Existe, há alguns anos, um "pacto de silêncio" na comunicação social (e concordo) em redor dos suicídios. Mas se o objectivo é evitar a propagação deste fenómeno por cópia (o chamado Efeito Werther, vindo do romance setecentista de Goethe), não pode ser ignorado como um risco suplementar nos tempos que correm, e sobretudo nos que correrão. Apesar deste "apagamento " mediático, os dados oficiais (SICO) mostram que o suicídio mata mais do que os acidentes rodoviários, os acidentes de trabalho e os homicídios - todos juntos!
Não sou médico, nem psiquiatra nem psicólogo, mas parece-me lógico antever que em períodos de crise económica haverá um maior risco de sucídio. Em 2014 e 2015, quando ainda a último crise não nos abandonara, registaram-se 902 e 771 suicíduos, respectivamente. Nos anos seguintes, com a melhoria financeira, observou-se uma tendência de redução: 585 em 2016, 616 em 2017, 553 em 2018 e 495 em 2019. Este ano, até Abril, todos os meses tinham registado menos suicídios que o mês homólogo do ano anterior. Em Janeiro de 2020 contaram-se 39 (menos 9), em Fevereiro 38 (menos 7), em Março 42 (menos 8) e em Abril 34 (menos 6).
Mas eis que surge Maio!E tivémos então uma inversão. Ao longo dos 31 dias do mês que agora findou, registaram-se 56 suicídios, o valor mais elevado dos últimos 22 meses, e o terceiro mais elevado desde 2018. Pode ser um acaso (existem muito, porque são complexos os meandros que levam ao suicído), mas espero que este assunto não ignorado. Até porque é enganador pensar que "Vamos Todos Ficar Bem". Não vamos.
Sem comentários:
Enviar um comentário