sábado, 31 de outubro de 2020

DA CULPA DOS PORTUGUESES E DA DESCULPA DO GOVERNO PORTUGUÊS OU DA ESPANHA QUE SOUBE PREPARAR-SE E NÓS NÃO

António Costa não tem culpa de nada. O Governo muito menos. A culpa é dos portugueses que alegremente andam em festejos e a infectarem-se agora tanto que “esta subida conduzir-nos-á a uma situação insustentável do SNS”, disse-nos agora mesmo o primeiro-ministro.

Com tantos Froes e Nunes que por lá andam a cirandar nos corredores da DGD, entre os quais o Filipe e o Baltazar originais, será que ninguém avisou o Governo que seria natural um aumento de infecções causadas por um vírus que tem "comportamento" similar (e até mais "agressivo") que os vírus de outras infecções respiratórias? Ninguém esperava esta subida de casos e, obviamente, de hospitalizações?

Como se pode compreender que nos últimos meses, em que houve milhões e milhões de euros a jorrarem para testes PCR e mais ajustes directos de milhões e milhões de euros até para lojas de brindes ganharem milhões, o SNS não tenha tido capacidade para se preparar estruturas e logística para aguentar um aumento de internamentos? Ninguém se questiona onde param os hospitais de campanha e as camas e mais o reforço de pessoal que se anunciou na Primavera?

Vejam a Espanha. Veja bem, por favor, o quadro que anexo sobre a situação de Espanha que apresentava, no dia 29 de Outubro, 18.162 hospitalizaçõe, isto dá um rácio de 387 internamentos por milhão de habitantes. Nesse dia, Portugal contava 1.927 internamentos, o que significa 189 internamentos por milhão de habitantes. Ou seja, a Espanha tinha o dobro da pressão no seu serviço nacional de saúde.

E como estava então a situação nos hospitais espanhóis nas hospitalizações c*v*d e ns UCI para esses doentes nesse dia? Vejam o quadro: a percentagem de camas ocupadas era de 14,7%, com o máximo em Melilla (a sua pequena comunidade no Norte de África) de 28,5% e em Madrid estava nos 18,9%. Nas UCI estava uma ocupação nacional de 26,6%, com um máximo também em Melilla de 64,3% e em Madrid de 38,4%. Estão os espanhóis, portanto, muito longe de qualquer saturação e com grande capacidade ainda de encaixe. E a situação é duas vezes pior do que a portuguesa.

Enfim, como sempre, Costa e a sua ministra Temido andaram a confiar na Nossa Senhora como Paulo Portas, há uns anos, confiava na mãe de Cristo para um derrame de petróleo (do Prestige) não chegar às nossas costas. Portas teve sorte, porque a Nossa Senhora não faz assim milagres. Costa confiou também na Nossa Senhora ou na sorte (como aliás sempre sucede com as épocas gripais, onde os velhos morrem que nem tordos sem que ninguém ligue), e quem paga agora somos nós.

A culpa de tudo isto é dos portugueses. Nunca do Governo. E a nossa Propaganda Mediática ajudará a culpabilizar-nos. 



DO ESTADO DA NOSSA SAÚDE PÚBLICA E DOS TEMPOS QUE NOS ESPERAM

Ontem, o conhecido Hospital Amadora-Sintra, que no seu site se apresenta "uma unidade de saúde que combina a excelência dos seus profissionais com as mais modernas práticas médicas, procurando responder a uma população de mais de 600 mil habitantes nos concelhos de Amadora e Sintra", contava com 65 doentes covid (tenho de escrever assim por causa da censura do FB), dos quais nove em medicina intensiva.

O Conselho de Administração do hospital diz estar na contingência de alocar mais camas para doentes covid, o que implicará "redução da actividade programada". 

Portanto, lá vamos nós voltar ao mesmo: "chutar" utentes (mesmo se necessitarem de internamento) para morrerem prematuramente daqui a uns dias, semanas ou meses, até porque desses não há contabilização nem a imprensa se preocupa. Não é por acaso que Portugal é um dos poucos países europeus que, desde o início da pandemia, apresenta um excesso de mortalidade não-covid. Por exemplo, a França, a Bélgica e a Suécia, que registaram mair mortalidade por covid, não registam excesso nã-covid, pelo contrário, tiveram uma redução.

P.S. Uma das coisas que a pandemia veio revelar foi a "pobreza franciscana" do nosso SNS. Pesquisando a página do Hospital Amadora-Sintra fica a saber-se, por exemplo, que antes da pandemia existiam apenas quatro camas de UCI nível II (existem três níveis), sendo que uma obra urgente em curso vai conseguir, por 802 mil euros, aumentar em 15 camas esta unidade. Parece muito? Não é nada! É quase o que nos anda a custar a parafernália de testes PCR em apenas um dia.



DO RECOLHER OBRIGATÓRIO

Depois do lockdown, já criticado pela OMS, que só surtiu efeito em descambar a actividade económica, os políticos europeus lançaram-se para as máscaras na ruas (com os lindos resultados da Itália) e agora estão a criar a moda do célebre recolher obrigatório. Em Portugal estará por dias, a Propaganda Mediática (imprensa) lavra já para que o povo não só aceite como o exija.

Só consigo encontrar uma explicação para a imposição de recolher obrigatório na Europa pelos políticos: um “tique saudosista” de poder, porque se agora se vive em sistemas democráticos. Na verdade, não consigo encontrar nenhuma outra vantagem do recolher obrigatório se acrescida aos fechos da restauração e comércio em horário nocturno. 

Será para evitar que os danados dos velhos (os mais vulneráveis) andem e se juntem em aglomerados nas ruas pelas 2 da madrugada a beber copos? 

Ah! não! É para evitar que sejam os jovens a juntarem-se nas ruas a beberem copos clandestinamente, infectando-se e infectando depois os seus avozinhos. Isso!

Ah! Mas deixa cá ver o que vai suceder: os jovens vão passar a juntar-se em casa um dos outros antes do recolher obrigatório e mantém-se lá pela noite dentro, dormindo em sofás e camas improvisadas. Aumentando ainda mais o risco de infecção se comparado com um regresso às casas de cada um. Depois, durante o dia, infectarão os avozinhos...

Ah! Mas acabaremos com as festas nocturnas ilegais dos jovens. Muito bem! Criando-se “gestapos”?



sexta-feira, 30 de outubro de 2020

DOS IGNORANTES ENCARTADOS

Hugo Sequeira (vd. perfil aqui), que se apresenta aqui no FB como cirurgião plástico do Hospital de Braga, decidiu, num comentário a um meu post, passar-me um "atestado de ignorância", e de forma sarcástica, por eu ter destacado esta tarde que a taxa de ocupação de um determinado centro hospitalar (Tâmega e Sousa) estar quase sempre no limite (acima de 90%) e atingindo mesmo períodos de sobrelotação antes da pandemia.

Escreveu ele em tom gozão (vd. em baixo):  "O facto de trabalhar com uma ocupação de 90% deveria ser boa gestão. Ter um doutorado ou doutorando a questionar isso é surpreendente... a produção cirúrgica é equivalente?", acrescentando mais tarde: "Trabalhar com ocupação acima de 90% no verão só teria implicações no Inverno se fossem ocupações prolongadas... que por norma não são! E o Sr. Professor devia saber isso. Estamos de acordo que o problema é o desinvestimento de anos no SNS (que obviamente lhe tira flexibilidade) e o desnorte, comprovado pelo verão que passou sem que qualquer estratégia tivesse sido delineada (por exemplo esses hospitais de campanha)."

Sendo que eu não sou Professor, nem médico nem epidemiologista nem virologista (e são estas as recorrentes  acusações que me fazem nos últimos tempos, como se apenas esses profissionais tivessem neurónios), e sendo o Doutor Hugo Sequeira um médico encartado, sei bem como o argumento do título académico ainda conta muito em Portugal. Como se um disparate dito por um suposto especialista deixasse de ser um disparate por ser dito por um suposto especialista; e como se uma análise rigorosa e correcta de um suposto não-especialista fosse um disparate apenas porque ele não é supostamente um especialista.

