quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

DO MISTÉRIO OU DA ALDRABICE

Nada melhor para o Governo (e pior para nós) do que amedrontar ainda mais a populaça com o anúncio de um aumento significativo e abrupto de (supostos) casos positivos de covid. "É um novo máximo diário de infecções", anuncia a Acção Socialista, perdão, o Público! Tremei, mortais! Ficai em casa. Temei pela vida em 2021 tanto como em 2020!

Eu sei que muitos pensam que já é embirração minha, mas não consigo suportar coisas que fogem a toda a lógica. Vou explicar-me.

Nos últimos dois dias foram anunciados 13.676 casos positivos, e morreram 155 pessoas, que, obviamente, deixaram camas vagas nos hospitais. Além destas, terão saído algumas (ignora-se quantas porque a DGS nunca diz) porque, tendo estado internadas, tiveram alta e regressaram a casa. E, em princípio, outras pessoas deverão ter sido internadas, quer infectadas nos dois últimos dois dias quer antes. Os internamentos são, na verdade um fluxo, que varia diariamente em função do número daqueles que se mantêm internados, dos que entram porque registam complicações e dos que saem de uma de duas formas: por uma feliz "alta" e por uma infeliz morte.

Porém, que raio! Houve 13.676 infectados em apenas dois dias! Como se explica, nestas circunstância, com uma tão elevada magnitude de novos casos, tenha havido uma redução de 90 internamentos?! Desse número todo de novos infectados ficaram quase todos a tomar ben-u-ron em casa? Não estaremos a exagerar um "bocadinho" nestes números de infectados?

Mais estranha ainda é a (conveniente, politicamente) subida abrupta de casos positivos de covid desde o dia 25 de Dezembro. Alicerçada na imprensa, a campanha "terrorista" da SNS, de culpabilização do Natal já inculcou nas gentes que foram as festas familiares as culpadas desta subida. Oh!, o Governo bem avisou; tentou fazer tudo ao seu alcance, mas, hélas, os portgueses são umas crianças, e lá está, continuam a precisar de ser "cuidados" e "castigados" pelo excente Governo. 

Enfim, neste clima de culpabilização dos cidadãos, o Governo fica nas suas sete quintas: quantos mais casos positivos, menores parecerão as suas culpas, e melhor se encaixarão umas mortes em excesso (mesmo que por outras causas), pois ficarão com o ferrete da covid.

Porém, quanto mais analiso os (poucos) dados disponibilizados, mais vejo um rabo de fora que me faz desconfiar de haver, por aqui, gato. E isto já não tem apenas a ver com o misterioso (quase) desaparecimento das gripes e das outras infecções respiratórias durante o Outono e estas primeiras semanas de Inverno [Este ano, entre 20 e 30 de Dezembro, o SNS apenas registou cerca de 14% das gripes e infecções respiratórias em relação à média de 2016-2019 para o período homólogo]. 

Vermos os casos positvos de covid a dispararem (convenientemente) nos últimos dois dias, os internamentos a diminuirem e o resto das infeções respiratórias a manterem-se muitíssimo baixos e sem flutuações natalícias, convenhamos que parece coisa demasiado misteriosa, tão misteriosa que até parece aldrabice. A maior transmissibilidade do SARS-CoV-2 não explica tudo. 




DO RIDÍCULO

A imprensa anda deliciada com a suposta façanha de uma senhora de 106 anos, conhecida por Fernanda da Esperança, que, diz o CM, “vence[u] duas pandemias”, e uma jornalista da Visão exulta, bradando “que família não cabe em si de orgulho”.

Foi uma luta e pêras. Vale a pena ler. A senhora testou positivo em Novembro, mas manteve-se sempre assintomática, nunca tomou qualquer medicação para a covid, segundo consta, e somente soube que teve teste positivo depois de testar negativo, porque a família não a quis assustar. Sublime!

