sábado, 9 de maio de 2020

DOS EFEITOS COLATERAIS


Começa a ser mais necessário um boletim diário da DGS e do Ministério da Saúde sobre as mortes não-covid do que sobre as mortes por covid. Com efeito, à medida que, supostamente, os óbitos da pandemia diminuem (foram "apenas" 15, em média por dia, entre 1 e 7 de Maio) uma outra "pandemia" se revela cada vez mais: as mortes "misteriosas" não explicadas pelo SARS-CoV-2 nem pelas doenças que já matavam em outros anos.

Senão vejamos, sem gráfico mas com análises feitas: entre 1 e 7 de Maio morreram 107 pessoas por covid (cerca de 15 por dia), o que representou 4,7% de todas as mortes neste período. Calculando a média dos últimos 10 anos, seria expectável morrerem, por dia, 278 pessoas, mas afinal faleceram 319. Se subtrairmos as 15 mortes por covid (média diária), ocorreu na última semana um acréscimo de 26 óbitos diários não-explicados pela covid (26=319-278-15). Numa semana (1-7 de Maio), isto significa mais 182 mortes! Estas mortes "misteriosas" são, assim, superiores à da covid, num ambiente que supostamente não é de caos para o SNS.

Mesmo que se coloquem aqui intervalos de confiança (e eu calculei-os), estaremos sempre com acréscimos de mortalidade perfeitamente anormais. Será este um sinal dos próximos tempos? Estará o SNS capaz de nos salvar de outras doenças para além da covid?

Nota: A foto é de um hospital português em tempos de gripe no início deste ano (CM)

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