Embora ao longo das últimas semanas tenha variado, nas minhas análises à covid, entre o pessimismo, o cepticismo, a desconfiança e a expectativa, tenho sempre procurado encontrar alguns sinais que transmitam (a começar por mim, ora bem!) alguma esperança de regresso à "normalidade".
Um aspecto que me preocupa bastante não é só o acumular de vítimas da covid-19 (que se deve lamentar tanto como as vítimas da gripe e de outras doenças), mas o eventual colapso do sistema nacional de saúde. Desde a terceira semana de Março tenho alertado para esssa situação, porquanto o excedente de mortes que se começou a verificar a partir da segunda semana daquele mês não se justificava apenas pelo número de mortes da covid.
Ora, esta tarde fiz uma nova análise, mais cuidadosa do ponto de vista estatístico (em vez de usar a média da última década, calculei o mínimo e o máximo dentro do intervalo de confiança a 95% desde 1 de Janeiro), para aferir como estamos actualmente.
Como podem observar no gráfico, com dados entre 1 de Janeiro e 14 de Abril, ainda nos encontramos bem acima dos valores expectáveis da mortalidade para esta época do ano, acima do valor máximo do intervalo de confiança para a média, mas com uma tendência decrescente, se se usar como linha de tendência a média de 7 dias (linha azul). Essa ligeira aproximação aos valores expectáveis para esta época do ano (e que são muito mais baixos do que em Janeiro), e como a mortalidade diária por covid-19 tem estado a estagnar, pode significar que as tais mortes colaterais pelo "efeito covid" estão a diminuir significativamente.
Em suma, podemos estar ainda bastante longe de resolver o problema da covid, mas pelo menos estamos a conseguir que o sistema de resposta para acudir a outras emergências (AVC, ataques cardíacos e outras doenças súbitas) se normalize. E isso já não é nada mau nos tempos que correm, pois precisamos de um SNS "sadio".
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