Não sei se há ondas ou vagas na pandemia. Sei sim que há ondas na nossa imprensa sobre a covid na Suécia. Bastou uma subidazita na mortalidade na primeira quinzena de Dezembro, e os nossos jornalistas salivaram com o “desastre” dos irresponsáveis escandinavos. O Público não largou o osso e zurziu mais uma vez na estratégia da Agência Sueca de Saúde Pública. O Observador teve por lá uma espécie de enviado especial para relatar o descalabro em directo, ao vivo e a cores.
Entretanto, a onda esmoreceu. Foi mais uma onda. Pena é que a atenção crítica direccionada à Suécia nunca seja depois transposta para Portugal, onde a estratégia e a acção do Governo nem num milímetro é questionada pela nossa imprensa.
Estive a ver a média de mortes nos últimos 15 dias em Portugal e na Suécia (com valores actualizados hoje). Em Portugal registou-se, neste período, 1.096 mortes por covid, ou seja, 73 óbitos por dia. Para os jornalistas portugueses, de quem é a culpa? Dos portugueses, claro! Nunca pode ser do Governo!
Na Suécia, em igual período, morreram 375 pessoas com covid, uma média de 25 por dia. Um terço de Portugal. Porém, no caso da Suécia haverá sempre culpados. E quem são eles, para os jornalistas portugueses? As autoridades de Saúde Pública da Suécia, claro, e o Governo sueco por não impôr lockdowns e recolheres obrigatórios!
P.S. Há-de alguém vir dizer que a mortalidade na Suécia diminuiu porque, entre outras pequenas medidas profiláticas, o Governo sueco proibiu a venda de bebidas alcoólicas a partir das 8 da noite... num período do ano em que já é noite às 4 da tarde.
Ontem no programa Farpas, o analista calou a boca de forma automáticada da jornalista, quando disse que as mortes em geral, do ano de 2020, na Suécia, estão iguais à média de outros anos. Será por isto que a comunicação social perdeu o pio sobre a Suecia
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