quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

DO PÚBLICO, ESSE JORNAL QUE PERDEU A VERGONHA E A SERIEDADE OU DA PROVA INEQUÍVOCA DE MANIPULAÇÃO

Esta noite, na edição online (vd. aqui), o Público traduziu um artigo (supostamente integral) da Reuters sobre um apelo de um responsável sanitário de Estocolmo em relação aos cuidados intensivos. Como sou já pessoa desconfiada sobre tudo o que a imprensa portuguesa refere sobre a situação da Suécia, fui olhar para o original, i.e., para o texto original da Reuters (vd. aqui). 

E descobri uma nada inocente, vergonhosa e intencional supressão de uma frase. 

E qual a frase? Esta: "That [os 814 pacientes em tratamento da dita doença em Estocolmo] compares with roughly 1,100 patients during the spring outbreak of the disease.".

Vejam em baixo o trecho da Reuters (com a frase suprimida sublinhada a vermelho) e o trecho traduzido pelo Público (links para as duas versões em baixo). 

Ou seja, foi intencionalmente suprimida pela redação do Público a frase que a impediria de titular que "casos de covid-19 enchem cuidados intensivos na capital da Suécia", pelo simples facto de 814 ser 74% de 1.100. 

Ou seja, a suposta segunda vaga não "sobrelotou as unidades de cuidados intensivos de Estocolmo", como também abusivamente traduziu o Público [no original da Rueters está "(...) a second wave of COVID infections that has filled intensive care wards in Sweden’s capital city"]. 

Além disso, o responsável sueco pediu às autoridades do país o envio de enfermeiros especializados ("specialist nurses", no original da Reuters), mas o Público decidiu traduzir simplesmente por "enfermeiros" para assim dar ideia de caos. 

Isto é tudo muito, muito mau. É manipulação até ao tutano, até de notícias de agências noticiosas. Já não se chafurda só no lamaçal, porque a imprensa até já abriu um poço. Ou, melhor dizendo, um chiqueiro.

Senhor director do Público, caro Manuel Carvalho, isto não é jornalismo! O Público não era isto, caramba!


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