Tal como outros países, a Espanha - um dos países mais fustigados pela covid-19 - prepara um desconfinamento regional, e não de todos juntos e fé em Deus, porque a incidência tem sido muito distinta em termos regionais. Por exemplo, a afectação de comunidades como as de Madrid, Castela e Leão, Castela La Mancha e La Rioja foi muitíssimo superior à das nossas vizinhas Galiza e Andaluzia.
Porém, mesmo assim, as autoridades sanitárias e governamentais espanholas olham para o desconfiamento numa escala ainda menor, e em determinadas situações, como na Andaluzia - que, note-se, nas últimas duas semanas tem tido menos óbitos por milhão do que a nossa região Norte -, há províncias (Granada e Málaga) que continuarão em confinamento (Fase 0) ao contrário das restantes.
Por cá, em vez da análise e da estratégia, prefere-se desconfinar tudo mas impondo proibições a torto e a direito, tornando em alguns caso o desconfinamento mais restritivo e impositivo, mas paradoxalmente também mais inseguro. O Governo parece divertir-se apenas em publicar decretos e arranjar formas e drones para ir controlar praias selvagens no Verão que se anuncia, ou para encontrar um modelo para a polícia andar a pedir aos clientes que se ajuntem na mesma mesa dos restaurantes certificados (talvez passados pelas juntas de freguesia) que comprovem que fulano de tal vive com sicrana de tal mesmo que os respectivos cartões de cidadãos os coloquem solteiros a ambos. A devastação económica vai matar mais do que a covid.
Como mostra o quadro que aqui coloco (desta vez não há gráfico), nas últimas duas semanas (interessa fazer uma análise dos últimos tempos, mais do que o histórico), há regiões espanholas que estão agora numa "menos má situação" que zonas portuguesas, com o Norte à cabeça. Numa escala mais micro, tenho aqui mostrado que sobretudo os distritos de Aveiro e Porto (e também algumas zonas de Braga e Viana do Castelo) estão ainda numa situação que merecia alguma atenção especial. Um desconfinamento distinto, porventura. Mas isso parece pouco interessar, por agora, ao Governo e à DGS. Nossa Senhora de Fátima estará por certo, pensarão, a dar uma forcinha por aí. Avante, portanto, com a nossa sorte!
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