sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

DO BOM ANO QUE SE AUGURA PARA O PÚBLICO OU DO ALIMENTAR O PÂNICO

Os critérios do Público já estão há muito definidos, sendo particularmente notórios quando recorrem à publicação (e tradução enviesada) de artigos publicados no estrangeiro, sobressaindo-se pela escolha apenas daqueles que servem para alimentar o pânico. Mesmo assim vou continuar a denunciar esta porcaria de jornalismo até que alguém de lá se envergonhe.

Hoje, aproveitando uma notícia do Washington Post, o Público titula: "Voar infectado com covid-19 não é só negligente. Também pode ser mortal, alertam médicos", o que já é um pouco diferente do título original do jornal norte-americano, que opta por um mais neutro "Flying with covid-19 isn’t just reckless — it’s potentially deadly, doctors say".

Porém, lida toda a notícia, que se baseia em duas mortes repentinas em voos nos Estados Unidos - eu já prefiro ler no original, por causa dos "truques" de tradução do Público -, fica-se a saber, bem, que afinal o factor determinante das mortes é "a climatização no interior das cabines dos aviões" e que, na verdade, o risco (de morte) é semelhante quer se tenha covid quer outra doença respiratória. 

Em suma, a covid não traz nada de novo. Nesse aspecto de risco é exactamente similar a outras doenças respiratórias, algo que há muito se sabe. Este tipo de notícias só tem para o Público, um objectivo: trazer-lhe mais clics. Mas cada um desses clics, como uma faca de dois gumes, traz  prego a ser espetado na sua já escassa credibilidade.



DO DESASTRE DE SAÚDE PÚBLICA EM 2020 OU DA BREVE ANÁLISE PARA EVITAR UMA VERDADEIRA CALAMIDADE EM 2021

Hora de balanços, agora que terminou 2020. Vou tentar ser muito sintético e simples (algo complicado, assumo), não recorrendo a análise estatísticas complexas, para mostrar como 2020 foi um ano desastroso, não por causa da pandemia (que representou 5,6% das mortes, quando o acréscimo foi de 11,1% em relação à média dos últimos cinco anos) mas pela gestão da crise do ponto de vista de Saúde Pública. E para mostrar o risco que corremos se o Governo insistir no erro que foi cometendo ao longo de 2021.

Como tenho, a espaços referido, há dois factores determinantes para a evolução da mortalidade total ao longo dos meses de um ano: os surtos gripais (nos meses de Janeiro a Abril e entre Outubro e Novembro) e as esporádicas ondas de calor no Verão (que podem aumentar bastante os óbitos, embora por escassos dias sobretudo em Julho e Agosto).

Sem ondas de calor e sem gripes, a mortalidade (de base) em Portugal situa-se, grosso modo, em redor dos 250 óbitos por dia. Desse modo, em situação normal temos estes valores em grande parte do período entre Maio e Setembro. Nos gráficos, este nível está marcado na linha verde.

Nos restantes períodos (Outono e sobretudo Inverno), embora haja sempre um aumento da mortalidade, as variações interanuais estão muito dependentes das condições ambientais e das estirpes gripais mais letais (H3N2 à cabeça), mas também dependem daquilo que sucedeu nos períodos imediatamente anteriores.

Por norma (e a econemetria debruça-se sobre esse assuntos), existe uma autocorrelação forte na mortalidade entre dois Invernos, de sorte que raramente temos dois Invernos igualmente muito mortíferos porque as pessoas potencialmente mais vulneráveis passam para um número muito inferior. Por esse motivo, é expectável que num qualquer ano, quando muito só exista um período (de algumas semanas) com mortalidade acima de 350 óbitos (a fasquia que, empiricamente, mostra que um surto gripal se assume de forma letal). Ou seja, se essa fasquia dos 350 óbitos (marcada a azul nos gráficos) surge na primeira parte do ano (sobretudo Janeiro ou Fevereiro) é pouco expectável que venha a repetir-se no mesmo ano em Novembro ou Dezembro, tal como se observa nos gráficos no período 2009-2019.

