Depois de ontem um "oportuno" vídeo ter mostrado uma fila de ambulâncias nas urgências do Hospital de Santa Maria, estou à espera de ver o mesmo esta noite. Por agora, consultando o site do SNS estão apenas 4 pessoas a ser atendidas. No entanto, sabe Deus (ou se calhar nem Ele) se não estão, agora mesmo, a caminho umas 20 ou 30 ambulâncias para as fotografias.
Nem de propósito, hoje um administrador do Hospital de Santa Maria veio dizer que em "15 dias, a procura [hospitalar] cresceu 70%", traçando um cenário apocalíptico se as pessoas não se portassem bem.
Eu, que já me devia chamar Tomé (embora não seja Santo), fui ver como estiveram as urgências, bem como os internamentos resultantes dessas urgências no Santa Maria, ou melhor, no Centro Hospitalar de Lisboa Norte, onde ele se integra (e é o principal hospital). Fui ver dados oficiais.
Pois bem, vejam os gráficos com dados do SNS. Oficiais, portanto.
Entre 1 e 14 de Janeiro de 2021 houve 6.157 episódios de urgência neste centro hospitalar que contrasta com 10.196 episódios no mesmo período de 2020 (queda de 40%). Nos internamentos (vindos das urgências, que inclui entrada de doentes covid), entre 1 e 14 de Janeiro de 2021 houve 719 casos, o que contrasta com 1.055 em igual período de 2020 (queda de 32%). Notem também que os valores dos últimos dias disponíveis (13 e 14) nem são sequer os mais elevados de Janeiro de 2021.
Se compararmos estas duas semanas de Janeiro (1-14) com as duas últimas semanas de 2020 (18-31 de Dezembro) verificamos que houve apenas um acréscimo de 5% nos episódios de urgência (e não 70%), passando de 5.878 para 6.157 episódios. No caso dos internamentos, as duas primeiras semanas de Janeiro de 2021 tiveram apenas mais três casos do que as duas últimas semanas de Dezembro de 2020. Note-se que as afluências às urgências, mesmo com a vaga de frio, continuam abaixo dos valores mais baixos pré-covid em qualquer mês do ano.
É certo que os protocolos para a admissão de doentes-covid são mais complexos, mas basta de mentiras sobre mentiras sobre mentiras. Esta farsa não pode continuar. É pornográfica, porque estamos a falar em vidas humanas. Assustar, implicita e explicitamente, as pessoas para que não irem aos hospitais porque se cruzam com doentes-covid ou porque as urgências estão (falsamente) cheias é eticamente reprovável. E chega a ser criminoso.
Fonte: SNS
Mais do que um comentário uma pergunta: uma vez que foram criadas urgências apenas para casos covid, incluirão estes dados (quer os números totais por dia, quer os números em tempo real) todos os episódios de urgência? Não faria muito sentido que os doentes covid não fossem processados pelo sistema ALERT, e faria ainda menos sentido que a informação não fosse pública tal como a restante... Mas isto (informação que não é tornada pública) já sabemos ser uma realidade... E, a ser como apresentado (não tenho qualquer conhecimento que não seja), já faltam palavras para o que se está a passar...
ResponderEliminarObrigado
Tiago Lopes
São processados mas não pela triagem de Manchester, mas surgem nos registos com cor branca, pelo que surgem nas estatísticas das urgências.
EliminarOnde posso ver esses dados. Tem o site? Obrigado
ResponderEliminarhttp://tempos.min-saude.pt/
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