Venho, portanto, colocar o Doutor Hugo Sequeira no devido pedestal de especialista encartado apenas com um objectivo: chamar-lhe ignorante encartado, expondo-o aqui como o paradigma da arrogância, que, conhecendo apenas o seu umbigo, não se esforça para estudar a "real" realidade, zurzindo lesto em todos os que ele julga lhe são inferiores na sapiência, apenas pela "falha" crucial de não serem médicos.

Com efeito, conforme podem observar no gráfico que aqui coloco, com dados do SNS (vd. link em baixo), exemplificando com 2019 para o hospital em questão, o número total de dias de internamento na especialidade médica e na especialidade cirúrgica são superiores nos meses de Outono-Inverno (Dez-Mar) do que nos meses de Verão (Jun-Set).

Para que não me viesem dizer que isto é um caso especial, fiz também as contas a nível nacional. Somando internamentos das duas especialidades, o mês com mais dias de internamento em 2019 foi Janeiro (540.105 horas) e o mês com menos foi Agosto (486.581 horas), ou seja, ou seja, menos 10% neste mês de Verão em relação ao mês de Inverno. Que quiser que vá fazer mais anos para confirmar uma situação óbvia para quem conhece minimamente a realidade da Saúde Pública em Portugal. Significa isto que se estiver a trabalhar no Verão acima de 90% de taxa de ocupação em internamento quase de certeza terei esgotamento no Inverno e sem capacidade de suportar picos. Isto é elementar.

Espero, enfim,  sinceramente, que o Doutor Hugo Sequeira seja melhor a fazer cirurgias plásticas... 

Fonte: Actividade de internamento hospitalar (SNS, vd. aqui).





DAS PANTANAS EM DOSE DUPLA

1 - Em 12 de Janeiro de 2018, o Público dava voz a um incrédulo médico: "Porque que é que o SNS está de pantanas se a gripe ainda é ligeira?" Esse médico é o nosso conhecido Filipe Froes... Será que a jornalista do Público, Alexandra Campos, lhe podia perguntar agora se o SNS não está, neste momento, de pantanas?

2 - Por falar no Público: hoje faz uma reportagem sobre os internamentos nos hospitais,destacando o Centro Hospitalar de Tâmega e Sousa que "está a transbordar pelas costuras, o que o obriga a transferir muitos doentes para outras unidades." Coisa nunca vista, não é? Claro que não! Está quase sempre a abarrotar, essa é que é essa! Basta ver o gráfico com a evolução dos internamentos, segundo dados do SNS. Este ano rebentou pelas "costuras" (mais de 100%) em Janeiro, Fevereiro e Março (grande parte do período pré-pandemia), e desde Julho de 2016 até Junho de 2020 esteve sempre acima de 90% da capacidade de internamento (actualmente 464 camas). Por ironia, o mês de menor ocupação desde o ano de 2016 foi exactamente Setembro de 2020. O mês passado, com uma taxa de 87,9%.

Fonte: Taxa de Ocupação Hospitalar (SNS, vd. aqui).






DO BANQUETE

Desde que "isto" começou, e tenho questionado a "nararativa" oficial, muitos amigos, alguns de verdade, foram-se afastando, entre críticas e silêncios. Tenho agora estado a lembrar-me de imensos amigos da área da Cultura, cultíssimos e mui democratas, que nem um 'ai' nem um 'clic' me disseram quando o "democrata" FB me censurou um post, mesmo se eu usava dados oficiais e colocava os links das fontes. Silenciar aqueles de quem se discorda não parece afinal mal de todo, pensarão eles. 

Sobretudo para eles (e estou a lembrar-me de uma boa lista), dedico-lhes uma passagem do meu romance "A Mão Esquerda de Deus", que me parece bastante apropriada para os tempos que correm. Aliás, não me parece só apropriado; encaixa na perfeição. Foi escrito em 2009:

"O famoso Erasmo de Roterdão, morto há quatro anos, deixou-nos muitos escritos cheios de boas verdades, embora a Igreja, lesta, se tenha já aprontado a considerá-los heréticos. Explicou ele, com refinada ironia, ser imprudente o homem que não se acomoda às coisas presentes, que não obedece aos costumes, que esquece aquela lei dos banquetes: 'Bebe ou retira-te'. E que, ao invés, será prudente todo aquele que, não querendo saber mais que os outros, convive e erra de boa vontade com e como a universalidade dos homens. Ou seja, aplicado ao meu caso, se contestasse as doutrinas dos sacerdotes - retirando-me apenas do banquete -, a minha postura seria considerada ofensiva, uma falsa crença, fruto de uma vontade perversa. E, se argumentasse com a justeza da minha opinião, se insistisse na bondade daquilo que defendia, receberia a malquerença, o desprezo, a repulsa, a perseguição e, porventura, a própria morte".



DA LEMBRANÇA

Queria só recordar, sobretudo aos mais esquecidos e aos panikistas, que continuam a existir duas pandemias em Portugal: uma (a reconhecida) matou este mês 451 pessoas até ao dia 28; a outra (a ignorada) já matou 791 pessoas.

Desde 15 de Março, a pandemia "de todas as atenções" matou 2.428 pessoas; a pandemia da "falta de cuidados do SNS" matou 7.525 pessoas. Ou seja, por cada óbito da "tal doença" (que não posso já nomear porque o FB me ameaça suspender a conta), registaram-se três óbitos em excesso por outras afecções.

Era mesmo só isto. Para relembrar. E lembrar sobretudo que, contrariamente a Portugal, muitíssimos países não deixaram os seus sistemas nacionais de saúde colapsarem, e não tiveram excesso de mortes não-c*vid (a tal segunda pandemia). Estou a lembrar-me, por exemplo, até da Bélgica, da Suécia, da França e da Suíça, que até foram mais fustigados pela pandemia "do ai jesus que o mundo vai acabar" do que Portugal.

Fonte: SICO-eVM; DGS. 



quinta-feira, 29 de outubro de 2020

DO ENTRETENIMENTO COM OS CEMITÉRIOS ENQUANTO NINGUÉM SABE O QUE SE PASSA NOS LARES

Continuem a achar que tudo se resolve com máscaras na rua e recolher obrigatório... Não se preocupem em saber o que verdeiramente se tem estado a passar nos lares nas últimas semanas... onde vivem cerca de 100 mil idosos, quase todos bastante vulneráveis. E onde é preciso uma gestão profissional, e não uma gestão de "tapa.-buracos" cheia de voluntarismo mas ineficaz.

Pelo indicadores de crescimento dos casos nos maiores de 80 anos nos últimos dias, os utentes dos lares - esses, que nem sequer saem à rua e estão assim sujeitos a recolher obrigatório - vão ser as principais vítimas nas próximas semanas.

Pelas minhas estimativas, em função da incidência e das taxas de letalidade, vamos ter ao longo da primeira quinzena de Novembro (e independemente do que se fizer nos próximos dias... há um fenómeno de inércia subjacente), mortalidade diária por covid será, numa projecção mais favorável de 32, podendo chegar aos 47. Destes, cerca de dois terços serão pessoas de 80 anos.

São valores elevados? Sim, sobretudo para o grupo mais idoso (maiores de 80 anos), mas deveríamos saber duas coisas fundamentais: a mortalidade em período homólogo com as infecções respiratórias (e saber as mortalidades deste ano), e SOBRETUDO saber quantos dos idosos falecidos viviam em lares e quantos dos idosos falecidos não moravam em lares. Não saber isto é eviesar por completo a correcta avaliação da gestão de uma pandemia.

Nota: Estimativas próprias através da incidência por grupo etário (casos positivos entre 4 e 27 de Outubro) e das taxas de letalidade ao longo do tempo por grupo etário.



DO DESCONTROLO, CLARO... DOS LARES, MUITO PROVAVELMENTE

Nos últimos tempos tenho sido bastante atacado (já para não falar da censura do FB), por vezes ataques de carácter e de rigor científico, mas, enfim, isto é mais forte do que eu. E, portanto, mais uma análise, mais um alerta. Chamo a atenção que, no futuro, passarei a escrever a doença como DIVOC e o agente como SRAS-VoC-2 para tentar contornar a censura que o FB anda a colocar aos posts sobre estas matérias.

