domingo, 12 de julho de 2020

DA OUTRA PANDEMIA QUE NUNCA ACABA

Por favor, arranjem-nos um adulto para a sala: não podemos continuar neste fenesi de covid para aqui e covid para ali, e sempre a omnipresente covid, e continuar a assistir ao completo alheamento do Governo e da DGS ao resto daquilo que é o Serviço Nacional de Saúde, que caminha para o descalabro. 2020 ameaça ser um annus horribilis, mas não por causa da covid-19 mas pela gestão (política e técnica) da pandemia.

O excesso de mortalidade continua em alta, sem parar, e não é por causa do SARS-CoV-2. Continuamos bem acima da mortalidade média em Julho (e que conta com uma onda de calor em 2013 que fez duplicar os óbitos em alguns dias), e não, não é por causa da covid. Por exemplo, no dia 10, segundo os meus cálculos, o excesso de mortalidade (média móvel de 5 dias) estava nos 46 óbitos. E nesse dia morreram 8 pessoas por covid.

Desde o início da pandemia (16 de Março, e até 10 de Julho) morreram 37.372 pessoas, das quais 1.654 por covid (4,4% do total). A média (2009-2019) é de 32.806 óbitos. Se colocar aqui intervalos de confiança (a 95%) seria expectável, neste período, que os óbitos se situassem entre os 30.949 e os 34.663.

E enquanto isto, e enquanto diagnósticos, consultas, exames, cirurgias são adiadas, e enquanto os lares estão num descontrolo (a pedir intervenção do Ministério Público), a DGS anda preocupada com o alcóol gel nos estaleiros da construção civil... Deve ser para os pedreiros desinfectarem as luvas... Deve ser aí que está a solução para o excesso de mortalidade que "vivemos".


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