Vá, emprenhem pelos ouvidos a doce cantilena da Direcção-Geral da Saúde (DGS); vá, embalem-se com as notícias da nossa comunicação social, que até parece não ter ninguém que faça mais do que pegar num microfone, como seja o saber fazer mais do que uma "regra de três simples", ou mais do que contar pelos dedos; vá, continuem a achar que só se morre de covid-19, sendo essa uma morte gloriosa (ao contrário das outras), equivalente à dos "mártires da jihad", com direito a prebendas no paraíso... Enfim, seja como queiram...
Em todo o caso, a realidade é esta, a dos números, e aqui vai, a realidade, para quem quiser.
Vejam o primeiro gráfico. Na última quinzena, a mortalidade dos maiores de 85 anos "disparou", e não foi pouco e não foi à conta da covid-19. Nos últimos dias deve terá sido pelo calor (a DGS não recomenda ligar-se ares condicionados por causa da covid-19). A média móvel de 5 dias aponta, à data de ontem, para 36 mortos acima da média. O excesso de mortalidade desde o dia 15 até ao dia 29 de Maio é de 361 óbitos em relação ao valor expectável para esta época do ano (média dos últimos seis anos). Destes, apenas cerca de uma centena morreram de covid-19.
Vejam agora o segundo gráfico. Com a covid-19 supostamente controlada e nunca com cuidados intensivos sobrelotados, o mês de Maio de 2020 tem sido uma razia para os mais idosos, e a culpa não é, pelos dadis da DGS, da covid. Até ao dia 29 de Maio já morreram 3.820 pessoas deste grupo etário; quase 700 óbitos a mais do que a média. E a covid-19 matou muito menos de 150 pessoas deste grupo (na verdade, registaram-se 147 óbitos embora no grupo dos maiores de 80... a DGS não faz, julgo que propositadamente, coincidir as faixas etárias para dificultar análises).
E era só. Tenham um bom dia. E boa sorte.
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