quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

DAS CAMAS DO ESTADO NOVO AO ESTADO DO MUNDO NOVO EM TEMPOS DE PANDEMIA

Quando alguém vier (sobretudo políticos) com a história das "conquistas de Abril" ou quando alguém vier (sobretudo políticos e dirigentes da DGS) com a história da ruptura dos hospitais porque as pessoas, enfim, conviveram durante o Natal e o Ano Novo (que passará a ser "crime de lesa-Majestade de primeira cabeça"), lembrem-se dos gráfcos que aqui coloco. 

O primeiro gráfico mostra que o número de camas hospitalares  é agora menor do que era no Estado Novo. E é menor do que era em 1975, já em democracia. E é menor do que era há 10 anos. Pode haver melhoria das instatações, das valências e do atendimento, mas se nem sequer há camas para meter os costados do doente em descanso, esqueçam tudo.

O segundo gráfico confirma ainda mais o desastre no investimento em Saúde durante a Democracia e sobretudo nas últimas duas décadas, com o aumento do número de pessoas com mais de 65 anos (que são os "clientes" mais habituais no sistema hospitalar). Com referência ao período 1970-2019, estamos agora com o rácio mais baixo de camas por 100 mil habitantes com mais de 65 anos. E sempre, sempre a descer. Sempre, sempre a piorar o rácio. Queriam milagres com uma doença como a covid que atinge, em termos relativos e absolutos, quase apenas os idosos?

E a culpa agora é exclusivamente das pessoas que não seguiram os doutos conselhos do subdirector-geral da Saúde, e que, em vez de "vistas rápidas no quintal" ou no "patamar das escadas do prédio", conviveram mais umas com as outras, não se cingindo a ofertas de compostas.

Fonte: INE e Pordata. N.B. Para os "puristas" e "polígrafos", aviso que há uma quebra de série em 1985, que se deveu a mudança metodológico na recolha da informação, Apenas isso. Em todo o caso, para esses, podem sempre ler o gráfico a partir de 1985. A situação não melhora à conta disso. Pelo contrário.


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