/ Lembram-se que o confinamento serviu para, não apenas encontrar uma estratégia adequada para proteger os mais vulneráveis, "achatar" a curva epidemiológica, de modo a não sobrecarregar os serviços de saúde. Ora, ninguém garantia que a covid-19 desaparecia por completo, mesmo se a sua actividade claramente tem diminuído em toda a Europa com o aproximar do Verão.
Ora, aquilo que está a suceder em Portugal é uma situação perfeitamente normal e dentro do previsto. Actualmente, os casos positivos (sobretudo por via de uma corrida desenfreada á realização de testes, que mais não fazem do que aumentar a ponta do icebergue, tendo em conta que assim se apanham mais positivos assintomáticos) são em muito menor número do que na primeira quinzena de Abril, quando estávamos em pleno confinamento. Mais importante ainda: o grupo dos idosos, os mais vulneráveis, estão em termos absolutos e relativos a ser menos contaminados.
Na primeira quinzena de Abril foram contabilizados no grupo dos maiores de 80 anos cerca de 127 casos positivos por dia; na primeira semana de Junho foram apenas 15 por dia. Significa que, tendo em conta a taxa de letalidade para este grupo etário, os casos na primeira quinzena de Abril originaram 27 óbitos por dia neste grupo etário. Os casos positivos desta primeira semana de Junho previsivelmente originarão, em breve cerca de 3 óbitos por dia, Pode-se consegui melhor? Claro, com muitos custos económicos. Mas com menores custos económicos podemos salvar muitas mais de outras afecções, se o SNS não continuar obsessivamente a olhar para a covid julgando que alguma vez vamos conseguir zero mortes por esta causa.
Deixo-vos em baixo um gráfico que mostra a proporção de casos positivos por grupo etário durante a primeira semana de Junho e a proporção de óbitos expectáveis em função das actuais taxas de letalidade (por grupo etário).
Nota 1: Bem sei que 42 mortes que, previsivelmente, estes contaminados originarão são 42 vidas perdidas e muitas família em sofrimento. Sim, é verdade. Tal como as cerca de 2.000 vidas perdidas em média por semana por outras doenças. A vida não é justa.
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