Além da questão de saúde pública, o debate sobre os efeitos da covid-19 deveria focalizar-se na forma como devemos gerir uma sociedade que, como nunca antes, convive com quatro gerações: bisavós, avós, pais e filhos. A esperança média de vida duplicou em um século (de 40 para 80 anos na maioria dos países desenvolvidos). Em consequência, a população idosa, e mais vulnerável em termos de saúde, disparou: por exemplo, nos países da União Europeia, os maiores de 65 anos passaram de um total de 9,5% da população em 1960 para 20,2% em 2018. Os maiores de 85 rondam já cerca de 5% da população.
Que fazer numa situação em que devemos tentar proteger os idosos, prolongando-lhes a vida finita por mais alguns anos, sem condicionar o direito ao usufruto pleno da vida pelas populações mais jovens? No caso particular da covid, tal como já sucedia com a gripe, os idosos são particularmente afectados, ao contrário dos mais jovens (menos de 45 anos, por exemplo), para os quais estas doenças não causam qualquer problema (a mortalidade por este tipo de doenças é muitíssimo diminuta).
Devemos assim centrar os nossos esforços em soluções que conciliem uma protecção efectiva dos idosos nos períodos mais críticos (Inverno, por exemplo), deixando os mais jovens viver livremente? Ou devemoos antes, como até agora, fazer lockdowns e impor regras restritivas gerais e cegas, de sorte que parecemos estar a viver num mundo distópico?
Tenho reflectido sobre isso, mas não tenho soluções. Tenho é notado que não se tem discutido estes aspectos fulcrais; pelo contrário, insiste-se na alimentação do medo, e do "confinamento" da racionalidade.
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