Ontem, durante, toda a tarde, enquanto andava pela cidade, fui tentando encontrar pessoas com máscara facial. Em Estocolmo é mais raro encontrar uma pessoa de máscara do que uma agulha em palheiro. Encontrei três em mais de cinco horas de caminhada. E aquilo que mais me impressiona, e sucede em Portugal, é um estranho paradoxo: as máscaras parece não darem a quem as usa e defende em todas as situações (eu defendo apenas em transportes com aglomerados e em aglomerações inevitáveis) nem segurança nem confiança. Geralmente, nessas pessoas vislumbra-se, através dos olhos, apenas medo, como se vê nesta senhora (sueca?), uma das três que vi de máscara. Ou seja, a máscara tem um efeito psicológico não irrelevante do ponto de vista da saúde: pespega-nos na cara esse papão omnipresente, a morte, toldando a racionalidade. Passamos a viver com a morte agarrada à boca.
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