Face à falta crónica de transparência da DGS (que impede que se tenha facilmente acesso aos casos positivos por idade, bem como os dados da mortalidade, pois os seus boletins "apagaram essa informação... tem de se recorrer aos jornais), nem semnpre é fácil fazer o acompanhamento da evolução. Contudo, fiz agora, recorrendo a informação dos jornais e aos dados da população do INE, uma comparação da incidência diária da DIVOC (casos positivos) por grupo etário (em função da população) em dois períodos distintos; 5-22 de Outubro (18 dias) e 23-27 de Outubro (5 dias).

Além do já conhecido aumento de casos positivos, aquilo que ressalta à vista é o aumento generalizado  da incidência em todas as faixas etárias, mas sobretudo com especial gravidade nos maiores de 80 anos, o grupo mais vulnerável e que integra grande parte dos utentes dos lares.

Com efeito, a incidência diária de casos positivos nos maiores de 80 anos passou de 17 por 100.00 pessoas desse grupo no primeiro período (5-22 out) para 31 no segundo período (23-27out). É um aumento de 80% na incidência no grupo que mais contribui para as mortes por covid (duas em cada três mortes por DIVOC são de maiores de 80 anos). De imediato isso justfica o aumento da mortalidade nos últimos dias e que se agravará nas próximas semanas...

O aumento da incidência é generalizado, como podem observar no gráfico, mas maior na população activa (20-59 anos), diminuindo com a idade. Os valores nos grupos dos 60-79 anos são já muito mais baixos do que nos grupos da população em idade activa mais jovem, mas depois sobe bastante no grupo dos maiores de 80, a faixa etária onde se encontram muitos dos 100 mil utentes dos lares. 

Ora, era suposto os mais  idosos estarem com os mais baixos níveis de incidência se, por exemplo, nos lares as medidas profilácticas estivessem a ser adequada e eficazmente aplicadas. E isto indicia que não estão. Mas sobre os lares portugueses pouco se sabe (excepto, sem se ter acesso a qualquer base de dados que são responsáveis por 40% das mortes por DICOV em Portugal). Continuamos no absurdo de ser mais fácil saber nos lares no Reino Unido, por exemplo, do que em Portugal). E a imprensa não achar nada estranho.

Tenho defendido, desde Março, que a luta contra a DIVOC é sobretudo uma luta ao nível da protecção dos grupos vulneráveis em lares. Não vale a pena confinar 100% da população, fazer lockdowns e recolher obrigatório, meter máscaras na rua e em todo o lado, se depois, nos lares, a DIVOC se espraiar tão ou mais facilmente como na população cá fora.

Tenho defendido, com evidências (e não sou só eu, claro), que o problema da DIVOC não é uma questão de número de casos, mas sim de quantidade de casos na população idosa, e isso consegue-se com especiais cuidados (e sem desleixos) sobretudo nos lares.

Para terem ideia daquilo que digo, façamos um exercício simples, extrapolando as taxas de letalidade distintas entre grupos etários. Se porventura tivessemos 400 mil casos positivos (um absurdo, claro!) na nossa população com menos de 40 anos haveria talvez no máximo 60 óbitos; se tivermos esses 400 mil casos na nossa população de mais de 80 anos as mortes talvez se aproximassem das 60 mil. Vejam isto, obviamente, apenas como mero exercício de comparação para destacar as diferenças brutais em termos de letalidade nos grupos etários. 

Resumindo e concluindo: mais do que andar com medidas e medidinhas sem nexo, convinha saber ao certo aquilo que o Governo anda a fazer (ou deixar de fazer) nos lares. Foi sempre aí que se jogou a questão fulcral da DIVOC.



quarta-feira, 28 de outubro de 2020

DAS MÁSCARAS NA RUA OU DO PÂNICO POLÍTICO QUE O POVO PAGA CARO

O Governo italiano entrou em pânico no início de Outubro, quando a incidência de novos casos positivos por dia naquele país era inferior a 50 por milhão de habitantes (média móvel de 7 dias). Os valores estavam mais baixos do que, por exemplo, na Suécia, que então rondava os 60, e muito abaixo dos de Portugal (então próximos dos 80).

Decidiu assim o Governo italiano, ainda no dia 3 de Outubro, impor o uso de máscaras nas ruas de Roma; três dias mais tarde em todo o país. 

Os resultados foram catastróficos, mesmo descontando ser expectável, pelo perfil de sazonalidade do SARS-CoV-2 (similar aos vírus e bactérias que causam infecções respiratórias), um incremento de casos no decurso do Outono (e continuará a aumentar no Inverno).

Com efeito, se olharem para a evolução dos novos casos positivos na Suécia - que não usa nem nunca usou as máscaras como estratégia anti-covid em nenhuma circunstância -, observa-se um incremento desde Setembro, que acelerou em Outubro. Mas não é uma situação surpreendente, antes sim expectável, e que apenas deve merecer atitudes racionais e manter um sistema de saúde a jusante que faça uma gestão adequada dos casos mais graves do ponto de vista clínico. Sem histerias, sem dramas, sem chinfrim, sem pânico.

O crescimento de casos na Suécia (sem máscaras, repita-se) não aparenta descontrolo. A actual incidência neste país nórdico (143 novos casos diários por milhão de pessoas) é, actualmente, metade da Itália (308 casos por milhão). Repita-se: a Suécia teve isto sem máscaras; Itália teve um crescimento na incidência por milhão de habitantes de quase quatro vezes depois de obrigar os seus cidadãos a usar máscaras "até ao tutano". 

Aliás, notem bem o gráfico. Esta clara divergência observou-se "apenas" quando a Itália impõs máscaras na rua.  Antes isso, ao longo de todo o mês de Setembro, Itália e Suécia tinham incidências similares. E notem também que a curva de crescimento da Itália, que é assustadora, não dando ideia de estar para achatar.

Mesmo assim, mais preocupante parece-me ser o futuro em Portugal. Se o efeito contraproducente das máscaras nas rua em Itália - que me parece evidente - se repetir em Portugal, os próximos tempos não vão ser nada agradáveis, Com efeito, a incidência de novos casos em Portugal, que já era relativamente elevada em Setembro, está actualmente a níveis próximos dos de Itália. Bem sei que uma grande parte dos casos positivos são falsos positivos, mas não me surpreenderia que a situação se descontrolasse ainda mais por causa do suposto "remédio", leia-se, imposição de máscaras nas rua. 

E, neste caso, se as máscaras na rua forem indutoras de um aumento das infecções, vamos dar-nos muito mal. Porque, nesse caso, são infecções reais que, se atingirem grupos vulneráveis, causará um aumento significativo de mortes. E a culpa não será do SARS-CoV-2, mas sim da estratégia política.  

Fonte: Worldometers.



DA FARSA DE UMA "ESPÉCIE DE PNEUMONIA" CHAMADA COVID

Segundo dados da Plataforma da Mortalidade, as infecções respiratórias (código J200-J22 do CDI-10 da OMS) foram responsáveis, entre Março e Outubro, por 3.433 mortes de pessoas com mais de 70 anos no período 2014-2018. E sem grandes variações interanuais.

A covid-19 matou em período (quase) homólogo, entre 1 de Março e 26 de Outubro deste ano, 2.031 pessoas com mais de 70 anos. 

Entretanto, os episódios das infecções respiratórias regrediram este ano, entre Março e Outubro, cerca de 60%, totalizando até 28 de Outubro apenas 91.099 casos (dados do SNS). A média em período homólogo de 2017-2019 (anos disponíveis pelo SNS) é de 228.212 casos. Será, por isso, de admitir que em 2020 a mortalidade nos maiores de 70 anos por infecções respiratórios entre Março e Outubro tenham sido apenas 40% do habitual, ou seja, 1.373 óbitos.

Significa isto que se somarmos covid (2.031 nesta faixa etária) e infecções respiratórias (1.373, estimativas para 2020), temos 3.404 mortes entre Março e outubro. Ou seja, um valor "normal", e bem abaixo de 2016.

Porém, enquanto isso (escolham a ordem):

1 - o excesso de mortalidade não-covid é avassalador este ano, sobretudo nos idosos; 

2- nos últimos tempos, o Estado tem alegremente gastado quase 20 milhões de euros por mês em testes PCR (os tais que são bullshit, CR7 dixit) para apanhar sobretudo falsos positivos, dos 98% que nem sequer têm sintomas ligeiros de uma gripe comum, e e alimentar o pânico;

3 - temos o SNS de pantanas;

4 - meteram-nos trapos à força mesmo na rua;

5 - a Economia ficou um desastre;

6 - o desemprego alastra.

