sábado, 19 de setembro de 2020

DOS TESTES E DO CONTROLO DE QUALIDADE

Não sou muito apologista das teorias da conspiração, mas gostava de saber se existe um sistema de inspecção pela DGS (ou de uma entidade reguladora) ao funcionamento dos Laboratórios Referenciados (existe uma longa lista) que realizam os testes PCR para detectar o SARS-Cov-2.

Sei apenas que até ao início de Junho (três meses do início da pandemia, sabendo-se que os picos de casos positivos e de mortalidade foram atingidos em Abril) se tinham realizado menos de 900 mil teses PCR, o que dá uma média de cerca de 300 mil por mês. Entretanto, sabe-se que, actualmente, já se realizaram em Portugal quase 2,4 milhões de testes PCR em Portugal, ou seja, nos últimos três e meio realizaram-se 1,5 milhões de testes, o que dá mais de 400 mil testes por mês, e que "apanharam" o período de Verão que teve poucos casos positivos e ainda menos mortes. Prevejo que se vá intensificar os testes, e sei mesmo que há já contratos para testes em lares cada vez mais frequentes.

Neste momento, não haja dúvidas sobre a existência de uma "indústria de testes", que não nos sairá barato. Haver mais casos positivos, e aumentar o pânico, alimentará a procura desejada por essa nova "indústria". Haver menos casos, significa menos procura. E os laboratórios não são ingénuos. E não sejamos nós também ingénuos. Os milhões (sim, são mesmo milhões de euros) usados para se pagarem testes são desviados de outras necessidades, prementes, de Saúde Pública. Não nos saem de borla, mas serão úteis apenas na medida em que forem rigorosos.

Nessa medida, será legítimo saber como tem sido feito o controlo de qualidade dos testes PCR feitos em laboratórios privados, que sabem de antemão que quanto mais casos positivos houver, mais solicitações lhe serão feitas. E saber quais os protocolos de comunicação e de garantia no rigor nos números, quer em relação ao número de testes efectivamente realizados, quer ao nível do controlo à posteriori dos resultados obtidos.

Isto não é estar a desconfiar dos laboratórios. É sim defender o óbvio dever de o Estado garantir rigor e credibilidade. E defender os interesses dos cidadão, ainda mais numa matéria sensível como é a Saúde Pública.



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