quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

DO FRIO

Ontem, dia 6 de Janeiro, terão morrido 535 pessoas em Portugal (número ainda provisório), o valor mais elevado dos últimos quatro anos, dos quais 95 com covid. O número da covid pode parecer-vos elevado, mas a outra parte é que se mostra aterradora.

Num dia de Verão ameno, sem demasiado calor e também sem gripes, a Ceifeira leva 250 vidas das mais diversas causas. Esta é a “nossa” base, aquilo com que infelizmente temos de contar. Geralmente, ao avançar o Inverno, tudo o que está acima desse valor está associado aos surtos gripais e ao frio. Ora, mas este ano deixámos de ter gripe, e temos agora “apenas” a covid, o frio... e o SNS em estado comatoso. Da covid sabemos (ao contrário dos surtos gripais, onde há apenas estimativas) os efeitos directos: ontem, como referi, a DGS indica oficialmente 95 óbitos.

Daí vejam, e sigam o meu raciocínio: aos 535 retirem 95 da covid e 250 da mortalidade base. Ficam com 190 apenas por frio e por um SNS comatoso. Mas vamos então esquecer admitir que é só por causa do frio. Então quer dizer que, perante temperaturas que chegam apenas a poucos graus negativos, no pior dos casos, o SNS não consegue dar uma resposta eficaz, deixando que só o frio leve 190 pessoas? E isto depois de um ano de forte mortalidade? 

Eis o que tem sido para mim mais aterrador: a fragilidade e vulnerabilidade actuais da população portuguesa, sobretudo dos idosos, são anormais. Não é por causa da covid; é por causa da estratégia da covid. Quem não for da doença, seguirá rapidamente pela “cura”, se isto se mantiver.

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