7 - os nossos movimentos confinam no concelho em que o Governo nos "autoriza" a (sobre)viver;

8 - e, cereja em cima do bolo, preparam-se para nos meter um recolher obrigatório;

Toda a gente com meia dúzia de neurónios activos tem de deixar de pactuar com esta farsa. Esta farsa tem de acabar!

Fonte: Portal da Mortalidade em Portugal (SNS, disponível aqui); Monitorização da Gripe e Outras Infecções Respiratórias (SNS, vd. aqui). Dados da mortalidade por grupo etário nos jornais, porque a DGS "apagou" esssa informação dos seus boletins.



terça-feira, 27 de outubro de 2020

DO SARS-COV-2, ESSE COMILÃO DE VÍRUS E BACTÉRIAS

Já aqui tenho referido a brutal diminuição da ordem dos 60% das infecções respiratórias desde que a pandemia da covid surgiu em Portugal no mês de Março, que pode ter explicação nas medidas de distanciamento social.

Porém, em Outubro está a surgir outro "fenómeno", este sim bastante estranho: à medida que este mês outonal avança, os casios positivos de covid estão a aumentar consideravelmente (mais testes, mais testes, mais testes, mais falsos positivos), mas estranhamente, ao arrepio da habitual tendência de agravamento neste período do ano, as gripes e as infecções respiratórias registadas pelo SNS estão a descer abruptamente.

Reparem no gráfico: na primeira semana de Outubro, registaram-se uma média diária de 521 episódios de infecções respiratórias e 877 casos positivos. Nos dias e semanas seguintes vê-se um crescimento da covid mas uma redução da actividade dos outros vírus e também bactérias que causas infecções como pneumonias, bronquites e gripes. Resultado: em comparação com a primeira semana, no período de 22-26 de Outubro observa-se um crescimento de 240% das infecções diárias por SARS-CoV-2, enquanto que para as outras infecções observa-se uma redução de quase de 40%.

Explicação absurda para o Polígrafo da SIC desmentir: o SARS-CoV-2, antes de infectar pessoas, anda a comer ao pequeno-almoço os vírus da gripe, ao almoço papa Streptococcus pneumoniae, lancha pela tardinha uma dose de adenovírus, deglute ao jantar uma dose de Kiebsiella pneumoniae temperado de pseudomonas, e termina com uma ceia leve de Mycoplasma pneumoniae. E é por isso que, cheio de força, tem atacado tanta gente, enquanto os outros vírus e as bactérias, coitados, destroçados por estes ataques, acabaram infectando muito menos gente do que seria expectável ao longo das últimas semanas.

Explicação sensata: isto é tudo uma grande aldrabice mal contada.

Fonte: Boletins diários da covid (DGS); Montorização da gripe e outras infecções respiratórias (SNS), disponível aqui.



DAS CULPAS DO MORDOMO, DE SEU NOME SARS-COV-2

Em Março, no início da pandemia - e escrevi sobre isso -, não tenho dúvidas sobre as mortes por covid se terem iniciado ainda na primeira quinzena, por via do aumento anormal da mortalidade total antes do anúncio oficial da primeira morte.

Depois dessa primeira fase, e sobretudo com o recurso massivo aos testes PCR, sucedeu o oposto. Quem morresse com um teste positivo, a menos que tivesse sido trucidado por um comboio, certo e garantido que ficava catalogado como "morto covid".

Não sendo médico, estas certezas absolutas no número de mortes por covid causam-me bastante espanto e estranheza, sobretudo porque os contextos desses desfechos fatais não são "cristalinos, em especial em idosos. Os seus quadros clínicos nem sempre são claros e, como se destaca nas estatísticas mais detalhadas do CDC norte.-americano, à covid associa-se, muitas vezes, outras doenças, com as pneumonias à cabeça.

E escrevo aqui pneumonias, mas deveria acrescentar bronquites, gripes (que directamente matam pouco) e outras infecções respiratórias, que no conjunto "ceifam" que se fartam.

Porém, aquilo que me causa mais espanto, como escrevia, é a certeza absoluta da DGS (e de outras congéneres estrangeiras) na catalogação dos óbitos covid, ou seja, na identificação do SARS-CoV-2 como agente causador do óbito. Isto porque, na verdade, no caso das pneumonias e afins não se em conseguidos, nos cerificados de óbitos, tantas certezas. 

Com efeito, analiando a Plataforma da Mortalidade, para os anos de 2014 a 2018, observa-se que, usando a classificação internacional da OMS (CID-19, abrangendo, para esta análise os códigos J100 a J22), pode ser declarado como agentes da morte por infecções respiratórias uma longa lista de vírus e bactérias, a saber: diversos vírus da gripe, adenovírus, vírus sincicial respiratório, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenza, pseudomonas, estafilococos, estreptococos, Mycoplasma pneumoniae e até a babal Escherichia coli.

Pergunta de um milhão: mas consegue-se, em todos os casos, saber quais destas "bichezas" foi a culpada em cada caso? Resposta: nem pensar. Em 2014 apenas se identificou o agente em 3,5% dos casos de infecções respiratórias; em 2015 foi apenas 4,1%; em 2016 de 5,0%, em 2017 de 4,5%; e em 2018 chegou-se aos 6,3%. No resto (ou seja, em cerca de 95% dos casos), o agente infeccioso não foi identificado. Ou seja, a culpa morreu solteira.

Contudo, na actual pandemia, tem-se sempre a certeza absoluta, absolutérrima, que, se há teste positivo PCR, está garantido que o SARS-CoV-2 arcará sempre com as culpas se houver óbito... mesmo se outras "bichezas" se aproveitem para dar a facada final. O SARS-CoV-2 é, na verdade, um mordomo de um policial de série B.

Fonte: Plataforma da Mortalidade em Portugal (DGS), consultável aqui



segunda-feira, 26 de outubro de 2020

DO BRINCAR COM A NOSSA SAÚDE OU DA GRANDE MERDA DAS MÁSCARAS NAS RUAS DE ITÁLIA

Não existe nenhuma evidência científica de as máscaras na via pública contribuirem para uma redução efectiva das infecções. 

Mas os Froes desta vida, aproveitadores-mores da pandemia, acham agora que devemos ter trapos na boca durante todo o dia; os Costas desta vida, que querem mostrar serviço, querem-nos com trapos na boca todo o dia; e mais ainda os Sousas desta vida, que saudosos das selfies e nos querem pôr hipocodríacos, querem-nos com trapos na boca todo o dia. A imprensa, entretanto, está agora em outra cruzada; além das máscaras, "descobriram" que há um risco elevado de infecção se falarmos alto. Mesmo com máscara. Calemo-nos todos, não é? 

Entretanto, vejam a grande merda - desculpem não tenho outras palavras - que resultou da imposição das máscaras nas rua de Itália. Quando a decisão foi tomada existiam 2.677 novos casos positvos. Passados 18 dias subiu para 21.273 novos casos positivos (contabilizados no período de 24 horas). Uma subida de 735%... quando era suposto contribuir para uma descida de casos. 

Entretanto, a Suécia, onde não se usa máscara em nenhuma situação, teve uma subida de apenas 28% de novos casos entre 6 e 25 de Outubro, acompanhando uma tendência habitual em infecções respiratórias ao longo do Outono. Repito: não se usa máscaras nem nos transportes públicos. 

Andam a brincar com a nossa saúde e as nossas vidas. Bandalheira causada por bandalhos!



DO AVISO

Agradeço aos meus poucos amigos e amigas que se afastem de mim durante os próximos 70 dias, se me virem na rua. Vou fazer todos os esforços para garantir o distanciamento social enquanto andar nas ruas, de modo a não ter de meter trapo na cara em pleno ar livre. Prefiro não falar convosco ao vivo do que colaborar numa fantochada sem nexo e que, como se tem visto noutros países, até contribui para o aumento de casos positivos (vd. Itália). Sobre máscaras em zonas fechadas e com ajuntamentos (e.g., transportes públicos) vou continuar a cumprir.



