terça-feira, 29 de dezembro de 2020

DA RÚSSIA QUE LAMENTA E DO JORNALISMO QUE SE LAMENTA

O Público acumula lastro para um interessante estudo académico. A manipulação da informação, descontextualizada, o estilo apocalíptico para o que sucede lá fora, mas acrítico, quando não laudatório, para o que se passa com o que se passa em Portugal (e com a acção do Governo), torna o Público cada vez mais próximo da Acção Socialista.

Vejam como o Público noticia os óbitos na Rússia por covid. Titula “Rússia LAMENTA 562 mortes nas últimas 24 horas” (destaque meu). Um sentimento que, segundo o Público, não se compara com Portugal onde SÓ morreram ontem 74 pessoas e até há “boas notícias” (sic), assim escrito, porque até se registaram menos 54 internamentos, não importando ao jornalista que escreveu esta pérola que uma grande parte dessa “boa notícia” deriva directamente dos internados do dia anterior que morreram. Não são mortes que se lamentam; foram mortes patrióticas para criarem uma “boa notícia” ufanada pelo Público.

Porém, pior ainda é observar a descontextualização intencional. A Rússia tem cerca de 14 vezes mais população que Portugal, pelo que as 562 mortes russas correspondem a 40 óbitos portugueses. Ou, noutra perspectiva, se a Rússia estivesse como Portugal não teria de “lamentar” 562 mortos, mas quase 1.050. Eis o que dá fazer-se um jornalismo pequenino num país pequeno; parece estar tudo bem quando não está.




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