quinta-feira, 2 de abril de 2020

DO NOSSO EMBALAMENTO

A DGS lá nos vai anunciando, nos seus boletins diários, que vão morrendo 10, 15, 20 pessoas por dia de covid, e confrontamos isso sempre com as largas centenas em Itália e Espanha. Felizmente, a situação nacional ainda é menos problemática comparando com esses países latinos, mas também não é assim tão delicodoce.
Com efeito, olhar para a evolução da mortalidade em Portugal ao longo do mês de Março (vd. gráfico 1, G1) observa-se bem a abrupta inflexão, sobretudo a partir de 16 de Março, na mortalidade deste ano em relação à média dos últimos 10 anos. na primeira quizena muito menos mortos este ano; na segunda, muitíssimos mais. A partir do dia 24 até dia 31, então, a situação começa a ser preocupante: morreram mais 396 pessoas do que a média. E isto num mês que, por norma, tem a segunda quizena a ser menos mortífera, como se pode observar na linha de tendência do gráfico 1. Segundo a DGS, nesse mesmo período terão morrido apenas 144 pessoas com covid-19 (passando de 43 óbitos no dia 24 para 187 em 31 de Março).
No gráfico 2 (G2) observa-se ainda de uma forma mais evidente a evolução por período de 10 dias. Até dia 10 de Março, este ano estava a ser claramente menos mortífero do que a média (302 vs. 337 óbitos por dia), no período de 11 a 20 de Março já o ano de 2020 ultrapassa ligeiramente a média (329 vs. 321) e no período de 21 a 31 de Março dispara a diferença (345 vs. 307). Reitero que isso se verificou num período onde, por norma, devido á melhoria das condições climáticas, a mortalidade se reduz. De facto, se compararamos a média dos últimos 10 anos, o período 21-31 de Março regista uma redução de cerca de 9% na mortalidade em comparação com o período de 1 a 10 de Março, mas no caso de 2020 afinal tivémos um aumento de 14%!


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