DO "MILAGRE PORTUGUÊS" QUE NOS COLOCA NO GRUPO DOS PIORES OU DO "NEM SÓ DE COVID SE AVALIA UM SISTEMA

Nos últimos dias fiz uma análise cruzada de dois indicadores simples (keep simple) que revelam, por um lado, o impacte da covid e, por outro, como esse impacte se reflectiu no Sistema de Saúde dos países, sendo que o output é a variação da mortalidade total. Estão incluídos na análise 21 países da OCDE, tendo sido incluídos aqueles que tinham dados até Setembro de 2020, bem como as médias dos anos anteriores em período homólogo  (vd. metodologia em baixo).

Simplificando a análise, encontramos cinco grupos:

Grupo 1 - Situação má - inclui países com mortalidade por covid num nível médio a elevado e simultamente indícios de colapso do seu sistema de saúde (ou seja, agravamento da mortalidade total superior ao peso da covid)

* Chile

* Espanha

* Estados Unidos

* Reino Unido

* Holanda

* PORTUGAL   

* Israel


Grupo 2 - Situação sofrível - inclui países com mortalidade por covid num nível bastante elevado mas com bons indícios de ausência de colapso do seu sistema de saúde (ou seja, agravamento da mortalidade total inferior ao pesod da covid)

* Bélgica

* Suécia

* França


Grupo 3 - Situação razoável - inclui países com mortalidade por covid baixa (menos de 2% da mortalidade total) mas com ligeiro agravamento da mortalidade não-covid, embora em níveis baixos.

* Polónia

* Áustria

* Finlãndia

* Islândia


Grupo 4 - Situação boa - inclui países com mortalidade por covid superior á média mas com muito baixo agravamento da mortalidade total, reveladora de um bom funcionamento do seu sistema de saúde pública para afecções não-covid.

* Suíça

Grupo 5 - Situação excelente - inclui países com muito baixa mortaldide por covid (geralmente inferior a 2% do total) e com um muito ligeiro aumento da mortalidade total (menos de 1% em relação à média) ou mesmo uma redução, revelador de um sexcelente sistema de saúde pública.

* Alemanha 

* Estónia

* Dinamarca

* Noruega

* Nova Zelândia

* Bulgária

* Lituânia

* Hungria

* Letónia


Fonte: Our World in Data  (https://ourworldindata.org/excess-mortality-covid) e Worldometers, com tratamento de dados, segundo a seguinte metodologia: 1) cálculo da mortalidade total em 2020 até 20 de Setembro [excepto Hungria, França e EUA (até 6 de Setembro) e Nova Zelândia, Alemanha e Suíça); 2) cálculo da mortalidade por covid até até  respectiva data de referência, permitindo assim saber o peso da covid na mortalidade total; 3) cálculo da média dos cinco anos anteriores até à data de referência, permitindo assim saber a variação da mortalidade total em 2020 em relação à média.





DAS ONDAS QUE NÃO SE VÊEM

O Dicionário Houaiss refere que ONDA, por metáfora ou extensão de sentido, é uma força impetuosa; agitação, movimento intenso; ímpeto, torrente, tumulto; movimento sinuoso, ondulatório; ondulação, sinuosidade.

Sobre a omnipresente covid, a nossa imprensa - e julgo que quase toda a nível internacional, sobretudo nos países em histerismo colectivo - insiste em torná-la omnipotente e garante estar aí a SEGUNDA ONDA, que pode mesmo ser um TSUNAMI.

Predispus-me a calcular rapidamente as médias diárias de óbitos, por quinzena, e desde Março, para todo o Mundo, de modo a saber se o "bicho" mostra maior "ferocidade" ao longo dos meses, e que nos faça temer por um recrudescimento da gravidade da situação.

Efectivamente, e como se sabe, houve uma subida abrupta a partir de Março e até à primeira quinzena de Abril (6.679 óbitos por dia), seguindo-se uma descida de 36% até à segunda quinzena de Maio (4.236 óbitos), e depois uma subida até Julho para patamares entre 5,000 e 5.850 óbitos por dia, com pequenas flutuações sazonais (Verão-Inverno em função dos hemisférios). Ou seja, desde Julho, a agressividade da covid está estável: mata por dia 5.427 pessoas. Em média, por dia, morrem em todo o Mundo quase 162 mil pessoas.

Não há, assim, e pela evolução recente, qualquer sinal que indicie estar aí uma "segunda onda" pior do que a da Primavera, embora até julgue que possa surgir um aumento de mortes durante o Inverno por covid, sobretudo se a a incidência da pneumonia continuar em níveis muito baixos.

E muito menos me parece que venha aí qualquer crise apocalíptica para a Humanidade por causa da covid, sobretudo tendo em conta a estabilidade nos óbitos nos Estados Unidos e a tendência decrescente na Índia e Brasil. Estes três país contribuíram, até agora, com 44% do total de mortes por covid (e eles são 25% da população mundial).

Mesmo na Europa, apesar da subida nos óbitos neste mês de Outubro, não se observa evoluções similares às ocorridas em Março. Por exemplo, na Espanha a mortalidade mantém-se desde a segunda quinzena de Setembro em níveis estáveis, se se considerar a média de 7 dias. Na Itália, é certo que se passou de níveis em torno de 20 óbitos por dia no início de Outubro (dia 1) para 113 no dia 24. Mas notem que, em Março, foram precisos apenas seis dias para se passar dos 20 para mais de 100 óbitos, e ao fim de 17 dias ultrapassaram-se os 500 óbitos. Bélgica e Reino Unidos, fustigados na Primavera, estão com uma tendência de subida da mortalidade mas com um perfil de crescimento suave, e justificável numa doença que apresenta um claro "comportamento" sazonal. Alguns paíes de Leste (e.g. Hungria e Repúlica Checa) apresentam agora valores de mortalidade mais elevada mas deve-se, em grande parte, à baixa incidência na Primavera (e outros factores relacionados com o lockdown).

Pode existir um volte-face e vir mesmo aí o fim do Mundo? Poder, pode sempre. Mas se calhar tem que ser com outro vírus que não o SARS-CoV-2. O histórico da covid (e já existe histórico) não indicia que venha a provocar uma hecatombe mundial nem que haja uma segunda onda ou um tsunami. É efectivamente uma doença preocupante, sobretudo para idades mais avançadas (e certos grupos de risco), como infelizmente sucede com muitas outras (e.g., pneumonias). Mas deve ser tratada com racionalidade.

E eu, pessoalmente, temo mais a irracionalidade do que a covid, temos mais a irracionalidade que vê a covid como se fosse a única doença mundial a causar mortes, levando ao histerimo colectivo que, sim, neste caso, deixa morrer sem glória muita gente por colapso dos serviços de saúde, afectando irremediavelmente a vida em sociedade e desgraçando a Economia.

Ah, falo da Economia, não é? Pois bem, de onde acham que aparece o dinheiro dos Orçamentos da Saúe? Ah, e já agora, convém pagar contas para nos alimentarmos e, já agora, para podermos viver. Ah, e lembrem-se, antes disto, havia um Planeta a salvar por causa das alterações climáticas. Lembram-se?



domingo, 25 de outubro de 2020

DO SABER COMO OS PAÍSES SE "SAFARAM"

Vou, por agora, apresentar-vos dois gráficos para que, mais tarde, talvez amanhã, vos mostrar uma breve conclusão sobre como diversos países de um conjunto de países da OCDE (incluindo Portugal) se comportaram durante a pandemia, não apenas no que diz respeito à mortalidade por covid mas sobretudo nos cuidados assistenciais para as outras afecções. 

Como tenho dito, não vale a pena um país ter um desempenho razoável no combate a uma pandemia quando, em simultâneo, o respectivo serviço nacional de saúde descura tudo o resto. Portugal é um caso paradigmático, como tenho repetido, e esta análise apenas evidencia com factos. E com comparações. Não somos os piores, mas estamos muito longe do "milagre lusitano"; pelo contrário, os indicadores são preocupantes.

