sábado, 1 de agosto de 2020

DAS POLÍTICAS QUE (NOS) MATAM

Em Julho, segundo dados da DGS, morreram 150 pessoas por covid, o valor mensal mais baixo desde Março. Porém, paradoxalmente (ou não), Julho de 2020 é, entre os meses da «pandemia da covid» (Março em diante), aquele que apresenta um maior desvio da mortalidade total em relação à média (2009-2019): um acréscimo de 27,8%. Em Março último o acréscimo fora de 7,1%, em Abril de 19,6%, em Maio de 13,5% e em Junho de 7,9%.

Este acréscimo é um absurdo e um caso de Saúde Pública, mas o Governo prefere os "drinks de fim-de-tarde" da ministra da Cultura ou as bolas de berlim da praia da Lagoa do primeiro-ministro. Nem um ai se ouve do Governo, nem um ui da DGS. O "povo", esse, continua amedrontado pela covid-19, enquanto segue para o "matadouro" das outras doenças não tratadas. A imprensa nanja, enquanto manja. 

A mortalidade em Julho trucida quaisquer paninhos quentes, ou desculpas. Ultrapassa em 2.260 óbitos o valor médio do período 2009-2019; excede em mais de 1.100 óbitos (i.e., cerca de 35 caixões a mais por dia) o pior ano anterior (2013); suplanta em mais de 1.500 óbitos o máximo expectável; quase chegou a registar mais 3.000 óbitos do que os do ano mais calmo (2009).

Tudo isto (e muito mais, que referirei posteriormente) se passou em Julho de 2020. Não me venham dizer que a culpa é da covid, ou do azar, ou que o "mensageiro" manipula ou tem razões ideológicas e coisas que tais, e que blá blá blá... Areia para os olhos, ou melhor dizendo: punhais que matam. 

Suspender consultas, diagnósticos e cirurgias tinha um custo, e nem era preciso ser-se epidemiologista ou simples médico para antever consequências. Mas pior ainda, está agora a manter-se esta situação por meses a fio, alimentada ainda pelo contínuodiscurso de medo e de obsessão pela covid. E nem vidas nem Economia se salvaram. E a nossa imprensa ajudou nisto, o que me entristece e envergonha (tendo eu sido, em tempos, um jornalista). E com tudo isto se tem matado mais pessoas do que o SARS-CoV-2. Sinceramente, cada vez mais julgo que as actuais políticas de Saúde Pública são, verdadeiramente, a nossa principal pandemia. 


2 comentários:

  1. Obrigado pela análise que mostra o que o medo faz.
    PS: O drink ao fim da tarde é da ministra da Cultura (e não a da Saúde)

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