Este gráfico - que mostra, para a média móvel de 5 dias, a diferença entre os óbitos verificados este ano (até 2 de Junho) e a média do período 2009-2019 - evidencia dois problemas, um já conhecido e o outros desconhecido, mas ambos ignorados:
1- A covid-19, apesar de ter causado 1.455 vítimas (a maioria idosa), não tem sido o maior problema de saúde pública. Como se pode observar, a área entre a linha amarela e vermelha representa o excesso de mortalidade não-covid a partir da segunda semana de Março, e essa área foi sempre muito superior à área entre o eixo da data (X) e a linha amarela, que representam os óbitos por covid-19.
2 - A pequena onda de calor da última semana de Maio causou um incremento da mortalidade, como também se observa no gráfico, com a subida abrupta da linha vermelha, estando a amarela estabilizada. Esta situação (que atingiu sobretudo a população mais idosa) é preocupante para o Verão que se anuncia. Se se verificarem novas ondas de calor (e com temperaturas ainda mais extremas), a situação pode ser terrível face à "fragilidade" de uma parte sensível da população que viu a assistência médica ser "suspensa" durante a pandemia.
Conclusão: a preocupação exclusiva pela covid-19 por parte da DGS já cansa, chateia e é contraproducente. Morrer de outras afecções, nesta altura, é incomensuravelmente superior à de morrer de covid. É altura de pôr o SNS a funcionar a todo o gás, e com meios reforçado para compensar os adiamentos e tempos perdidos.
Noia 1: A linha vermelha abaixo do eixo do X antes de Março significa que a mortalidade estava então abaixo da média, porque o surto gripal estava a ser menos intenso do que habitualmente. A subida da mortalidade antes mesmo da primeira morte oficial por covid indica que já haveriam vítimas não detectadas.
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