Acho que, durante a luta contra o famigerado vírus, os maiores momentos de perigo foram as quatro zaragatoas que lhe enfiaram pelas narinas, à conta dos tantos testes. 

Entretanto, espero bem que a senhora tenha tomado a vacina anti-gripe. Não lhe convinha nada apanhar uma pneumonia.



quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

DAS DIFERENÇAS ENTRE 2012 E 2020

Estou a analisar a taxa de mortalidade de todas as doenças respiratórias (ontem apenas fiz comparação com uma pequena parte, as penumonias e gripes), sobretudo nos idosos. Se querem um ano desgraçado, então aponto-vos o ano de 2012: a taxa de mortalidade nos maiores de 80 anos foi de 19,3 óbitos por mil. Foram 10.023 idosos que morreram de doenlas respiratórias. Obviamente, não serve como termo de comparação directa, mas pode sempre dizer-se que a covid está nos 7,1 óbitos por mil nos idosos com mais de 80 anos.

Passou esta situação de 2012 despercebida à imprensa? Não. Claro que não. Descubro notícias e mesmo reportagens sobre a situação, sobretudo em Janeiro e Fevereiro de 2012, como na reportagem da RTP, conforme se pode ver aqui.

Porém, notem: se trocarem, nas palavras do médico e da jornalista, "pneumonias" por "covid", parece tudo igual aos dias de hoje, com duas excepções:  não há pânico a ser lançado pela jornalista nem sensacionalismo do médico (que não é o doutor Filipe Froes). E, contudo, morreu-se mais em 2012.

Ah, e também não há máscaras. Nem no hospital, caraças.



DO CRIME

Eis a terrível doença que, matando, afinal até poupa mulheres de 106 anos e se cura, em quase todos os casos, à conta de Bufren, Ben-u-ron ou Nada, apesar de obrigar a isolamentos malucos aos 30 dias... Páginas de noticiosos massacres; horas de telenotícias pavorosas sobre a doença cruel que, contas feitas, matará mais pela cura. 

Entretanto, o alerta do presidente do núcleo regional do Norte da Liga Portuguesa contra o Cancto sobre o previsível “aumento exponencial da mortalidade associado ao cancro nos próximos anos por muitos atrasos nos rastreios e tratamentos”, isso vai para um caixinha pequena escondida. Coisas destas sim estão a ser terríveis. Economia real destruída, sim, isso é e será terrível. Uma sociedade de pantanas, desconfiada, em pânico, que olha para o outro como “bomba biológica”, isso sim é e será terrível. Tudo isso criado não pelo SARS-COV-2 mas por uma estratégia insana.

Só não digo que na política, na imprensa e até na medicina há muita gente com as mãos sujas de sangue porque estes crimes estão a ser perpetrados de forma “limpa” e “silenciosa”, sem recurso a pistolas, marretas ou bisturis.





DA VERDADE PARA ABRIR OLHOS OU DO CONFRONTO FINAL COVID VS. PNEUMONIA & GRIPE

Podia esperar mais três dias, mas, na verdade, prevejo uma alteração quase irrelevante nos cálculos (faltando três dias de dados covid para o fim de Dezembro), e preferi antecipar esta apresentação numa singela tentativa de vos atenuar o stress de um ano interminável. 

Vejam os dois gráficos, em baixo, com o verdadeiro impacte da pneumonia e gripe (excluindo todas as outras doenças respiratórias) entre 1991 e 2018 (não há dados de 2019 nem de 2020) em confronto com o impacte da covid em 2020, medidos sob a forma de taxa de mortalidade (óbitos por mil habitantes) para o grupo dos maiores de 80 anos e para o grupo dos 70-79 anos.

Os dados foram obtidos no INE na base de dados das causas de morte por ano, estabelecendo-se a taxa de mortalidade em função da população estimada para o ano anterior. Embora não haja ainda números de mortalidade para pneumonia e gripe em 2020 (a DGS já saberá através do SICO-eVM), estimo que a taxa de mortalidade seja sensivelmente metade da dos anos mais recentes, em virtude da forte redução das infecções respiratórias (cf. estatísticas do SNS).

