terça-feira, 24 de novembro de 2020

DO FERNANDO NOBRE, DA PIMENTA NA LÍNGUA, DO POLÍGRAFO, DA ESTAGIÁRIA E DA PIMENTA A DEVOLVER EM SUPOSITÓRIOS

Isto seria cómico se não fosse trágico. O famigerado Polígrafo utilizou uma estagiária de jornalismo, de seu nome Maria Leonor Gaspar - com o extraordinária currículo de licenciada em Estudos Portugueses pela FCSH e pós-graduada em Jornalismo e Comunicação Audiovisual pela ETIC (que nem sequer é de ensino superior) -, para desmentir categoricamente Fernando Nobre, médico com longo e meritoso percurso, além de professor universitário. Em causa estavam as suas declarações na entrevista ao 'invertebrado' Unas de que "os assintomáticos não transmitem o vírus".

Mas não foi um simples desmentido. A estagiária Gaspar lá foi falar com este e mais aquelE e aqueloutro. E depois zás!, "pimenta na língua" de Fernando Nobre. Eis com que "massa" se faz um Polígrafo: fermentando-se com uma estagiária de jornalismo que, do alto da sua "cátedra de ignorância", disserta sobre assuntos complexos.

Nem de propósito, no dia anterior (dia 20) à escrita desta 'coisada', a Nature (que tem uma cotação mais elevada, parece-me, do que essa "coisa" chamado Polígrafo) publicou um artigo científico sobre um estudo em Wuhan, envolvendo quase 10 milhões de habitantes, onde se concluiu que "não houve evidência de transmissão de pessoas positivas assintomáticas para contatos próximos rastreados". Que chatice: a estagiária Gaspar não lê a Nature.

Enfim, acho que Fernando Nobre deveria devolver de imediato a pimenta ao Polígrafo sob a forma de supositórios. 

Nota: O título da estagiária pode ser consultada na Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas (aqui). O artigo da Nature pode ser consultado aqui. O DN fez notícia no dia 22, que pode ser consultada aqui.





4 comentários:

  1. Acaba por ser trágico. O entrevistador apagou a entrevista. Só tomei conhecimento dela porque sei procurar na Net.
    Grande Homem o Fernando Nobre.
    oliveira

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  2. Atrevimentos de pessoas IGNORANTES ou mal-intencionadas.

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  3. Essa interpretação do artigo da Nature está errada. Os próprios autores dizem que não se aplica noutras situações em que o vírus está a circular. Os chineses conseguiram a erradicação do virus devido a lockdown violento. Como pode ver não houve nenhum sintomático com teste positivo. Mais ainda, apesar de quase 10 milhões de testes PCR não aparecetam os míticos falsos positivos que muita gente diz que existem. Neste mometo, parece consensual que os pré-sintomáticos (ou sejam, sem sintomas uns dias antes de terem sintomas) transmitem a doença.

    Ver https://www.bmj.com/content/371/bmj.m4695

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    1. José Paulo, os resultados pós-lockdown em Wuhan não são extrapoláveis, como nenhum evidência que inspirou as medidas draconianas na Europa com base na experiência chinesa era extrapolável, mas aí não houve inibições. É incoerente manifestar reservas em relação a uns aspectos e aceitar acriticamente outros que enfermam afinal dos mesmos problemas de validade externa. Não esquecer que todos os dados da China são previamente sujeitos à "revisão por pares" do partido comunista chinês. Este estudo na Nature não é excepção. Desde logo, haver um número tão redondinho de alegados 300 casos assintomáticos é suspeito. Todos os assintomáticos (vá-se lá saber qual será o número real) seriam falsos positivos e estes obviamente não manifestam sintomas, nem contagiam ninguém. Por ser um número tão baixo é mais uma razão para desconfiar dos dados contidos no estudo. Por outro lado, leia-se que o estudo original enferma de erros graves, designadamente: "testing of antibody against SARS-CoV-2 virus was positive IgG (+) in 190 of the 300 asymptomatic cases, indicating that 63.3% (95% CI 57.6–68.8%) of asymptomatic positive cases were actually infected. The proportion of asymptomatic positive cases with both IgM (−) and IgG (−) was 36.7% (95% CI: 31.2–42.4%; n = 110), indicating the possibility of infection window or false positive results of the nucleic acid testing". Isto é, assume erradamente que os recuperados de infecção passada (a quem se detectou IgG) eram indivíduos com infecção activa!
      Você referiu que um "lockdown violento" conseguiu a erradicação do vírus, como se isso fosse possível num vírus respiratório, zoonótico, com hospedeiros animais. É falso. O vírus continuará a existir de forma endémica, não foi erradicado, quando muito adiou-se a exposição ao mesmo de parte da população que continuará vulnerável. Mas, como em tudo o que vem da China, apenas sabemos meias verdades...

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