Por outro lado, mas nem sempre de forma evidente, a mortalidade no Verão pode tendencialmente ser menor ou maior em função do que sucedeu no Invermo anterior. Desse modo, será expectável que, se o Inverno for muito mortífero, o Verão será "ameno", ou se o Inverno for "ameno", o Verão estará mais sujeito a um incremento de mortes, sobretudo se surgirem ondas de calor.

Enfim, isto apenas para salientar que tudo está interligado, de modo que, geralmente, a variação da mortalidade ao longo do ano apresenta um perfil em U largo, com a mortalidade em redor dos 350 em Dezembro e Janeiro (picos de mortalidade) e com os meses menos mortíferos em Julho a Setembro (excepto com raros picos por via de ondas de calor).

Ora, analisando o perfil da mortalidade diária em todos os anos desde 2009 verifica-se tudo aquilo que acima descrevi. Sem tirar nem pôr. Em 2020 tudo foi diferente.

Com efeito, embora o mês de Janeiro de 2020 tenha tido uma mortalidade diária acima dos 350 óbitos em alguns dias, o surto gripal não foi particularmente agressivo (comparando com o ano anterior, de 2019, confirmando-se o que acima referi). O aparecimento da covid veio trazer um acréscimo inusitado da mortalidade em Março e Abril. Porém, este "mal" deveria ter tido uma consequência "boa": aquilo que seria expectável a seguir era uma diminuição MUITO substancial da mortalidade durante o Verão, sobretudo porque a covid esteve quase ausente entre Junho e Setembro.

Contudo, tal não aconteceu: o Verão de 2020 foi de longe o mais mortífero de que há registo, não sendo (como o INSA já salientou) justificável pelo tempo quente. Não houve nenhum dia com menos de 250 óbitos (abaixo, portanto, da linha verde) e grande parte dos dias esteja acima dos 300 óbitos dias. Reparem que há vários anos, no período em análise, em que não existe nenhum dia com mais de 300 óbitos.

Por fim, também não era expectável, e nem sequer justificável pelos números de vítimas por covid, que a partir de Outubro surgisse um novo acréscimo de mortalidade, assim tão elevado, sobretudo pelo que se passara nos nove meses anteriores, até porque uma das principais causas de mortes (doenças respiratórias) esteve em declínio, por força da diminuição para metade das infecções respiratórias. Ou seja, seria expectável que em Outubro o número potencial de mortes fosse menor, porque os meses anteriores tinham "ceifado" os mais vulneráveis.

Por essa via, o acréscimo de mortes a partir de Outubro parece-me completamente "contra-natura", e evidencia, para quem quiser abrir os olhos, um preocupante sinal de colapso no SNS - isto é, morreu-se anormalmente mais de outras doenças -, sobretudo porque se acentuou um perfil de mortalidade completamente atípico. Aliás, sinal de que a "culpa" não é directamente do SARSC-CoV-2 observa-se no aumento percentual superior aos óbitos registados em casa ou noutro lugar em relação ao que se registou em meio hospitalar. Pior ainda: registamos quatro períodos em 2020 (o último dos quais a prolongar-se por 2021 adentro) com mais de 350 óbitos diários. Uma coisa nunca vista!

Esta é uma análise curta e simples daquilo que vejo com os poucos dados que possuo. A DGS tem e pode ter mais dados para outro tipo de análises, e para confirmar (ou desmentir) que estamos perante uma perigosíssima calamidade de Saúde Pública que nada a ver com a covid em si, mas tão-só com a estratégia seguida. Manter a estratégia de TUDO PARA A COVID deu um péssimo resultado nos últimos nove meses. Prolongar isto pelos meses que se seguem será um verdadeiro desastre. Eu não tenho medo da covid, mas começo a ter mesmo muito medo do resto, E o resto é, na verdade, TUDO.















