sexta-feira, 3 de abril de 2020

DO RISCO DE EMBANDEIRAR EM ARCO

Embora com todas as ressalvas sobre o rigor na contabilização da mortalidade por covid-19, não há ainda qualquer motivo para pensar que chegámos ao "planalto" por via de um aparente desaceleramento da curva. A situaçao nos últimso dois dias mostra que ficámos numa linha de evolução ligeiramente melhor que a espanhola, mas a "coisa" pode piorar muito facilmente.
Com efeito, conforme podem observar no gráfico, padronizei a mortalidade em Espanha em função da população portuguesa (dividindo o seu número de mortes por um factor 4,534) e comparei a evolução diária entre os dois países a partir do primeiro óbito por covid, tendo em conta que a data da primeira morte registada em Espanha foi no dia 3 de Março e em Portugal em 16 de Março. Significa que só a partir do 18º dia (que corresponde em Portugal ao dia 2 de Abril) passámos a ter menos mortes do que Espanha. Note-se, porém, que a diferença ao 19º dia (que em Portugal corresponde ao dia 3 de Abril e em Espanha ao dia 21 de Março) não me parece ainda muito relevante (246 vs. 305).
Ou seja, os próximos dias serão cruciais, sobretudo porque à medida que sobe o número de infectados se incrementam as necessidade de resposta dos cuidados intensivos. E se o sistema entra em ruptura por aí, a situação vai complicar-se. Por isso. estamos muito, muito longe ainda de pensar que, num futuro próximo, estaremos melhor do que a Espanha e a Itália. Aliás, basta reparar, conforme o segundo gráfico, como evoluiu a Espanha a partir do 20º dia (nota: para se compreender este gráfico, o dia 1 corresponde a 3 de Março, data do registo do primeiro óbito espanhol, e o dia 32 ao dia 3 de Abril).



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