Como tenho repetidamente defendido, desde há largos meses, interessam-me pouco os casos positivos totais, porque dependem do número de testes e da probabilidade de falsos positivos se realizados em pessoas sem qualquer sintoma. No entanto, olho com muita atenção para os casos positivos da população mais idosa (70-79 anos e mais de 80 anos), não apenas por ser o grupo mais vulnerável, mas por aí se encaixarem os casos dos lares, onde por norma não há "fumo sem fogo" (i.e., os casos positivos observam-se em grupos onde a prevalência de surtos é maior).
Ora, apesar dos dados da DGS mostrarem uma significativa diminuição dos novos casos positivos totais desde 19 de Novembro (5.817, média móvel de 7 dias, sendo que ontem era de 3.657), na verdade os novos casos positivos na população mais idosa (mais de 70 anos) não estão a diminuir em relação a meados de Novembro, e mostram mesmo uma ligeiro aumento em relação ao início de Dezembro, quando foi imposto o recolher obrigatório nos fins-de-semana na maior parte do território. No caso da população com mais de 80 anos (alô, alô, lares), os novos casos diários têm estado em níveis bastante elevados, sempre acima dos 400.
Esta situação justifica o nível constante e elevado de mortes nas últimas semanas, e prevejo mesmo um aumento ligeiro nas próximas semanas, sendo muitíssimo provável que se venha ultrapassar a fasquia simólica dos 100 óbitos por dia ainda este ano ou nos primeiros dias de Janeiro de 2021.
E não vai ser por causa do Natal.
E convinha mesmo saber como andam os lares...
Fonte: DGS (casos por grupo etário); Worldometers (novos casos totais)
Sem comentários:
Enviar um comentário