terça-feira, 14 de julho de 2020

DO MERCANTILISMO DO MEDO ou DO MEU ESTADO DE IRRITAÇÃO PERANTE O ESTADO DO VALE TUDO PARA MANTER O PÂNICO

A sério: algum do jornalismo do Público (e falo do Público, porque sou leitor e assinante) começa a irritar-me solenemente. Um denominado "Depoimento Coronavírus", que relata longamente o «calvário» de um homem de 36 anos (jovem, lá está!), que esteve 20 dias nos cuidados intensivos por causa do covid-19, é um must do "novíssimo pânico-jornalismo"...

Eis o jornalismo que toma uma andorinha por uma revoada; um jovem por toda a população jovem. Generaliza-se assim o medo da morte para que não se possa viver sem pensar na morte. Faz-me lembrar a Igreja até finais do século XVIII: os padres falavam insistentemente na morte para incutir o medo; e assim fazer com que os crentes pagassem (missas e outras oferendas) pela salvação após a morte. Era (e agora é) o mercantilismo do medo.

Vamos lá a ser sérios: um jornal como o Público, que tem e teve tão bons jornalistas de investigação ao longo dos seus 30 anos, tem obrigação de dar aos leitores muito mais. Eu já me contentava, no caso em apreço, que o Público me dissesse (como leitor) qual a percentagem de casos positivos de pessoas com menos de 40 anos que chega aos cuidados intensivos... Só assim se pode aquilatar se estamos perante um caso sério... E digo-vos, o Público tem meios para conseguir saber isso e muito mais, mas infelizmente parece uma caixa de ressonância da informação oficial. Lamento dizer isto, mas é aquilo que sinto. Não há na informação do Público sobre a covid-19, nos últimops meses, um desvio sequer à informação oficial. Não há uma análise para além do que é facultado pela DGS. Népia. Nanja.

Para já, a única coisa que podemos saber, e não é pelo Público (sou eu que pego nos relatórios da DGS e ponho-me a fazer cálculos), é que a taxa de letalidade para os menores de 40 anos é de apenas 0,027% (cinco óbitos em 18.308 casos positivos). Se considerarmos as pessoas dessa faixa etária que morreram desde Março, a covid-19 é culpada por apenas 0,5% do total. Ah, já agora, cinco mortes de pessoas com menos de 40 anos significa 0,000117% da população portuguesa nesta faixa etária. Não me parece coisa de pandemia. Acho que suicídios de pessoas com menos de 40 anos terão sido mais do que isso. De acidentes rodoviários, idem.

Ah, e não me posso esquecer de um pormenor do «Depoimento Coronavírus». O depoente diz o seguinte, a muitas páginas tantas: «Perdi 15 quilogramas. Mudei um pouco a minha alimentação, porque ainda tenho de perder peso.». Se calhar, o pior perigo para a sua vida não foi o SARS-CoV-2; foi o excesso de peso.


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