terça-feira, 19 de maio de 2020

DO MEU STATEMENT PARA MEMÓRIA FUTURA


Para esclarecimento, e para remeter àqueles que têm andado ingloriamente a tentar "infernizar-me" a vida - ignorando que me dou bem como o diabo (para quem conhece os meus romances...) -, em baixo segue uma síntese das minhas opiniões, consolidadas pelas leituras, análises e reflexões que tenho feito ao longo de mais de dois meses:

1 - A covid-19 é uma doença perigosa sobretudo para os idosos, e especialmente para os maiores de 85 anos. 2 - A covid-19 não representa qualquer perigo relevante para a população com idade inferior a 55 anos, exceptuando-se, porém, os casos individuais de pessoas com alguma vunerabilidade. Contudo, essas pessoas são vulneráveis a outras mais doenças. 3 - Portugal teve uma resposta bastante satifastória ao nível do controlo da pandemia na fase inicial, embora com falhas evidentes na forma como não conseguiu conter algums surtos no região do Porto, Braga e Aveiro. No caso específico de Ovar, a cerca sanitária não teve qualquer efeito na contenção, porque existiam focos muitos activos no exterior. 4 - A gestão do medo, desde Março, foi catastrófica. A comunicação do Governo/SNS, ao nível do Estado de Emergência, não conseguiu sossegar a população, de sorte que se verificou uma fuga às urgências e concomitantemente um acréscimo da mortalidade (como fica patente nas análises da mortalidade no SICO). O SNS tinha mecanismos e instrumentos para identificar esses casos em tempo útil (o SICO é uma ferramenta excepcionalmente boa, pioneira no Mundo, e que deveria ser mais usada em vigilância activa). 5 - Observa-se claramente um excessso de mortalidade desde o início de Março, e que continua ainda ao longo deste mês de Maio, mesmo registando-se um decréscimo da actividade do coronavírus. Atinge, mais uma vez, os mais idosos, e a tal ponto que a mortalidade por causas não explicadas pelas covid é superior à causada pela covid. Ou seja, em vez de uma, temos duas pandemias, sendo que uma delas (a não-covid) está a ser menosprezada pelo Governo/SNS. Temo que venha a ter consequências dramáticas ao longo dos próximos meses. 6 - O desconfinamento deveria ter sido diferenciado em função das regiões, uma vez que Portugal sempre apresentou níveis de incidência da doença bastante distintos, com o Norte e o Centro a apresentarem situações mais graves. Mais uma vez o SICO poderia ser um instrumento para auxiliar a definição desse desconfinamento regional. 7 - As novas regras de funcionamento para as creches são aberrantes, lesivas para as crianças e sem qualquer vantagem profiláctica, tendo em consideração que elas são um grupo de risco nulo. Se se receia que sejam transmissoras para idosos, seria mais humano que se evitasse o contacto entre os idosos e as crianças, e não impor regras que elas não entendem e as podem traumatizar. 8 - As novas regras de funcionamento para as praias são uma anedota de mau gosto. 9 - A comunicação social tem, em termos globais, contribuído muito para alimentar o medo. A quantidade de notícias com títulos alarmistas (com o recurso ao verbo PODER) atinge níveis de insanidade. Por norma, quase todos os órgãos de comunicação social têm seguido a "linha informativa" do Governo, não questionando, por exemplo, o grave problema do excesso de mortes por outras causas. 10 - Defendo há muito que sejam feitos testes serológicos, como outros países já fizeram, de modo a estimar, com alguma aproximação à realidade, o grau de contaminação no país, e determinar com rigor os riscos para o futuro. Portugal continua a gerir a pandemia às cegas. A conclusão dos anunciados testes serológicos apenas para Julho não é compreensível nem satisfatório.

1 comentário:

  1. Como calculará, vim aqui avisado pelo seu post de 4 de Novembro de 2020.
    O título diz tudo do seu trabalho e de si.
    oliveira

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