Julgo que qualquer pessoa com um mínimo conhecimento de interpretação de um gráfico conseguirá constatar o efectivo impacte da covid, num contexto de uma população que vai envelhecendo e ficando mais sujeita a doenças respiratórias. No início do ano apresentarei também os gráficos definitivos da mortalidade (absoluta) de covid em 2020 e das pneumonias e gripes (1991-2018).

Emfim, a pandemia da covid foi e será mais uma doença que nos aflige; letal como as outras, mas estes dados evidenciam, até ao tutano, que está longe de registar um impacte catastrófico e extraordinário; pelo contrário, sobretudo quando olhamos para 2012 e 1999. Pior mesmo foi o acréscimo de mortalidade por causas não-covid e o efeitos secundários que trará em termos de Economia e Saúde Pública a médio prazo.

Fonte: INE (causas de morte e estimativas da população); DGS (mortes por covid)


terça-feira, 29 de dezembro de 2020

DO SABER QUEM CONTRIBUIU MAIS PARA QUE SE MORRESSE MAIS EM PORTUGAL: SARS-COV-2 VS. SNS

Nos Estados Unidos, independentemente de ser Trump ou Biden, a covid começa a ser enquadrada como uma infecção respiratória. Daí que os relatórios do CDC que avaliam o impacte da covid integram a nova doença num grupo denominado PIC (pneumonia+influenza+covid). Fazer esse exercício nunca interessou em Portugal, nem ao doutor Flipe Froes, pneumologista que antes se lamentava pelos cantos de não se ligar às pneumonias e que agora é todo covid&máscaras&covid&máscaras.

Como ninguém parece interessado em avaliar o real impacte da covid e do excesso absoluto da mortalidade não-covid (a começar pelo Governo e a acabar nas pessoas que me acusam de negacionistas e andam a destilar ódio sobre o que analiso e escrevo), tomei a iniciativa de fazer algumas estimativas, mesmo perante a ausência de alguns dados fundamentais. Vamos a isso.

Comecemos com algumas premissas:

a) a mortalidade média anual por infecções respiratórias (segundo a Plataforma da Mortalidade do SNS) foi de 6.613 no período 2014-2018, com um desvio padrão de apenas 265, significando que é um valoer estável. Desse modo, seria expectável, sem covid, que este ano se registasse um valor próximo dos 6.600 óbitos por pneumonias e afins.

b) Nos anos de 2017 e 2018 registou-se um total acumulado de cerca de 797 mil infecções respiratórias, ás quais corresponderam um total de quase 13 mil óbitos por pneumonias e afins. Deste modo, pode-se estabelecer uma taxa de letalidade de 1,6%. (em 2017 foi de 1,76% e em 2018 foi de 1,52%).

c) No ano de 2020, quase a terminar, o SNS apenas registou 210 mil infecções respiratórias (um valor sensivelmente de metade do expectável em ano pré-covid), o que significa que, aplicando a taxa de letalidade atrás referida, se estima que as pneumonias e afins terão causado a morte de cerca de 3.430 pessoas (que contrasta com um valor expectável de cerca de 6.600 pessoas, como atrás referido em relação á média de 2014-2018).

d) A mortalidade por covid, segundo os registos oficiais (independentemente das discussões sobre critérios de classificação), deverá aproximar-se dos 7.000 até ao final do ano.

Assim, desse modo, temos que as mortes por PIC (pneumonias, influenza e covid) totalizarão em 2020 cerca de 10.430, o que contrasta com cerca de 6.600, que seria um valor expectável de PIC no período anterior á pandemia (ou seja, quando tínhamos apenas PI, sem o C).

Daqui resulta que, feitas as contas, a covid representou um acréscimo líquido na mortalidade não de 7.000 mas sim de cerca de 3.830 óbitos.