Os gráficos que em baixo surgem são os seguintes:

2) Variação (%) da mortalidade total em 2020 (até meados de Setembro) em função da média dos últimos cinco anos. (verde significa que houve redução; vermelho que houve excesso; Portugal está a amarelo)

1) Contributo (%) da covid para a mortalidade total em cada pais ao longo de 2020 (até Serembro, vd, nota final) 

Estes gráficos mostram duas distintas mas complementares perspectivas. Por um lado  revela-se que o impacte da covid (até Setembro) foi muito distinto regionalmente, mesmo na Europa. Por exemplo, enquanto na Bélgica por cada 100 óbitos por todas as afecções, 11 foram por covid, em Portugal foram apenasd 2 e em diversos países do Leste e nórdicos foi inferior a 1. Aliás, a maior incidência e mortalidade por covid no mês de Outubro em alguns países de Leste (e.g. Hungria) não surpreende demasiado. Portugal, neste aspecto, está numa posição bastante razoável, com o peso da mortalidade por covid muito mais baixo do qu Chile, Bélgica, Estados Unidos, Suécia, Espanha, França e mesmo Holanda e Suíça.

Por outro lado, revela-se que a covid levou a estratégias em termos de políticas públicas de saúde (e de Saúde Pública) que tiveram muito distintos efeitos. Com efeito, há um grupo de países que registou mesmo uma redução na mortalidade em relação à média; outros em que a covid teve um impacte mínimo; outros ainda que tiveram um agravamento na mortalidade total que não é explicada apenas pela covid (e.g., Portugal, que tem um excesso de mortalidade de 7,5% quando a covid representou 2,2% da mortalidade total); e outros ainda que, apesar de uma mortalidade elevada por covid, a mortalidade total teve uma variação inferior (revelador de os serviços de saúde terem conseguido dar resposta às outras afecções). Portugal, neste aspecto, não tem ums situação famosa: dos países em análise é o sétimo com maior acréscimo, com a agravante de a variação da mortalidade total ser superior ao peso da covid na mortalidade total. 

Mas uma análise cruzada (com um gráfico que cruza este dois), com maior detalhe, será apresentada mais tarde. E com conclusões para debate.

Fonte: Our World in Data (vd. aqui) e Worldometers, com tratamento de dados, segundo a seguinte metodologia: 1) cálculo da mortalidade total em 2020 até 20 de Setembro [excepto Hungria, França e EUA (até 6 de Setembro) e Nova Zelândia, Alemanha e Suíça); 2) cálculo da mortalidade por covid até até á respectiva data de referência, permitindo assim saber o peso da covid na mortalidade total; 3) cálculo da média dos cinco anos anteriores até à data de referência, permitindo assim saber a variação da mortalidade total em 2020 em relação à média.




sábado, 24 de outubro de 2020

DA COVID QUE MATA MAIS PORQUE A PNEUMONIA ESTÁ A MATAR MENOS

Bem sei que isto vai ser lido por umas poucas centenas de pessoas.. Infelizmente, na ausência de debate racional, não há forma de colocar alguma racionalidade na pandemia da covid, e analisar a globalidade dos problemas de Saúde Pública.

Continuo, talvez infelizmente, nesta minha cruzada quase quixotesca, e elaborei, desta vez, com base em dados exclusivamente oficiais (como habitual) mais dois gráficos:

1º Gráfico - Entre 2017 e 2020, no período entre Março e Outubro (até ao dia 22 para o ano corrente), apresentam-se os episódios (casos positivos) acumulados de gripes, outras infecções respiratórias e covid (obviamente só para 2020).

Um aspecto interessante é a fortíssima redução de episódios de gripe (que continuam a existir, embora em menor número, na Primavera e Verão) e sobretudo de outras infecções respiratórias (com pneumonias à cabeça). A descida destas infecções respiratórias anda na ordem dos 60%. Em relação ao ano passado, em período homólogo, a queda é de 65%. Se se somar os casos positivos de covid (112.440 até 22 de Outubro), as infecções respiratórias estão com valores abaixo da média de anos anteriores, Se considerarmos que uma parte substancial são falsos positivos ou infectados assintomáticos (ao contrário do que sucede nos episódios de gripe e infecções respiratórias reportados), não direi que o ano de 2020 seja uma "coisa" de pânico.

2º Gráfico - Apresentam-se os óbitos por infecções respiratórias e covid entre Março e Outubro para os anos de 2017 a 2020 entre Março e Outubro.

Este gráfico ainda é mais interessante, mas proscrito para qualquer debate. Basicamente, compara a mortalidade por pneumonias, bronquites e infecções afins (de acordo com a classificação da OMS de causa de morte, indo do código J100 a J22) nos anos de 2017, 2018, 2019 e 2020 (entre Março e Outubro) e acrescenta os óbitos de covid a este último ano. Os dados de 2017 e 2018 são reais (SNS) e os de 2019 e 2020 para as infecções respiratórias são estimativas em função das taxas de letalidade apuradas para 2017 e 2018. Basicamente, para calcular os óbitos de 2019 e 2020,  multiplicou-se a taxa de letalidade média daqueles dois anos (1,65%) pelo número de infecções respiratórias no períodos reportados pelo SNS.

Tópico principal para um debate sério: a mortalidade causada pela pandemia da covid é tão grave (ou não) que "apenas" consegue matar uma quantidade mais ou menos equivalente às vidas poupadas pela abrupta diminuição das pneumonias e afins. Ou seja, quase se pode dizer que aquilo que a pneumonia não matou, matou a covid. Isto, obviamente, não é uma relação directa (seria estúpido concluir isso). Aquilo que aqui se mostra é que a covid não é nenhum "papão" (comparando-o com as pneumonias e afins) nem está a causar qualquer hecatombe de mortes do foro respiratório. Mostra mais ser aquilo que já deveríamos saber: é uma doença oportunista. 

Nota: Este e outros textos podems ser lidos no blog "Nos Cornos da Covid" em https://noscornosdacovid.blogspot.com/ . Fonte: Plataforma da Mortalidade (SNS, vd. aqui) e boletins da covid (DGS).




DAS MORTES POR MEDO

Enquanto o discurso do medo alimenta a pandemia, as mortes evitáveis aumentam. Enquanto o discurso da alegada falta de camas hospitalares para a covid impera, a fuga às urgências mantém-se. E as mortes por afecções não-covid aumentam para níveis insanos.

Cada vez mais fico abismado com as evidências de uma crise de Saúde Pública que passa despercebida em Portugal: as mortes evitáveis, que parecem não chocar ninguém. Neste post coloco três gráficos para vossa apreciação:

1 - Excesso de mortalidade no período de 12 a 22 de Outubro em relação à média (2009-2019)e contributo da covid e das afecções não-covid. Apesar do crescimento dos óbitos por covid, estes são em menor número: 182 contra 323.

2 - Evolução, entre 12 e 21 de Outubro, para todas as unidades hospitalares, do número de episódios emergentes (pulseira vermelha da Triagem de Manchester) para o ano de 2020 e para a média dos anos de 2017-2019.

3 - Evolução, entre 12 e 21 de Outubro, para todas as unidades hospitalares, do número de episódios muito urgentes (pulseira laranja da Triagem de Manchester) para o ano de 2020 e para a média dos anos de 2017-2019.

Reparem apenas na queda brutal sobretudo nos casos "muitos urgentes", em que existe perigo de morte se não houver um atendimento rápido. Não estamos a falar de casos pouco urgentes que enchem desnecessariamente as urgências (a Triagem de Manchester tem mais três cores de pulseiras abaixo da laranja). Estes são os casos graves que necessitam mesmo de assistência médica imediata, de contrário o risco de morte é certo ou elevadíssimo em pouco tempo. Ora, temos aqui, só para os casos muito urgentes, uma descida de 30%. Foram menos 468 atendimentos "muito urgentes" por dia!

Poder-se-ia pensar que, de repente, a população portuguesa começou a ser saudável, e a não ficar com tantas afecções súitas e graves (que representam as pulseiras vermelha e laranja),. Mas se esse milagre estivesse a suceder, então não teríamos o excesso de mortes que assistimos paulatinamente desde a Primavera.

Na verdade, aquilo que estes gráficos mostram é uma coisa simples e tenebrosa: com a campanha de alarmismo da covid, muitas pessoas têm medo de ir ao hospital mesmo quando se sentem muito mal. Muitas acabam por "visitar" a morgue pouco depois.

E a DGS, Ministério da Saúde e uma parte muito considerável dos médicos assobia para o ar. E uma "coisa" outrora chamada Imprensa, nada. Tudo para a covid. Tudo para a morte. Silenciosa. A loucura de uma sociedade é isto que estamos a assistir.

