Esta noite, na edição online (vd. aqui), o Público traduziu um artigo (supostamente integral) da Reuters sobre um apelo de um responsável sanitário de Estocolmo em relação aos cuidados intensivos. Como sou já pessoa desconfiada sobre tudo o que a imprensa portuguesa refere sobre a situação da Suécia, fui olhar para o original, i.e., para o texto original da Reuters (vd. aqui).
E descobri uma nada inocente, vergonhosa e intencional supressão de uma frase.
E qual a frase? Esta: "That [os 814 pacientes em tratamento da dita doença em Estocolmo] compares with roughly 1,100 patients during the spring outbreak of the disease.".
Vejam em baixo o trecho da Reuters (com a frase suprimida sublinhada a vermelho) e o trecho traduzido pelo Público (links para as duas versões em baixo).
Ou seja, foi intencionalmente suprimida pela redação do Público a frase que a impediria de titular que "casos de covid-19 enchem cuidados intensivos na capital da Suécia", pelo simples facto de 814 ser 74% de 1.100.
Ou seja, a suposta segunda vaga não "sobrelotou as unidades de cuidados intensivos de Estocolmo", como também abusivamente traduziu o Público [no original da Rueters está "(...) a second wave of COVID infections that has filled intensive care wards in Sweden’s capital city"].
Além disso, o responsável sueco pediu às autoridades do país o envio de enfermeiros especializados ("specialist nurses", no original da Reuters), mas o Público decidiu traduzir simplesmente por "enfermeiros" para assim dar ideia de caos.
Isto é tudo muito, muito mau. É manipulação até ao tutano, até de notícias de agências noticiosas. Já não se chafurda só no lamaçal, porque a imprensa até já abriu um poço. Ou, melhor dizendo, um chiqueiro.
Senhor director do Público, caro Manuel Carvalho, isto não é jornalismo! O Público não era isto, caramba!
Sem comentários:
Enviar um comentário