Daqui se deduz, e sem contabilizar a questão do envelhecimento populacional, com implicações na taxa de mortalidade, o acréscimo absoluto de mortes este ano tem apenas um contributo minoritário da covid.

Com efeito, terminando 2020 (faltando apenas dois dias até ao final do ano), terão morrido, por todas as causas, cerca de 123,540 pessoas, que contrasta com uma média de 111.200 óbitos no período 2015-2019. Ou seja, um acréscimo absoluto de 12.340 mortes.

Ora, retirando deste valor o impacte líquido da covid (3.830 óbitos, acima calculado), temos então um registo pavoroso de 8.510 mortes a mais do que seria expectável devido a causas anómalas. 

Entendem agora porque andei, quixotescamente (é certo), a zurzir no estado comatoso do SNS? A dizer que a estratégia covid para estancar uma pandemia acabou por criar uma outra pior do que a causada pelo SARS-CoV-2?

A covid ajudou a matar mais 3.830 pessoas; o estado do SNS "ajudou" a morrer outras 8.510 pessoas. Eis o belo resultado que temos.

Fonte: DGS (boletins da covid); DGS (SICO-eVM); SNS (Plataforma da Mortalidade); SNS (Monitorização da Gripe e Outras Infecções Respiratórias

DO NOJO QUE ALIMENTA OS ABUTRES

Os jornalistas do Público salivam quando um jovem morre de covid. Na faixa etária dos 19-29 anos, num universo de cerca de um milhão de pessoas, morreram 6 durante 2020. Já vi fins-de-semana que ceifam mais jovens em acidentes rodoviários... Vamos acabar com os carros, Público? Ah, e quantas pessoas nesta faixa etária morreram de pneumonias em anos anteriores?! Xiu! Não interessa.

ADENDA às 00.06 de 30/12/2020: O "crime", está visto, compensa: este notícia é a mais popular de ontem, segundo o site do Público. Por isso mesmo insistem neste estilo de notícias.

DA RÚSSIA QUE LAMENTA E DO JORNALISMO QUE SE LAMENTA

O Público acumula lastro para um interessante estudo académico. A manipulação da informação, descontextualizada, o estilo apocalíptico para o que sucede lá fora, mas acrítico, quando não laudatório, para o que se passa com o que se passa em Portugal (e com a acção do Governo), torna o Público cada vez mais próximo da Acção Socialista.

Vejam como o Público noticia os óbitos na Rússia por covid. Titula “Rússia LAMENTA 562 mortes nas últimas 24 horas” (destaque meu). Um sentimento que, segundo o Público, não se compara com Portugal onde SÓ morreram ontem 74 pessoas e até há “boas notícias” (sic), assim escrito, porque até se registaram menos 54 internamentos, não importando ao jornalista que escreveu esta pérola que uma grande parte dessa “boa notícia” deriva directamente dos internados do dia anterior que morreram. Não são mortes que se lamentam; foram mortes patrióticas para criarem uma “boa notícia” ufanada pelo Público.

Porém, pior ainda é observar a descontextualização intencional. A Rússia tem cerca de 14 vezes mais população que Portugal, pelo que as 562 mortes russas correspondem a 40 óbitos portugueses. Ou, noutra perspectiva, se a Rússia estivesse como Portugal não teria de “lamentar” 562 mortos, mas quase 1.050. Eis o que dá fazer-se um jornalismo pequenino num país pequeno; parece estar tudo bem quando não está.




segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

DA FRAUDE DOS CASOS POSITIVOS

Portugal chegou a fazer cerca de 50 mil testes PCR num dia, e o Governo andou num corrupio para incentivar a realização de testes, quando "interessava" ter muitos casos positivos não apenas para "assustar" o povo mas também para justificar o acréscimo de mortes sobretudo nos idosos.

