Sucedem-se as homenagens às vítimas da covid. Hoje é a vez do New York Times, que pespega nomes e apelidos desses mortos, e titula: “uma perda incalculável”. À primeira vista é um gesto bonito, mas deixa uma sensação de “tempos normais”, embora de sabor estranho... Nos “tempos normais”, um “morto ocidental” é mais sentido do que um morto africano” ou um morto asiático”: é a proximidade, dizem. Agora, parecem dizer-nos, com estas homenagens, que um “morto ocidental por covid” é um mártir, não é um número. E assim deve ser...
Porém, coisa estranha: e os outros, sim, os outros, que por acaso em número até são mais de 10 vezes mais (em Portugal 94% de todos os mortos desde 15 de Março são de outras patologias)? Esses outros já não são mártires, já não merecem homenagem? Nem aqueles que soçobraram exactamente porque à conta da covid a assistência hospitalar os colocou em segundo plano?
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