quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

DA MENTIRA DA PERNA CURTA SOBRE URGÊNCIAS E INTERNAMENTOS

Desde o início do ano temos sido "metralhados" por médicos ao serviço do Pânico e também pela imprensa ao serviço da Narrativa Oficial (leia-se Governo) sobre a grande afluência aos hospitais, que agora (e só agora, pasme-se!) ameaçam ruptura. E lá surgem, à unidade, os números de internamentos covid, e só covid, como senão houvesse internamentos e cuidados de saúde necessários às outras doenças.

Tem-se tornado evidente na acção do Governo duas coisas: 1) como não aumentou a oferta de serviços hospitalares nos últimos meses, procura de todas as formas, mesmo pelo pânico, reduzir a procura, mesmo que isso implique que casos graves de não-covid redundem em mortes; 2) usa os número de casos positivos (e acho que até já de morte COM covid) como forma de demonstrar que a situação se descontrolou por causa do comportamento das pessoas no Natal e Ano Novo, não assumindo quaiquer  responsabilidades, tanto na gestão da estratégia como do reforço de meios hospitalares. E, para isso, manipula e mente, directamente, ou recorrendo à Imprensa ou usando médico que deveriam pensar primeiro no Juramento de Hipócrates.

A mentira, porém, tem perna curta. Estive a analisar os dados do SNS (vamos ver se um destes dias não há um "apagão"...) sobre episódios de urgência, total e pelos dois tipos mais graves, e os internamentos diários entre 1 e 4 de Janeiro. Pois bem, temos a seguinte situação para todo o país:

a) em 2021, os episódios de urgência totalizaram em 46.339  casos, o que contrasta com uma média de 73.474 casos no período 2017-2020, ou seja, uma queda de 37%.

b) em 2021, os episódios emergentes (pulseira vermelha na triagem de Manchester) foi de 196, significando uma queda de 25% em relação á média de 2017-2020.

c) no caso dos episódios muito urgentes (pulseira laranja na triagem de Manchester), em 2021 registaram-se 4.997 casos, enquanto a média de 2017-2020 foi de 7.525, isto é, uma queda de 34%.

d) no caso dos internamentos, em 2021 contabilizaram-sem, nestes dias. 4.772, o que confronta com 5.925 na média de 2017-2020, representando assim uma queda de 21%.

Ou seja, o ano de 2021 não se está a iniciar com sinais de qualquer pressão hospitalar, estando os valores bastante baixos da média e de qualquer um dos anos anteriores (à semelhança do que sucedeu ao longo da pandemia em 2020). Aquilo que está a suceder é uma incapacidade do Governo em reforçar o SNS (face aos protocolos mais exigentes da covid), tendo-se optado assim por uma estratégia de assustar as pessoas para que estas, mesmo face a sintomas graves, "desamparem a loja", ou seja, não se dirijam ao hospital. E isto é gravíssimo, para não acrescentar criminoso.

Não por acaso, analiso as urgências de pulseira vermelha e laranja (que são casos de vida ou de morte), cuja redução significativa não se deve à melhor saúde da população, mas ao medo de uma deslocação ao hospital. Daí que se os números descem por razões artificiais, significa com elevado grau de probabilidade houve situações de gravidade que não foram atendidas por médicos resultando em mortes a curto ou médio prazo.

Mas isso, para o Governo e para os médicos "aliados" da Narrativa Oficial, pouco interessa. Tudo é agora covid, até porque, nos últimos tempos, por um passe de mágica, os mortes por covid (que desde Novembro mantêm um valor elevado) "apagaram" o excesso de mortalidade não-covid, que foi omnipresenrte ao longo do primeiro semestre da pandemia. 

Fonte: SNS (Monitorização dos Serviços de Urgência, aqui).





 

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