sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

BOLSONARO & DO COSTA E OUTROS APONTAMENTOS

Quatro apontamentos muito importantes:

1 - Portugal ultrapassou pela primeira vez a centena de óbitos (118) por covid. A culpa, claro, foi dos portugueses. Nunca do Governo, e muito menos de António Costa, que anda a assobiar para o ar em relação à situação dos lares (quantos destes mortos eram utentes de lares?). Como a culpa é dos portugueses, não podemos assim fazer o que a nossa imprensa andou a fazer com o Brasil. De facto, como sabemos, foi Bolsonaro [de quem não tenho simpatia nenhuma] o culpado por o Brasil ter atingido um pico de 1.554 óbitos (29 de Julho). Ah, já agora, 1.554 óbitos no Brasil correspondem a 75 óbitos em Portugal [o Brasil tem cerca de 20 vezes mais população]. Ontem, repito, houve 118 em Portugal. E já tivemos quase 30 dias, desde 11 de Novembro, com mais de 75 óbitos por covid. António Costa não tem culpa nenhuma disto.

2 - Pela primeira vez desde que há registos diários (a partir de 2014), estamos com três dias sucessivos de mais de 500 óbitos no total. Antes de 2021, apenas existiam três dias com mais de 500 óbitos (dois em 2017 e um em 2018).

3 - No ano de 2015, de acordo com a Plataforma da Mortalidade, o mês de Janeiro teve 1.232 óbitos por infecções respiratórias (sobretudo pneumonias), que este ano praticamente desapareceram. Ou seja, em média houve 41 óbitos por dia nesse mês. Actualmente, estamos com uma média de 88 óbitos por covid, isto é um pouco mais do dobro. O país vai "fechar" de novo, e não é para melhorar a situação.

4 - Se não estiver a existir manipulação de números (e eu cada vez ando mais desconfiado), a situação de Portugal em Janeiro de 2021 assemelha-se à de Espanha em Março e Abril de 2020. Naqueles dois meses, a covid foi responsável por 17% e 27%, respectivamente, das mortes totais em Espanha. Nos sete primeiros dias de Janeiro, a covid terá sido responsável (se assim for) por 22% do total das mortes em Portugal. Isto durante uma vaga de frio intensa e num período em que a taxa de letalidade (e de sobrevivência) é muito mais favorável do que era no início da pandemia.





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