Um teste positivo era igual a uma pessoa com doença, e mesmo sem sintomas era então catalogado com o "ferrete" de doente perigosísssimo porque, suposto assintomático "infectante", era uma "bomba biológica ambulante" que assim deveria ser encarcerado.

Eis que, entretanto, consultando o site da Biontech/Pfizer, destinado a profissionais de saúde, leio que, nos ensaios clínicos, "os casos confirmados foram determinados por transcrição reversa associada a reação em cadeia da polimerase (RT-PCR, Reverse Trascription Polymerase Chain Reaction) e, PELO MENOS [destaque meu], 1 sintoma consistente com COVID-19 [*Definição de caso: (pelo menos 1 de) febre, surgimento ou agravamento de tosse, surgimento ou agravamento de falta de ar, arrepios, surgimento ou agravamento de dor muscular, perda de paladar ou olfato, dor de garganta, diarreia ou vómitos.]".

Ou seja, aquilo que muitos ostracizados diziam - os testes PCR devem ser um teste complementar á sintomatologia clínica - está aqui bem expresso pelas empresas das vacinas...

Já agora, convém dizer que as autorizações são ainda provisórias, e justificadas pela emergência; não pela eficácia garantida. 

O site, em várias línguas, incluindo português, pode ser consultado aqui, e parece-me muito detalhado, objectivo e isento.



DO STRIP-TEASE

Marcelo fez exposição integral aquando da vacina antigripal, ontem viu-se na vacinação da covid que todos os homens entradotes, entre os quais o director dos serviços de Doenças Infecciosas do Hospital de São João e o bastonário da Ordem dos Médicos (segunda e terceira fotos), fizeram questão de desalinhar camisa e expor os seus peitorais ao povo.

Fiz uma exaustiva pesquisa por fotos no estrangeiro e não encontrei um só homem, de idade jovem ou mais avançada, nestes preparos em frente às câmaras. Todos optaram por vestes práticas, tal como todas as mulheres, para a seringa poder ser aplicada sem strip-tease. Deve haver alguma explicação da Psicologia para este comportamento lusitano.






DO BALLET RUSSO OU DA ROLETA RUSSA

Manuel Carvalho, que como director se está a comportar como o coveiro da credibilidade do Público, sentenceia em editorial que o “primeiro dia [da vacinação] correu bem”, como um “ballet russo”, e portanto “ponto final”. 

Começo a desconfiar que Manuel Carvalho não lê o seu próprio jornal nem sequer olha para as fotos. Como é que um director feito paladino e defensor devotado e acrítico de todas as medidas e todas as declarações do Governo, que promove e publica anúncios de campanhas tétricas a apelar contra convivência familiar e da proximidade física, acha sensato o ajuntamento de jornalistas, e dos seus, numa dos mais patéticos eventos à la Coreia. Aquilo que eu vi, pelas imagens das televisões e fotografias, não foi um ballet russo; foi uma roleta russa.


DA IRRESPONSÁVEL PALHAÇADA OU DO ANDAR A GOZAR COM A MALTA

A ministra da Saúde aprovou uma campanha tétrica do SNS que culpabiliza os encontros familiares e a não distância social por casos graves de internamento (e presumo, morte). 

Ontem, porém, Marta Temido participou na festa da primeira vacina, esteve presente na sala, bateu palmas e viu bem o amontoado de repórteres de imagem. A campanha do SNS deveria assim ser revista. Aqui em baixo segue a minha sugestão.



domingo, 27 de dezembro de 2020

DOS MALVADOS SUECOS E DOS OUTROS POVOS QUE DETESTAM VELHOS

Numa rápida consulta, constatei que a primeira pessoa a ser vacinada na Suécia foi uma idosa de 91 anos num lar (primeira foto). Notem, como bem foi salientado num comentário em baixo, que a idosa sueca não usa máscara, enquanto a enfermeira sim, o que me parece correctíssimo.

