quarta-feira, 22 de abril de 2020

CONTRIBUTO PARA O FIM DO CONFINAMENTO / DO IMPACTE DA COVID NOS MENORES DE 55 ANOS /

Depois de ter aqui apresentado, há dias, uma análise em redor da variação da mortalidade nos maiores de 75 anos – que, efectivamente, quantificou o impacte bastante negativo da covid neste grupo etário -, aqui segue o “extremo oposto”: os menores de 55 anos, que agrega a população mais jovem, em idade escolar e uma parte muito substancial da população activa, que faz mover a Economia.
O período em análise é o de 1 de Janeiro a 15 de Abril, sendo confrontado o ano em curso com a média dos últimos seis anos (2014-2019). Calculei o intervalo de confiança a 95% para encontrar os valores mínimos e máximos expectáveis, de modo a saber como está a decorrer o nível de mortalidade ao longo de 2020 e sobretudo como decorreu o primeiro mês desde que foi anunciada a primeira morte por covid-19 (16 de Março). A taxa diária média de mortalidade foi calculada em função da estimativa da população em 2018 para a faixa etária dos menores de 55 anos. De acordo com os dados do INE, nesse ano estimava-se que viviam em Portugal, nesse ano, 6.634.700 pessoas com menos de 55 anos, i.e., cerca de 2/3 da população portuguesa.
Como podem observar no gráfico, felizmente a mortalidade no grupo etário abaixo dos 55 anos é bastante baixa, e mesmo assim, em média, apresenta uma tendência decrescente entre Janeiro e Abril – como, aliás, é comum a outros grupos etários. Apesar das variações diárias acabem por criar algum ruído na análise, mostra-se evidente que numa parte substancial dos dias durante todo o ano de 2020 a mortalidade está bastante abaixo da média e mesmo do limite inferior (mínimo) do intervalo de confiança. E, MUITÍSSIMO IMPORTANTE, tal situação mantém mesmo desde a segunda quinzena de Março até ao final do período de análise, ou seja, a covid-19 não apenas tem um impacte nulo na faixa etária abaixo dos 55 anos como provavelmente o confinamento até estará a reduzir a mortalidade neste grupo.
Comparando período a período, observa-se também, para este grupo etário, que na segunda quinzena de Março houve uma redução de 11,7% na mortalidade em relação à média (menos 38 óbitos), e uma redução de 14,6% (menos 45 óbitos) na primeira quinzena de Abril. No período de Janeiro à primeira quinzena de Abril, o grupo etário dos menores de 55 anos registou uma redução de 395 óbitos em relação à média (-16,8%).
Obviamente, uma parte destes “bons” resultados pode dever-se ao confinamento. Porém, na mesma linha de raciocínio, NÃO EXISTE QUALQUER INDÍCIO de a covid-19 constituir um perigo real, efectivo, para a população com idade inferior a 55 anos. Esta conclusão não significa, obviamente, que a covid-19 seja isenta de risco para determinadas pessoas deste grupo etário, mesmo sem qualquer comorbilidade conhecida. Porém, esse risco particular,que ocorre para qualquer outra afecção, não deve ser motivo para um lockdown como aquele que está em vigor, afectando não apenas a Economia como o usufruto da vida (que contém sempre um risco) pela generalidade das pessoas.
Em suma, sem prejuízo de defender a necessidade premente de protecção da população mais idosa (ou de risco), mas que não constitua uma "prisão", e de medidas apertadas de controlo dos contágios e do tratamento da doença, mostra-se cada vez mais evidente que, pelo menos em Portugal, o confinamento, nas actuais condições, não faz já qualquer sentido para 2/3 da população (grupo etário abaixo dos 55 anos).



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