terça-feira, 15 de setembro de 2020

DA REALIDADE, DA COVID, DA OUTRA PANDEMIA E DA NECESSIDADE DE SE ABRIR A PESTANA

Se considerarmos a taxa de mortalidade nos maiores de 85 anos (óbitos no grupo etário pela população no grupo etário), em 10 de Abril de 2020, no auge da pandemia, a taxa de mortalidade acumulada era de 5,0 óbitos por 100 habitantes, e estava muito abaixo da média (para o período 2014-2019). Aliás, estava abaixo mesmo do limite inferior do intervalo de confiança (a 95%), o que significava que, em proporção (note-se), estava a morrer muito menos pessoas deste grupo etário do que seria suposto, muito em parte pela gripe de Inverno não ter sido muito agressiva.

Entretanto, apesar de nos últimos meses a covid estar a matar muito menos, houve um agravamento na mortalidade nos mais idosos. E em 10 de Setembro a mortalidade acumulada estava já nos 11,37 óbitos por 100 habitantes, já um pouco acima da média. Para esta inversão contribuiu sobretudo o mês de Julho (que foi uma hecatombe para os idosos, muitíssimo pior do que a covid) e também os primeiros dias de Setembro.

Pergunta: a culpa desta inversão foi da covid? Ou antes foi de um sistema de saúde obcecado com a covid-19 mas que passou a borrifar-se olimpicamente no tratamento de todas as outras afecções? Ainda acreditam que está tudo bem com o SNS, e que a DGS e Ministério da Saúde andam a fazer um bom trabalho?

Nota: A taxa de mortalidade foi calculada em função da mortalidade em cada ano (para os períodos de referência, o dia 10 de cada mês) e da população estimada, segundo o INE. Isto significa que a taxa de mortalidade pode ser menor num determinado ano, mesmo havendo mais óbitos, se o grupo etário tiver entretanto aumentado. Num ano normal, no final de Dezembro, a taxa de mortalidades nos maiores de 85 anos ronda os 15 por 100 pessoas.







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