Na Espanha foi uma idosa de 96 anos (segunda foto), também num lar.

Na França, uma outra idosa de 76 anos, que vive num centro de cuidados continuados (terceira foto).

Na Alemanha, um idosa de 101 anos, que também vive num lar (quarta foto).

Na Dinamarca, um reformado de 79 anos.

Por sua vez, a Itália decidiu ser melhor começar numa enfermeira de 29 anos. A Polónica optou também por uma enfermeira, de idade que não consegui apurar. 

Portugal, como se sabe, começou por um médico de 65 anos. De entre as cerca de 10.000 vacinas que chegaram no primeiro lote, nenhuma se destinou a lares (utentes e funcionários) ou a reformados. Em Portugal, onde vivem 100 mil pessoas em lares registam-se cerca de 1/3 das mortes por covid (números não são divulgados com regularidade).




DA REALIDADE EM ANO DE PANDEMIA OU DA PROVA DOS NOVE SOBRE O IMPACTE EFECTIVO DA COVID

Faltam cinco dias para o fim do ano, os dados de 2020 têm 11 dias baseados em estimativas, mas pode fazer-se já o balanço do impacte da pandemia, comparando as taxas de mortalidade (a forma mais objectiva de se fazer uma análise racional) com a média dos últimos cinco anos (2015-2019) e dos últimos 20 anos (2000-2019).

Conclusões principais:

1 - Infelizmente, ou talvez felizmente, o ano de 2020 não mostra um perfil "contra-natura", ou seja, a taxa de mortalidade por faixa etária apesesenta uma evolução natural, com baixíssima mortalidade até aos 44 anos, baixa até ao 64 anos, e depois progressivamente a subir até ser bastante alta a partir dos 85 anos.

2 - Comparando com a média de 2000-2019, no ano de 2020 nenhuma faixa etária regista um agravamento. Repito: NENHUMA, nem mesmo no grupo dos maiores de 85 anos.

3 - Comparando com a média de 2015-2019, no ano de 2020 observa-se um agravamento a partir dos 55 anos, mas apenas estatisticamente significativo a partir dos 75 anos, e maior ainda nos maiores de 85 anos. No entanto, convém salientar que a taxa de mortalidade está em permilagem. Ou seja, em termos percentuais, em 2020 morrerão 16,8% dos idosos com mais de 85 anos, quando a média dos últimos cinco anos foi de 16,1%. Estamos portanto a falar de um ano de pandemia em que se regista um agravamento de 0,7 pontos percentuais na taxa de mortalidade dos mais idosos, sabendo também que para esse acréscimo houve também o contributo de afecções não-covid.

4 - Para os pais que vivem apavorados perante as os seus filhos pequenos, a boa notícia: o ano de 2020 foi menos mortífero do que a média dos últimos cinco anos para as faixas etárias dos menores de 15 anos. 

5 - Para o grupo de jovens desde os 15 anos até aos adultos com menos de 55 anos, no ano de 2020 nada de anormal se passou. Em alguns dos grupos etários a taxa de mortalidade até desceu em relação aos anos mais recentes.

6 - Pela primeira vez, agrupando toda a população, a taxa bruta de mortalidade em Portugal (pelo menos desde que existem registos mais fidedignos) irá ultrapassar os 12 por mil, mas esse valor explica-se em grande medida pelo envelhecimento da população e por a mortalidade se concentrar (felizmente) na população mais idosa. Por exemplo, em 1995, apenas 22% das mortes foi de maiores de 85 anos; e desde 2017 tem ultrapassado os 40%. Isto explica-se porque, enfim, as pessoas passaram a viver mais e já não são tantas a ficar pelo caminho antes de chegarem aos 85 anos.

Tendo em conta tudo isto, aqueles que andam pelos caminhos da histeria podem continuar assim a comparar a covid com a Gripe Espanhola, e a "hiperventilar" face ao bombardeamento mediático e político em torno da presente pandemia.

