sábado, 6 de junho de 2020

DO MEDO E DAS CONSEQUÊNCIAS LETAIS

A crescente onda de histérica preocupação em redor do aumento de casos positivos de covid-19 - e que teve, como consequência política a irresponsável decisão de suspender consultas ditas não urgentes na região de Lisboa - só pode dar para o torto. E não por causa do SARS-CoV-2.

Vamos ser claros: sabemos que o coronavírus não vai desaperecer completamente, mesmo se sensível ao tempo quente e raios UV. Nem as gripes desaparecem por completo no Verão. Aqulo que nos deve preocupar é o controlo dos mais idosos e, particularmente dos maioers de 80 anos.

A obsessão de se querer salvar toda a gente da covid-19, além de uma quimera, pode desencadear mais mortes do que aquelas que potencialmente se salva do vírus por uma copncentração desmesurada de meios humanos, técnicos e financeiros.

Fiz umas estimativas, que apresento no quadro em baixo, para perceber o impacte futuro deste aumento de casos positivos, tendo em conta as diferentes taxa de letalidade (óbitor por casos positivos) por faixa etária e os casos positivos nas duas últimas semanas por faixa etária.

Ora, o aumento dos casos tem incidido, nas últimas duas semanas, na faixa dos mais novos, sobretudo entre os 20 e 40 anos. Nas últimas duas semanas, o número de casos positivos nos maiores de 80 anos foi de apenas 16 por dia, muito longe dos 127 casos por dia na primeira quinzena de Abril, em pleno confinamento, diga-se.
Ora, se os casos da primeira quinzena de Abril resultaram num desfecho trágico de 27 mortes por dia (127*21,32%), no caso actual será expectável que tenhamos, para este nível de casos, apenas três óbitos. Fazendo os cálculos para todos os grupos etários, será expectável, num futuro próximo, termos 6 mortes diárias por covid-19... São estes os valores que temos de ter em consideração quando se fazem opções políticas e se continua a suspender exames, consultas e cirurgias... E a manter o stress e o medo de idas aos hospitais. Acho que isso anda a matar muito mais do que seis pessoas por dia. Basta ver o excedente de mortalidade que temos vindo a assistir. Na política, como na vida, têm de se tomar opções que não são o óptimo (zero mortes), mas o segundo óptimo. Lembremo-nos do adágio popular: quem tudo quer, tudo perde. Que no caso da covid, significa: quem quer salvar toda a gente do SARS-CoV-2 arrisca-se a perder muito mais por outras doenças.

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