quarta-feira, 23 de setembro de 2020

DA COVID, A DOENÇA IN, E DAS CRIANÇAS QUE NUNCA SERÃO VACINADAS CONTRA A COVID

Anda a circular, a nível internacional e também em Portugal, um movimento de personalidades denominado "Vacina Covid-19 para Todos". Na lista portuguesa constam lá muitas pessoas por mim (e não só) muito consideradas e mesmo muitos amigos. É bom existirem esses movimentos, embora sempre me pareceram servir para serenar consciências. Na verdade, ninguém no seu perfeito juízo recusará subscrever a ideia da vacinação gratuita e universal (embora tenha dúvidas sobre a necessidade de abranger todas as faixas etárias), apesar de o gratuito ter sempre uma factura maior ou menor a ser paga por alguém.

Porém, há sempre um porém. Deu-me a casmurrice, por ver tão lesta mobilização de personalidades, para ir à página da UNICEF observar como andam os programas de vacinação por esse Mundo fora, e como anda a saúde das crianças por esse Mundo fora.

Não vou ser exaustivo, mas rapidamente se fica a saber (vd. aqui), por exemplo:

a) em cada 39 segundos morre uma criança com menos de 5 anos por pneumonia (quantas crianças morrem por covid, alguém me sabe dizer?); no total, em 2018, foram 802 mil crianças mortas antes de chegarem aos 5 anos (não morrerão assim, daqui a 80 anos, de covid).

b) em cada 2 minutos morre uma criança com menos de 5 anos de malária (só há uma vacina desde 2015, e de baixa eficácia e não recomendada a crianças pequenas...)

c) em 2019 cerca de 14 milhões de bébes não tinham ainda tomada a vacina DTP (difteria, tétano e coqueluche)

d) em 2018, apesar dos progressos, por causa da pneumonia, diarreia, sepsis, malária, tétano, meningite, encefalite, sarampo e SIDA morrreram 1,978 milhões de crianças com menos de 5 anos (vd. gráfico).  Notem: apenas crianças com menos de 5 anos.

Mas, entretanto, movimenta-se o Mundo para tornar a vacina contra a covid-19 universal e gratuita e já e para todo o Mundo. Beneficiando, claro está, a África, o berço principal do morticínio de crianças que acabei de elencar. Por ironia, a covid matou até agora em África 0,0028% da sua população, apenas 10% daquilo que tem matado na Europa (0,029% da população).



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