"Não há bem maior do que a vida e esse é essencial", disse hoje António Costa. Por isso mesmo, toca a meter mais contingência por causa da covid-19, e nem uma palavra para o excesso de mortalidade que não pára. Morreram 28 pessoas com/por covid nos primeiros nove dias de Setembro, não foi? Não pode ser, não é? Não, não pode!
Mas já é aceitável que em apenas nove dias (os primeiros deste mês de Setembro) possam morrer à vontadinha mais 221 idosos com mais de 85 anos do que a média (ou mais 159 se se considerar o limite superior do intervalo de segurança) sem que isso cause celeuma a ninguém, não é? Essas vidas não eram essenciais, pois não? Nem em qualidade nem em quantidade sequer, que foram muitas mais do que as mortes por covid em igual período.
Entretanto, não houve um, não há um, unzinho, um simples, um radical, um jornalista que seja que tenha tido a coragem (ou estudado os números para saber, se não for uma questão de coragem) para perguntar ao primeiro-ministro sobre o estado do SNS. Um sequer, para amostra de raridade, que tenha questionado o primeiro-ministro sobre o que vai fazer perante o mais que evidente excesso de mortalidade desde Março não associado directamente à covid. Um excesso de mortalidade associado sim à estratégia política da covid. E que anda a matar mais do que o SARS-Cov-2. E dessas vidas, pouco andam a valer para o primeiro-ministro.
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