sexta-feira, 24 de julho de 2020

DAS SUBTILEZAS DA NOSSA IMPRENSA PARA ALIMENTAR O MEDO

O Público continua em "grande" na sua campanha de agudização do pânico. Agora até se aproveita de artigos da Reuters e traduz o título para português dando-lhe tons alarmistas. Neste caso em concreto, o título é "Nos EUA, a covid-19 mata diabéticos a um ritmo alarmante".

Lê-se o texto, escrito por jornalistas da Reuter, e fica a saber-se, entre outras coisas, que «manter a diabetes sob controlo [nos Estados Unidos] — uma das melhores defesas contra a covid-19 — tornou-se difícil, já que a pandemia interrompeu os cuidados médicos, os exercícios e rotinas alimentares saudáveis.» (sic).

'Pera aí! Então afinal, o que mata não é a covid! É ter covid e não ter tratamento adequado para a diabetes! Quer dizer: deduz-se que se houvesse tratamento adequado para a diabetes em tempos de pandemia, os diabéticos não morreriam tanto de covid se a tiverem. Certo? Ou seja, a culpa não é propriamente do SARS-CoV-2. É da diabetes e é de não se dar um tratamento e condições adequados aos diabéticos. Certo? Ent-ao, sendo assim, que raio de título é aquele?

Fui ainda pesquisar como estava titulada a mesma notícia em versões inglesas. Pois bem, está assim: "Why COVID-19 is killing U.S. diabetes patients at alarming rates". Pois, é uma coisa completamente diferente e que reflecte o conteúdo. Lá fora faz-se jornalismo sem se ser alarmista. Os jornalistas remetem-se ao seu papel de... jornalistas.

Enfim, o Público parece ser um case-study sobre como se aniquila a crediblidade de 30 anos com uma pandemia.



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