Como chego ao número de internamentos a partir dos quais o sistema entra em colapso. De uma forma muito simples: sendo os óbitos uma função dos internamentos, fui verificar se se verifica uma tendência linear à medida que os internamento aumentam. Até aos 2.500 intrernados é quase: por cada mil internados ocorrem cerca de 20 óbitos. Porém, a partir dos 2.500 internados, os óbitos já apresentam uma grande amplitude, e sobretudo a partir dos 3.500 internamentos (a situação actual), o desastre evidencia-se. Notem que em todos os cinco dias com mais de 4.000 internados, o número de óbitos diários suplantou os 140.

Se não houvesse colapso, e estivessemos perante um SNS bem oleado, a mortalidade de ontem (166 óbitos) seria alcançável apenas quando se registassem cerca de 6.500 internamentos. E, na verdade, com o actual número de internamentos deveríamos ter entre 100 e 110 óbitos.

Tendência para os próximos dias: os níveis de mortalidade vão manter-se nesta escala de grandeza. 





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