Nota metodológica - Tendo em conta que o INE só divulgará a estimativa da população de 2020 dentro de alguns meses, as taxas de mortalidade no ano N foram calculadas com a população estimada no ano N-1. Para o ano de 2020, utilizou-se os dados do SICO-eVM até 20 de Dezembro, estimando-se a mortalidade dos restantes 11 dias do ano com a média de óbitos registados nos primeiros 20 dias de Dezembro. Para os restantes anos usou-se os dados de óbitos do INE. Embora fosse escusado de dizer, mas como sei que muitas pessoas ignoram a forma de cálculo da taxa de mortalidade, convém referir que para cada grupo etário se divide os óbitos das pessoas desse grupo pela população desse (e apenas desse) grupo.



DO HUMOR E DAS REGRAS RIGOROSAS

Bem dizia o outro que nunca fazia férias para que ninguém notasse que ele não fazia falta alguma... O Ricardo Araújo Pereira entrou de férias, e surgem logo comediantes a quererem provar que fazem melhor humor. Depois da rábula do subdirector-geral da Saúde na semana passada, eis que os jornalistas do Público entram agora em competição com o Inimigo Público...



DAS PINÇAS

Independentemente de eu julgar que algumas medidas anti-covid são absurdas, sou adepto do Estado de Direito, a ser aplicado por igual, quer às maiorias quer às minorias. 

Consta haver um casamento que dura há 6 dias num bairro de Alter do Chão - e não é necessário que os jornais refiram de que casamento se trata - e supostamente a GNR não consegue parar a festança. 

Ler numa notícia que “os moradores insistiram no alerta à GNR [sobre o reatar das celebrações], mas em desvantagem numérica os militares do posto local foram impotentes para pôr fim à festa”, é lamentável quer nos confins do Alentejo, quer em Lisboa, e apenas contribui para agudizar a percepção, mesmo que errada, de fraqueza do Estado e de inexistência de leis para certas minorias (independentemente das circunstâncias sociais). 

São coisas destas, tão simples, que fazem crescer “coisas” como o Chega. E isso, a prazo, é péssimo. Para todos, incluindo as minorias.

sábado, 26 de dezembro de 2020

DAS JANELAS ABERTAS E DAS PORTAS FECHADAS

Ainda sobre a campanha de terror do Governo/SNS/DGS, que tal seria se abrissem as portas do SNS para se fazerem os exames, os diagnosticos e as consultas que têm vindo a ser sucessivamente adiados?

Nota: Em cima, frame da campanha do SNS; em baixo, minha proposta para campanha alternativa.

DA PERGUNTA ESSENCIAL

Se eu (ainda) fosse jornalista, haveria uma pergunta essencial a ser feita ao Ministério da Saúde, podendo, em função da resposta, adicionar outra:

Quando todos os utentes e todos os funcionários de um lar em concreto forem vacinados, essas pessoas podem deixar de usar máscaras, passar a receber visitas e recuperar as actividades normais pré-pandemia?

Se NÃO, porquê?

DOS DOIS METROS

Quem não cumprir a distância dos 2 metros pode ter duas consequências: 

a) vai parar aos cuidados intensivos (como na campanha tétrica do Governo/SNS/DGS), 

b) para visitar o Marcelo só por holograma (como na minha sugestão para a versão 2.0 da campanha).... 

Nota: Estou a fazer estas sugestões pro bono.´

DO NOVO ENTRETÉM

Com a chegada das vacinas a Portugal, a nossa imprensa tem novo entretenimento. Aposto 100 euros como a partir do início do programa de vacinação os media vão começar a injectar-nos os números de pessoas vacinadas em cada dia.

As notícias passarão a ser assim: “Hoje foram vacinadas X pessoas e houve Y casos positivos, menos Z do que ontem... também houve W mortes, menos T do que ontem... Estranhamente, morreram em todo o país U pessoas por causas diversas, mais Q do que ontem”... 

