domingo, 2 de agosto de 2020

DO JULHO, UM DESASTRE DE SAÚDE PÚBLICA (COM COMPROVATIVO ESTATÍSTICO)

Começa a ser algo irritante, mas com "remédio" eficaz, os "paraqueditas" que, de quando em vez, arremetem contra mim, quase sempre contra o meu currículo (com uma obsessão embirrenta no meu estatuto de doutorando, nem sei porquê).

Enfim, também especial atenção têm alguns dos meu queridos "atacadores" ao detalhe dos meus gráficos à cata de imprecisões. Se não apresento as linhas dos intervalos de confiança, gritam heresia!

Pois bem, se se quer intervalos de confiança (algo que sempre calculo mesmo quando não apresento por razões de maior simplificação gráfica), então aqui estão, e que a propósito mostram de uma forma ainda mais evidente como foi tenebroso o mês de Julho em termos de Saúde Pública, sem paralelo com os meses anteriores. E a culpa não foi da covid.

Passo a explicar o que fiz. Calculei a média (2009-2019) e os intervalos de confiança (a 95%) para cada mês, e comparei com o registo da mortalidade total do mês homólogio de 2020, e em seguida calculei três possíveis excessos: a) excesso de óbitos em relação ao limite inferior do intervalo de confiança (máximo expectável); b) o excesso de óbitos em relação à média; c) o excesso de óbitos em relação ao limite superior do intervalo de confiança (mínimo expectável). Por fim, deduzi as mortes por covid no respectivo mês, para assim ficar com o excesso de mortes não relacionadas directamente com a covid (no primeiro comentário, coloquei um gráfico sem as deduções da covid).

Eis então o triste retrato:

a) Março - terá ocorrido um excesso máximo de 1.046 óbitos, mas a mortalidade deduzida a covid está dentro do intervalo de confiança, pelo que pode não ter ocorrido qualquer excesso.

b) Abril - registou-se um excesso de óbitos não-covid de entre 445 e 1.377 pessoas, com um valor médio de 891 pessoas.

c) Maio - registou-se um excesso de óbitos não-covid de entre 287 e 1.162 pessoas, com um valor médio de 724 pessoas.

d) Junho - reforçando a tendência decrescente dos dois meses anteriores, registou-se um excesso de óbitos não-covid de entre apenas 14 e 930, com um valor médio de 472.

e) Julho - um desastre completo: o excesso de óbitos não-covid encontra-se entre um mínimo de 1.504 pessoas e um máximo de 2.705 pessoas. O valor médio deste excesso foi de 2.105. Em termos comparativos, entre 16 de Março e 31 de Julho morreram 1.737 pessoas por covid. O valor médio em excesso apenas no mês de Julho representa cerca de 68 caixões a mais todos os dias. O máximo diário de mortes por covid foi de 37 (dia 3 de Abril) e houve apenas 10 dias com mais de 30 mortes.

Espero com isto que se fique com plena consciência da enorme gravidade da situação de Saúde Pública durante o mês de Julho, sem um 'ai' nem um 'ui' do Governo e da DGS. Se há um mês de "pandemia" não foi nem Março nem Abril; foi Julho. E temo que Agosto não seja diferente.



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