sábado, 12 de dezembro de 2020

DOS INTERNAMENTOS

A covid não é doença “comum”, sobretudo do ponto de vista clínico e psicológico. Tornou-se sobretudo traumática porque, ignorando-se o que se passa nos internamentos de outras infecções respiratórias, ficou desde Março as imagens e sons das unidades de cuidados intensivos dos hospitais italianos. 

O ambiente hipocondríaco, alimentado pela imprensa, dá uma ênfase exacerbada aos internamentos, não contextualizando sequer que uma grande parte se refere a internamentos “sociais” ou por precaução. 

Nesse aspecto, julgo ser verdadeiramente esclarecedores os depoimentos numa pequena secção do CM intitulada “Eu tive covid”. Por exemplo, hoje ficou a saber-se que Maria Conceição Freire, reformada de 73 anos, esteve internada 15 dias no Hospital Amadora-Sintra... a tomar ben-u-ron...

Pior, muito, foi o aspecto psicológico: “quando soube que estava infectada chorei muito, cheguei a pensar que já não ia ver os meus netos”. Ou seja, a covid está ao nível de uma cancro há umas décadas: um diagnóstico é percepcionado como quase uma sentença de morte.


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