Desde o dia 12 de Janeiro, depois de encontrar dois modelos que me parecem expeditos mas rigorosos (taxa de mortalidade diária dos internados e uma regressão polinomial grau 2 que relaciona internados com óbitos), tenho apresentado previsões diáriasn sobre os óbitos por covid.
Mais do que andar a ser Zandinga, estes modelos têm-me ajudado (e espero que também a quem me segue) a melhor percepcionar o "grau de caos" do SNS. Por um lado, comparando com as taxas de mortalidade em Outubro e em Dezembro, mostra-se que, se se tivessem mantido esses níveis de qualidade no tratamento dos doentes-covid, estaríamos agora com cerca de menos 100 mortes no segundo caso (Dez), e cerca de 150 mortes no primeiro caso (Out).
Por outro lado, os dois modelos permitem observar que o incremento das mortes por covid não estão apenas relacionado com o número de internamentos, mas sim muito relacionado com o agravamento da taxa de mortalidade diária dos internados, que passou de 2,6% no dia 1 de Janeiro para quase 4,2% ontem. Isto constitui um crescimento brutal, e prevejo que, se isso se mantiver, será preciso descer os internados para níveis inferiores a 5.250 (estão em 5.779) para se conseguer baixar a fasquia dos 200 óbitos diários. Isto demorará muitos e muitos dias, até porque o fluxo de novas entradas (internados) continua a ser superior aos das mortes e aos que recebem alta.
No entanto, cada vez se mostra mais evidente que a "estabilidade" do SNS no tratamento da covid, perante a débil capacidade actual de resposta, só se encontrará quando os internamentos baixarem dos 3.500 internados. Somente nessa altura começaremos a ver menos de 100 óbitos por dia.
Significa que o nível de mortalidade por covid vai-se manter por mais algumas semanas bastante elevado [para amanhã prevejo um novo máximo, em redor de 240 óbitos], não tanto pelo número total de casos positivos (que nada representam sobretudo na população jovem, até pela metodologia e rigor dos testes PCR) mas sim pelo grande número de contaminados com mais de 80 anos, que suspeito (imenso) provenham sobretudo dos lares.
Nos gráficos, mostro-vos o confronto entre as minhas previsões e os registos contabilizados pela DGS desde o dia 13 de Janeiro, bem como os habituais gráficos da previsão do dia de hoje (22/1).
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