Fonte: SICO-eVM para o primeiro gráfico); Monitorização dos Serviços de Urgência (SNS, dashboard 6, que pode ser consultado aqui).





sexta-feira, 23 de outubro de 2020

DA LOUCURA, DO POLÍGRAFO OU DA VERDADE SOBRE A LETALIDADE DA COVID E DAS PNEUMONIAS

A covid é doença perigosa? Vamos responder que sim. Com base nas mortes oficialmente atribuídas, e com base nos casos positivos oficialmente confirmados, temos uma taxa de letalidade de 2,02% (até 22 de Outubro).

Ora, mas essa taxa de letalidade justifica esta histeria e todas as medidas absurdas que se estão a tomar? Se sim, porque nunca se fez o mesmo com a generalidade das infecções respiratórias? Sim. Comparemos a covid com as "banais" infecções respiratórias.

De facto, a menos que inventem um Polígrafo que transforme a verdade em mentira, feito pela cambada de ignorantes que pululam as redacções (desculpem, deixei de medir as palavras), os dados que aqui apresento são à prova de desmentidos. Considerando, nos períodos de  Março a Outubro dos anos de 2017 e de 2018 (infiormação disponível), as infecções respiratórias (que incluem os episódios de gripes) contabilizads pelo SNS (que assim correspondem a casos positivos) e a mortalidade por infecções respiratórias (pneumonias, bronquites e afins, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças – CID 10 da OMS, que vai do código J100 até ao J22) , temos uma letalidade de 1,68% em 2017 e de 1,61% em 2018.

Ou seja, todos este escarcéu, todo este colapso no SNS, todo este colapso na Economia, todo este colapso das relações sociais, todos este colapso nos direitos constitucionais, tem sido por causa de uma doença que apresenta uma taxa de letalidade superior em míseros 0,4 pontos percentuais à das pneumonias e doenças respiratórias afins.

Isto é de loucos!

Nota: Para os cálculos da letalidade, além dos dados dos boletins da covid da DGS, usaram-se os dados das infecções respiratórias do SNS (vd. aqui) e os dados da mortalidade para as infecções respiratórias em 2017 e 2018, seleccionando em ambos os casos o período Março-Outubro (inclusive) para as doenças com os códigos J100 a J22. Em 2017, registaram-se 3.479 óbitos deste grupo de doenças neste período e 206.576 infecções respiratórias; em 2018 registaram-se 3.721 óbitos e 231.220 infecções. Não há dados de mortalidade por causas em 2019 e 2020 para as infecções respiratórias, mas posso adiantar que se registou uma brutal diminuição das infecções respiratórias em 2020. Escreverei, em breve, sobre isso...



DA ELITE OU DO FIM DA DEMOCRACIA

 Mesmo admitindo, por absurdo, que existe um risco elevado de contaminação num espaço aberto como um cemitério, o Governo decidiu decretar a proibição de deslocamentos entre concelhos. Encerrar os cemitérios não bastava? Não! Fechar um espaço não chega para estes democratas. Decretar “não fazes isto, porque eu quero que não faças” é muito melhor; causa-lhes um prazer próximo do orgasmo. Porém, isto de proibições não é para todos. Reparem: a proibição não incluiu “titulares de cargos políticos e magistrados”. Gente fina é outra coisa.



DAS BICICLETAS QUE FORAM GIRAS E DA PRUDÊNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Sou adepto das bicicletas eléctricas numa cidade como Lisboa, sobretudo em deslocações com subidas. O grande problema é a autarquia lisboeta continuar a achar que é giro criar um serviço mas depois deixá-lo avacalhar. Há meses que achar uma bicicleta eléctrica funcional do GIRA é mais difícil do que encontrar agulha em palheiro. 

Hoje cheguei a percorrer vários spots para encontrar uma. Peguei nela e 300 metros à frente pifou. A alternativa para me locomover para uma consulta de documentos na zona da Praça de Alvalade seria seguir de metro. 

Ora, eu, que não sou adepto de máscara na rua (por irrelevantes é contraproducentes), acho que deveria encontrar-se boas alternativas, nesta fase, para o uso de transportes públicos, que são locais de risco, sobretudo para desanuviar a sua utilização e diminuir o risco de infecção (como sustenta, por exemplo, a Agência de Saúde Pública da Suécia). As bicicletas são uma extraordinária alternativa, mas a autarquia de Lisboa em vez de melhorar o serviço, deixa que piore.

Desse modo, falhei a consulta de documentos informando a entidade, por e-mail, que “por razões de prudência epidemiológica, tomei a precaução de não me deslocar esta semana às vossas instalações”.



quinta-feira, 22 de outubro de 2020

DO JORNALISMO CRÁPULA E PATIFE

Rodrigo Guedes de Carvalho personifica o actual estado do jornalismo português: alarmista, misto de hiena e abutre. Patife. Na SIC, agora mesmo, palavras suas (sic): "Boa noite e bem-vindos. Eu quero muito, muito, muito, voltar a abrir este jornal com notícias que não seja covid. Mas hoje não é ainda esse dia. Hoje é, aliás, o pior dia da pandemia em Portugal".

Isto é nojento. Além do estilo do discurso, vergonhoso num jornalismo que se quer rigoroso, informativo e isento, esta coisa de ser "o pior dia da pandemia em Portugal" é objectivamente falso, excepto se se considerar, de forma sensacionalista, que são os testes positivos (a esmagadora maioria assintomáticos, até pelos falsos positivos) que constituem a medida de gravidade ou de uma tragédia, e não as mortes.

Ontem, morreram 16 pessoas por covid, o que é aliás valor que encontra paralelo com a mortalidade habitual nesta época do ano para as pneumonias. Estas 16 mortes estão muito longe do pico de mortes de Abril: 37 no dia 2. A mortalidade total ontem (últimos dados, ainda não consolidados) terá rondado as 300 mortes, o que sendo valor acima da média, não é trágico. Vejam: o dia mais mortífero deste ano foi em 15 de Janeiro (antes da covid) com 425 óbitos. E em Julho até houve três dias com mais de 400 óbitos, quando a covid andava então a matar três pessoas por dia.

Isto é tudo muito mau. O jornalismo começa a dar-me asco. Patifes!




DA CORRELAÇÃO ENTRE PÂNICO E PAPEL HIGIÉNICO

Na Alemanha, as vendas de papel higiénico aumentaram 90% numa semana. Tem lógica: o pessoal anda borrado de medo.

Entretanto, deve andar por aí uma festa por a Suécia ter imposto restrições. Restrições? Continuam sem máscara, reduziram para 8 pessoas o número máximo de pessoas na mesma mesa e para 50 em bares. Isto são restrições ou bom senso? Por essa Europa fora anda-se como baratas tontas com máscaras na rua e até recolher obrigatório. 



DAS CARPIDEIRAS

Portanto, no dia 2 de Novembro vamos ter um dia de luto nacional pelos mortos por covid, decretado pelo Governo. Os outros 97,5% de mortos, que se finaram de outras enfermidades, incluindo os mais de 6.500 acima do expectável, muito por culpa do estado de sítio do SNS, esses, esses que se lixem. Não deixam saudades... Este país não existe.



DOS INTERNAMENTOS, DA RELES MANIPULAÇÃO E DO JORNALISMO PÉ-DE-MICROFONE

Tantos meses depois do início da pandemia, e a nossa Imprensa segue sendo a Propaganda Mediática do Governo. Preguiça, incompetência ou reverência pela publicidade paga: não sei qual destes factores é o mais importante. Talvez todos, em partes iguais.

Isto a pretexto do suposto "quase"esgotamento das camas hospitalares por causa da covid, uma questão "premente" que a nossa Propaganda Mediática não pára de gritar, alimentando assim o pânico. Bem sabemos que o Governo e a nossa DGS tentam, por todos os meios, esconder e manipular informação. Fazem o serviço que conseguem para justificar o colapso da estratégia anti-covid, que tem matado mais pessoas do que o SARS-CoV-2. Porém, há muita informação disponível que, mesmo não sendo fácil de tratar e de interpretar, um jornalista de cultura mediana e conhecimentos básicos de matemática (bem sei que muitos nem sabem fazer uma regra de três simples) tinha obrigação de saber.

Pois bem, não fazem eles; faço eu... 

Portanto, peguei na informação da Monitorização Diária dos Serviços de Urgência e estive a comparar, para os dias 1 a 20 de Outubro, os fluxos de episódios de urgência (de acordo com a Triagem de Manchester) nos anos de 2020, 2019, 2018 e 2017, bem como os internamentos no decurso.

