Mantendo a mesma opinião de, até agora, a covid-19 ser um problema muito grave apenas para os idosos, tenho também feito vários alertas sobre a (muito) diferente incidência e efeitos da doença nas diversas regiões do país, com as situações mais graves nos distritos de Aveiro e do Porto. Sugeri mesmo, há dias, sobre se não seria mais prudente um desconfinamento geográfico, até para se ir avaliando a evolução da mortalidade total nas regiões mais afectadas (como sabem, esse é o indicador que prefiro, em vez dos óbitos oficiais por covid).
Pois bem, "renovei" agora a análise, com os últimos dados do SICO, até 3 de Maio, e não me parece nada animadora a evolução dos distritos de Aveiro e do Porto. Não me parece que aí a situação da covid esteja controlada, ao contrário de Lisboa.
Conforme podem observar nos gráficos de cada um destas três regiões (médias móveis de 5 dias), verifica-se que a mortalidade nos distritos de Aveiro e do Porto tiveram picos evidentes no início de Abril - e, hélas, nestas regiões acima do pico da gripe de Janeiro -, encetaram depois uima descida, mas nos últimos dias estancaram essa descida e "ameaçam" mesmo uma subida. A subida, com o consequente afastamento à média dos últimos seis anos, sugere que, perante a inexistência de outros factores, estejamos perante mortes por covid. Não me parece uma boa notícia, porque o pior que pode suceder para haver pânico - e esta é, porventura, omaior perigo imediato de saúde pública - é termos num futuro muito próximo um recrudescimento muito significativo dos óbitos por esta doença, e eventulamente um novo surto (na melhor das hipóteses, apenas regional).
A evolução particular destes dois distritos contrasta, de forma evidente com o distrito da capital. O gráfico da evolução da mortalidade no distrito de Lisboa é, aliás, muito elucidativo de que a covid não terá causado por aqui muitas vítimas. Não existiu um "pico", como nos outros distritos mais "atacados", mas antes o famoso "planalto", entre finais de Março e meio de Abril. A partir daí a mortalidade tem descido, de forma consistente, estando agora praticamente aos níveis da média.
Reitero aquilo que tenho defendido, mas agora com outro enfoque. Neste momento, Portugal tem dois desafios: tentar evitar que a covid se instale nos grupos etários mais idosos, e sobretudo das pessoas com mais de 85 anos, e evitar o pânico da população em geral. E julgo que teria sido mais prudente fazer desconfinamentos graduais numa base regional, e não o actual desconfinamento com restrições tão severas que se transforma num "confinamento ao ar livre". Pode ser que esteja enganado. Seria bom.
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