quinta-feira, 26 de março de 2020

ACREDITEM: A MORTALIDADE DA COVID-19 É BEM SUPERIOR

ACREDITEM: A MORTALIDADE DO COVID-19 É BEM SUPERIOR / Bem sei que este post vai ser pouco lido. Também bem sei que, mais tarde ou mais cedo, a imprensa acordará e começará então a ter um olhar mais crítico sobre o «boletim diário» sobre o covid-19. Em todo o caso, aqui vai o alerta: as mortes por covid-19 em Portugal pecam por defeito. E muito. Na verdade, aqui em baixo explico como tenho a convicção, para não dizer a certeza, de já terem morrido por esta doença mais de 300 pessoas no nosso país.
Vamos à sustentação, baseando-me nos dados oficiais da Vigilância da Mortalidade da DGS (evm.min-saude.pt), que contabiliza os óbitos por dia em todo o país, permitindo assim comparações com os anos anteriores, desde 2009. Há dias já fizera uma breve análise, mas desta vez refinei a análise, considerando três períodos: Janeiro-Fevereiro (60 dias); primeira quinzena de Março (1-15 de Março); o período entre 16 e 25 de Março (10 dias).

Conforme podem confirmar nos quadros em anexo, Janeiro-Fevereiro de 2020 foi um período particularmente pouco mortífero em comparação com o ano de 2019 e a média de 2010-2019, tendo-se registado, respectivamente, menos 2.440 (-10,2%) e menos 667 óbitos (-3,0%). Estes números indicam assim que, para os primeiros 60 dias do ano de 2020 registou-se uma média de 358 óbitos diários, que contrasta com 399 óbitos diários em 2019 e 369 óbitos diários no período 2010-2019.

O mês de Março, sendo já período com meteorologia menos agreste, apresenta geralmente uma mortalidade inferior à dos dois meses anteriores. E a segunda quinzena de Março é, por regra, menos mortífera do que a primeira. Com efeito, na primeira quinzena de Março tanto de 2019 como do período 2010-2019 morreram, em média, 332 pessoas por dia, descendo para 314 e 315 óbitos diários entre 16 e 25 de Março.

E é aqui que está o problema; o grande problema como o nosso tenpo presente. E daí com o covid-19. De facto, seguindo a tendência dos meses anteriores, a primeira quinzena de Março de 2020 foi também menos mortífera em comparação com os anos anteriores, registando menos 7,2% de óbitos em confronto com 2019 e a média de 2010-2019. Porém, de uma forma claramente abrupta, mas consistente, a partir do dia 16 de Março, o ano de 2020 passa a deter uma mortalidade inusitada. Conforme se pode observar no quadro em baixo, analisando este período de 10 dias, o presente ano regista mais 6,1% e 5,6% de óbitos em comparação, respectivamente, com 2019 e o período 2010-2019. Ou seja, de repente, passa de pouco mortífero para muito mortífero.

Ora, sendo expectável que se registe – e é isso que se observa estatisticamente – uma redução na mortalidade de cerca de 4,5% entre a primeira e a segunda quinzena de Março, então seria expectável, face aos óbitos da primeira quinzena, que no período entre 16 e 25 de Março deste ano se registassem 2930 óbitos. Contudo, a DGS indica a ocorrência de 3.325 óbitos. Tendo em consideração que oficialmente morreram 60 pessoas com covid-19 entre 16 e 25 de Março, há assim um acréscimo anómalo de 335 mortes. Anómalo ainda mais sabendo-se que as condições de qualidade do ar (que tantas mortes causam) e de mortalidade associada ao tráfego e ao trabalho se reduziram em virtude da quarentena. Portanto, se este acréscimo elevado (cerca de 33 pessoas a mais por média diária) não for por covid-19 de «rabo escondido», convinha então que a DGS investigasse. Pode sempre haver outro vírus à solta e não sabermos.

Por fim, acrescento que não estou a dizer que as autoridades de saúde estejam a mentir. Estarão, provavelmente, sim, a não fazer muito esforço para dizer a verdade. Se as pessoas morrem de covid-19 mas não se faz a despistagem na autópsia, nunca serão contabilizadas como vítimas do vírus. E ficamos com uma estatísticas mais bonitas. Mas essas pessoas morreram à mesma, claro.




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