Ciclo encerrado no meio da locura pandémica, e enquanto em simultâneo preparo o doutoramento: com a apresentação da tese, terminei hoje o Mestrado em Gestão e Conservação dos Recursos Naturais, no Instituto Superior de Agronomia e Universidade de Évora. Esta última já era a minha alma mater (Engenharia Biofísica), e a primeira junta-se ao ISEG (Economia e Gestão). Seguir-se-à, agora, o ISCTE.
Pode causar confusão a muitos que, ponderado tudo isto, ainda esteja agora a "botar postas de pescada", segundo alguns, sobre os efeitos da pandemia e sobre políticas públicas na Saúde, e estar mesmo no projecto com ligações ao ISCTE sobre estas matérias.
Na verdade, aquilo que todas estas formações me têm ajudado é sobretudo uma melhor compreensão do mundo, e como ele funciona em repetição.
Por exemplo, cada vez encontro um maior paralelismo sobre os incêndios florestais - tema do meu mestrado e área sobre o qual me estou a debruçar no doutoramento - e a pandemia da covid.
Se nos incêndios, quando algo corre mal, os Governos culpam o tempo quente e seco do Verão;
agora, na pandemia culpa-se o Inverno e o vírus.
Se no Verão, um incêndio se descontrola, a culpa é atribuída ao vento e não á incapacidade do combate e das estratégias de prevenção;
agora, na pandemia, a culpa é dos doentes e nunca da incapacidade do SNS em se preparar para surtos e aguentar minimamente a sobrecarga de doentes com exigências de logística distintas da "normalidade"
Se no Verão, ocorrem grandes incêndios que chamam a atenção até internacional, o Governo culpa os supostos incendiários e nunca as falhas de um sistema corroído de interesse de capela;
agora, na pandemia, a culpa é dos portugueses que se deixaram infectar (mesmo se o Consellho de Ministros têm uma taxa de incidiência 6 vezes supeerior ao do povo; 35% vs. 6%) e não de um SNS que entrou em completo colapso quer para tratamento dos doentes covid quer dos outros.
Tanto num caso como no outros, estamos apenas perante um só problema: gestão. Ou mehor, ainda outro: incapacidade de assumir responsabilidades.
E sabem numa outra coisa que há também paralelismo? Nos incêndios também se pensa que as coisas se resolvem no futuro com diplomas legais. E já não falo apenas na gestão da pandemia que anda a produzir mais normas do que acções; falo sim na quantidade de diplomas que serão produzidos para anunciar um SNS melhor e mais eficaz. Isso geralmente é feito após anos catastróficos nos fogos. E resultam? Claro que não. Resultam até á próxima catástrofe.
Nota 1: Esta nota serve para anunciar a nota. A tese ficou-se pelo 18; a média pelo 17. Não é a perfeição, mas é o melhor que se vai conseguindo.
Nota 2: Agradecimentos especiais aos meus orientadores da tese: Teresa Ferreira e Francisco Moreira.
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