Eis as conclusões. No total dos episódios de urgência (incluindo outras situações, sinalizadas a branco e a cinzento), o mês de Outubro de 2020 tem sido bastante mais calmo do que os anos anteriores, com apenas cerca de 251 mil episódios contra uma média (2017-2019) de quase 353 mil episódios, i.e., uma descida de 29%. Se se considerar os casos mais urgentes (vermelho, laranja e amarelo), a descida é  ainda maior (36%), passando de uma média de 185 mil para apenas 118 mil este ano.

No caso dos internamentos, embora esteja a abordar fluxos (e não a situação pontual ou diária), porque a DGS esconde informação, na verdade não é expectável que se esteja à beira de qualquer colapso. Na verdade, a situação actual aparenta ser mais favorável do que em anos anteriores. Com efeito, entre 1 e 20 de Outubro, em valor acumulado, foram feitos este ano 22.416 internamentos,, ou seja, cerca de 15% menos do que a média (2017-2019). No caso dos internamentos que resultaram de episódios mais urgentes (vermelho, laranja e amarelo), e que, em princípio, podem resultar em internamentos mais duradouros, o mês de Outubro (até dia 20) registou um valor muito inferior à média: 15.778 contra 20.674, i.e., uma redução de quase 24%.

Portanto, apesar da informação esconida, mesmo com covid (ou talvez por causa dela, mas por má razões), não parece existir qualquer situação próxima do esgotamento dos internamentos. Ou se houver, acaba por ser por razões de má logística, tendo em consideração que um número desconhecido (mas provavelmente elevado) de camas está a ser ocupado por doentes covid por razões sociais, e nestes casos deveriam estar a ser reactivadas já os famigerados hospitais de campanha montados e desmontados na Primavera, quase sem qualquer préstimo.

Fonte: Monitorização dos Serviços de Urgência (SNS, vd. aqui). O valor dos casos de urgência máxima (emergência, pulseira vermelha) são, felizmente, bastante reduzidos (820 este ano, em Outubro, e um pouco menos de 1.100 nos outros anos em período homólogo), razão pela qual no gráfico não aparece visível. A Triagem de Manchester tem apenas cinco cores. A cor branca representa casos de registo na urgência, mas que, na realidade, não o são, incluindo, em muitos casos, internamentos programados. O cinzento são outras situações não explicitadas. Curiosamente, o mês de Outubro tem um valor relativamente elevado de casos zinzentos (2.933 contra uma média de 1.856). Serão internamentos covid a aumentarem esta parcela? Enigma.




terça-feira, 20 de outubro de 2020

DA EMENDA PIOR DO QUE O SONETO OU DO CASO DAS MÁSCARAS NA RUA

Fui consultar com detahe os dados dos novos casos positivos em todas as regiões de Itália para aprofundar o efeito da imposição naquele país do uso de máscaras na rua, em vigor desde 7 de Outubro..

Aliás, a propósito, no site do Ministério da Saúde italiano consegue-se saber mais sobre a covid na Itália do que nós aqui sobre a covid em Portugal, mas isto é uma crítica de um "traidor à Pátria" (eu), de acordo com a bitola da Dra. Graça Freitas.

Pois bem, comparando, para as 21 regiões italianas, os novos casos positivos do período 4-6 de Outubro (imediatamente antes da imposição de máscaras na rua) e os dias 17-19 de Outubro, verifica-se que, em vez de uma diminuição, se observa um aumento global de 42%. Registam-se 17 regiões com subidas e apenas quatro regiões com descidas, embora apenas a região de Ligúria (capital: Génova) tenha uma incidência mais elevada de casos (em número absoluto).

Uma das piores evoluções ocorreu na Lombardia (capital: Milão), exactamente a região mais fustigada pela covid. Entre 4 e 6 de Outubro tinha uma média de novos casos diários de 915, depois de se ter imposto as máscaras na rua subiram para 2.442 novos casos diários (média noa dias 17 a 19 de Outubro).

Além da Lombardia, as quatro outras regiões no top 5 de casos de covid registaram aumentos : Piemonte (capital: Turim) teve um aumento de 80%, Emilia-Romagna (capital: Bolonha) subiu 11%, Veneto (capital: Veneza (2%), e Campania (capital: Nápoles) 18%. A região de Roma (lazio) teve um crescimento de 36%.

Portanto, sobre máscaras na ruas, parece que o efeito está muito longe do desejado. Em vez de diminuir as infecções, estão associadas a aumentos... Claro que virá quem nega uma associação entre máscaras na rua e aumento de infecções, mas então, se não houver essa relação, o que fazem afinal então as máscaras na rua? São um placebo?

Nota: os dados de Itália podem ser consultados aqui.



segunda-feira, 19 de outubro de 2020

DA EVIDÊNCIA DOS EFEITOS DOS TRAPOS NAS RUAS OU COMO DEVEMOS APRENDER COM O CASO DA ITÁLIA

Como sabemos, as máscaras faciais passaram, em poucos meses, de panos irrelevantes (criticados por pneumologistas e desaconselhados pela DGS e OMS) para supostos instrumentos salvíficos na estratégia de alguns países no combate à covid.

De repente, sem sequer se pensar nos efeitos de um uso intensivo, muitos Governos caíram na moda de imporem máscaras faciais mesmo nas ruas. Durante infindáveis horas, as pessoas passaram assim a ser obrigadas a usar máscaras sem que ninguém de bom senso (exceptuando os responsáveis de Saúde Pública em países nórdicos) se questione se, em vez de proteger, as máscaras não serão, nessas circunstâncias, focos de infecção. As pessoas transformaram-se simplesmente em cobaias do desnorte dos políticos.

Fui analisar os efeitos da imposição de mácaras na Itália. Na região de Lazio, que inclui a capital Roma, a imposição ocorreu a partir de 3 de Outubro (eu estava lá e assisti). De acordo com os dados do Ministério da Saúde de Itália, esta região contabilizou, naquele dia, 261 novos casos positivos. Se se considerar uma semana (tempo médio de incubação), então significa que a partir do dia 10 de Outubro todos os novos casos positivos seriam de pessoas infectadas já no período de uso obrigatório de máscara nas ruas. Ou seja, esperar-se-ia então uma diminuição dos casos, assumindo que as ditas máscaras dominuíam o risco de infecção, não é? 

Mas o que aconteceu a partir do dia 10 de Outubro na região de Lazio? Ora, um grande aumento de novos casos positivos. Nesse dia 10 já eram 384 (uma subida de 47% em relação ao dia 3). No dia 18 eram já 1.198 novos casos, i.e., uma subida de 359% em relação ao primeiro dia de imposição.

Similar situação se verificou em outras regiões e em toda a Itália, onde a obrigatoriedade de uso de máscara nas ruas se estendeu a partir de 7 de Outubro. Nesse dia a Itália registou 3.677 novos casos positivos. Uma semana mais tarde, o impacte das máscaras na rua era também o oposto do desejado: no dia 14 já subira, e de forma abrupta, para os 7.332 novos casos. No dia 18 de Outubro atingiu os 11.705. Ou seja, 11 dias depois de se imporem as máscaras na rua, os novos casos positivos diários em Itália tinham mais do que triplicado, registando um aumento absoluto de 9.028 casos. 

Fiz similar exercício para a Lombardia (uma das regiões mais fustigadas pela covid na Primavera) e, mais uma vez, similar efeito: as máscaras na rua em vez de fazerem diminuir as infecções afinal resultaram num aumento: entre 7 e 18 de Outubro os casos positivos aumentaram 472% com uma subida absoluta de novos casos de 520 (dia 7) para 2.975 (dia 18).

É nesta aventura que Portugal se vai meter dentro em breve, quando também impuser máscaras nas ruas. Os doutores Froes e as doutoras Freitas devem ficar muito satisfeitos com estas experiências. E então, depois do desastre que se avizinha com esta coisa dos trapos em todo o lado, os doutores Costa e Sousa encontrar-se-ão, pesarosos, e decretarão estados de sítios e recolheres obrigatórios, até porque, na verdade, a culpa é sempre nossa. Nunca deles.

Nota: os dados de Itália, por dia e região, podem ser consultados aqui.