Quando comparo os dados da mortalidade dos maiores de 65 anos entre Portugal e a Suécia, o exercício provoca-me um fluxo significativo de calão, Afinal, o país que nunca obrigou ninguém a meter trapos nas fuças, que foi acusado de matar velhos, apresenta taxas de mortalidade dos maiores de 65 anos que nos deviam envergonhar... por serem muito mais baixas do que as nossas.
Desde o início do ano, e padronizando a população deste grupo etário (aqueles que nós queríamos proteger com trapos, confinamentos, StayAwayCovids, estados de calamidade e de sítio, recolheres obrigatórios e o diabo que os carregue), Portugal apresentava, no final de Setembro, mais 11,1% de mortes do que a Suécia. Trocado em miúdos, desde o início de 2020, por cada 100 suecos idosos que morerram, em Portugal morreram 111.
Aliás, a situação nunca esteve desfavorável à Suécia, mesmo no pico da covid (Abril e Maio), porque aqueles nórdicos desalmados não deixaram morrer tanta gente de gripe como os portugueses nos meses de Janeiro e Fevereiro.
Contudo, desde Julho, dá uma raiva descomunal comparar os níveis de mortalidade mensal entre os dois países em relação aos mais idosos (acima de 65 anos). Em Julho morerram em Portugal 34,4% mais; em Agosto 15,4% mais; em Setembro 20,7% mais.
Fazendo alguns cálculos, se Portugal apresentasse actualmente a mesma taxa de mortalidade acumulada da Suécia para os maiores de 65 anos (e mesmo contabilizando a covid), em vez de termos tido, até finais de Setembro, 76.744 mortes por todas as enfermidades, estaríamos com 69.047. Seriam menos 7.697 mortes, Seriam mais 7.697 pessoas com quem as famílias, eventualmente, poderiam passar o Natal...
Não acordem para isto, não. Continuem a acreditar que o SNS está bem; continuem a acreditar que os trapos e os confinamentos são a estratégia principal para debelar a covid (os transportes estão óptimos); continuem a acreditar que basta tomar a vacina da gripe, como o Marcelo Rebelo de Sousa, e que não se morre porque se adiam consultas, exames e cirurgias. Continuem a acreditar no Pai Natal.