A última frase da citação é ficção: os media nunca informam que há mais mortes além da covid.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

DA OUTRA PERSPECTIVA

Como tenho salientado, ao longo dos meses, a minha fundamental crítica à estratégia anti-covid é a sua obsessiva focagem nesta doença, de má sorte que a mortalidade por doenças não-covid tem sido largamente superior à causada directamente pelo SARS-CoV-2, consequência da ausência de confiança das populações nos hospitais e do adiamento de cirurgias, exames e diagnósticos.

Portanto, acho que a campanha do Governo/SNS/DGS que nos "responsabiliza" por não usarmos máscaras (imagem de cima), deveria ser devidamente enquadrada e complementada. Deixo o meu contributo na imagem de baixo.

DAS CAMPANHAS DE SENSIBILIZAÇÃO

Tenho estado a apreciar as campanhas do Governo/SNS/DGS em redor da covid. O "almoço de família" é um must: de repente, somos confrontados com uma visão tipo raio-X que transforma um alegre convívio gastronómico numa esverdeante pocilga marciana.

O Governo tem "visão" para a coisa. Aliás, está explicado porque os transportes públicos não são um problema quando nós, enfim, simples terráqueos, pensávamos que eram. Na verdade, metendo a "máquina especial" do Governo, para se ver aquilo que nós não vemos, constatamos que, afinal, qualquer carruagem da CP depois da hora de ponta servia perfeitamente para fazer as cirurgias que se adiaram nos hospitais.



DA CAMPANHA: OS FILIPES

Um pouco de (tentativa de) humor para aplacar a "campanha do André" do nosso querido SNS...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

DA DOENÇA MAIS RARA DO MUNDO OU DO ACREDITAR NO PAI NATAL

Quero prestar a minha maior solidariedade, e desejos de rápidas melhoras, ao único português (anónimo) a quem ontem foi diagnosticada a (actual) mais rara doença do Mundo: a gripe.

De facto, ontem, o SNS registou 1 caso de gripe (incluindo sídrome gripal), o que constitui 0,3% (arredondado para cima) do número contabilizado para o mesmo dia do ano passado, sendo que sobe para 8,4% em relação às outras infecções respiratórias, que incluem pneumonias, bronquites e broncopneumonias... E estamos no Inverno!

Os Governos e a imprensa garantem-nos que o SARS-CoV-2 anda a multiplicar-se em estirpes, variantes, castas, cepas, raças, linhagens, pervincos e o diabo a quatro, causando infecções múltiplas, reinfecções e co-infecções... Já os vírus da gripe e os vírus e bactérias (que são muitos) causadores de pneumonias, bronquites e broncopneumonias, esses todos, fizeram férias. 




DA CAMPANHA

Sou apologista de campanhas direccionadas. O SNS fez uma focalizada nos "Andrés"; eu, que sou menos criativo, recorrendo ao plágio, fiz a minha para os "Antónios". Também vou fazer para as "Graças"...



DO TERRORISMO DE ESTADO

A suposta campanha da Direcção-Geral da Saúde é inqualificável. Isto é sensibilização pelo pânico e pelo terror...

P.S. Já agora, porquê André? Não podia ser António? Ou Graça?





DA NORMALIDADE TRAVESTIDA DE ANORMALIDADE

O Público tem adorado vender notícias do “cão morde o homem” como se fossem “homem morde o cão”... Infecções simultâneas com variantes, reinfecções, co-infecções e o diabo a quatro com vírus causadores de infecções respiratórias, desde gripes até resfriados, passando agora pela covid (onde é vulgar a co-infecção com vírus da influenza) têm sido reportados em artigos científicos nos mais variados anos. É uma coisa natural, e não merece o destaque sensacionalista que começa a ser norma neste jornal. Deixo aqui exemplos numa pesquisa em revistas que me demorou um minuto. O primeiro artigo é de 1979...