domingo, 2 de agosto de 2020

DO FALACIOSO SILOGISMO

Cada vez noto mais, mesmo em mui próximos verdadeiros amigos (e dos outros nem falo), o seguinte raciocínio dedutivo, mas lamentavelmente falacioso:

1 - As medidas rigoríssimas contra a covid (suspensão de aulas, máscaras em todo o lado, regras apertadas em espaços comerciais, etc., etc., etc.) eram, são e serão necessárias porque, caso contrário, ocorreria e ocorrerá um geral morticínio não quantificável mas sempre elevado;

2 - Nunca seria possível prever que a suspensão de consultas, exames e cirurgias pelo SNS viesse a causar um morticínio no Verão, não havendo, além disso, provas de esse excesso de óbitos se dever a tais situações

3 - Donde se deve concluir que, havendo certezas de que sempre haveria morticínio elevados, mesmo não quantificável, sem medidas anti-covid, e não havendo certezas de as suspensões de serviços do SNS resultam em mortes, devemos todos bater palmas ao Governo e continuar como estamos. A Bem da Nação.

E andamos nisto, morrendo gente em demasia, porque a segunda proposição é falsa.



2 comentários:

  1. Começo por dizer que eu acredito sinceramente que existe mortalidade devido ao shutdown do SNS e medo das próprias pessoas de ir ao pouco que funciona e que isso é um problema extremamente grave embora eu pensasse que os efeitos seriam mais graduais ao longo do tempo.

    Da observação de gráficos de mortalidade há uns anos fiquei bastante admirado com o que períodos de calor podem fazer, fiquei mesmo pasmado. Assim mais recentemente penso que ocorreu um em Agosto de 2018. Será que pode comparar coisas entre ondas de calor para se perceber como se poderia de alguma forma isolar umas coisas das outras? Ou será impossível?

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  2. As ondas de calor são episódios raros, mas que efectivamente causm picos de mortalidade muito intensa. Em Agosto de 2018 tivemos uma grave e sobretudo em 2013. Em Junho de 2017, coincidindo com o incêndio de Pedrógão tivemos uma que terá matado mais do que esse incêndio. São coisas pouco faladas, infelizmente. A única forma de tentar comparar ondas de calor serão estudos muito detalhados por região, o que se mostra complexo porque as ondas de calor não se fazem sentir por igual em todo o país nem com a mesma intensidade. Em todo o caso pode fazer-se uma aproximação com o Índice Icaro (vd. aqui: http://www2.insa.pt/sites/INSA/Portugues/AreasCientificas/Epidemiologia/Unidades/UnInstrObser/Paginas/ICARO.aspx)

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