DA MEMÓRIA OU DA INDIFERENÇA À HISTERIA

Avisa-me o FB que há quatro anos, na passagem de 2016 para 2017, por estes mesmos dias, andava um lamento colectivo, um ai-Jesus de gente com gripe.

A preocupação tinha então uma base factual: a gripe (que neste presente Inverno se eclipsou) estava então a atacar em força e em letalidade. No dia 2 de Janeiro de 2017 seriam contabilizados 578 óbitos, naquele que é o dia mais mortífero desde que há registos diários. Notem bem, não foi brincadeira: são 108 mortes a mais do que no dia mais mortífero de 2020.

Vejam, porém, como em 2017, onde então o Governo e a DGS, e os Froes, Mexias & Simas desta vida, deveriam fazer alguma coisa, e nada disseram nem fizeram; e nesta pandemia passou-se do 8 ao 800, o que nos pôs a todos num 8.

Sobre o facto de eu, em 2017, ter dito que a imprensa estava em “histeria”, perdoem-me; eu não sabia então o que era histeria.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

DO MISTÉRIO OU DA ALDRABICE

Nada melhor para o Governo (e pior para nós) do que amedrontar ainda mais a populaça com o anúncio de um aumento significativo e abrupto de (supostos) casos positivos de covid. "É um novo máximo diário de infecções", anuncia a Acção Socialista, perdão, o Público! Tremei, mortais! Ficai em casa. Temei pela vida em 2021 tanto como em 2020!

Eu sei que muitos pensam que já é embirração minha, mas não consigo suportar coisas que fogem a toda a lógica. Vou explicar-me.

Nos últimos dois dias foram anunciados 13.676 casos positivos, e morreram 155 pessoas, que, obviamente, deixaram camas vagas nos hospitais. Além destas, terão saído algumas (ignora-se quantas porque a DGS nunca diz) porque, tendo estado internadas, tiveram alta e regressaram a casa. E, em princípio, outras pessoas deverão ter sido internadas, quer infectadas nos dois últimos dois dias quer antes. Os internamentos são, na verdade um fluxo, que varia diariamente em função do número daqueles que se mantêm internados, dos que entram porque registam complicações e dos que saem de uma de duas formas: por uma feliz "alta" e por uma infeliz morte.

Porém, que raio! Houve 13.676 infectados em apenas dois dias! Como se explica, nestas circunstância, com uma tão elevada magnitude de novos casos, tenha havido uma redução de 90 internamentos?! Desse número todo de novos infectados ficaram quase todos a tomar ben-u-ron em casa? Não estaremos a exagerar um "bocadinho" nestes números de infectados?

Mais estranha ainda é a (conveniente, politicamente) subida abrupta de casos positivos de covid desde o dia 25 de Dezembro. Alicerçada na imprensa, a campanha "terrorista" da SNS, de culpabilização do Natal já inculcou nas gentes que foram as festas familiares as culpadas desta subida. Oh!, o Governo bem avisou; tentou fazer tudo ao seu alcance, mas, hélas, os portgueses são umas crianças, e lá está, continuam a precisar de ser "cuidados" e "castigados" pelo excente Governo. 

Enfim, neste clima de culpabilização dos cidadãos, o Governo fica nas suas sete quintas: quantos mais casos positivos, menores parecerão as suas culpas, e melhor se encaixarão umas mortes em excesso (mesmo que por outras causas), pois ficarão com o ferrete da covid.

Porém, quanto mais analiso os (poucos) dados disponibilizados, mais vejo um rabo de fora que me faz desconfiar de haver, por aqui, gato. E isto já não tem apenas a ver com o misterioso (quase) desaparecimento das gripes e das outras infecções respiratórias durante o Outono e estas primeiras semanas de Inverno [Este ano, entre 20 e 30 de Dezembro, o SNS apenas registou cerca de 14% das gripes e infecções respiratórias em relação à média de 2016-2019 para o período homólogo]. 

Vermos os casos positvos de covid a dispararem (convenientemente) nos últimos dois dias, os internamentos a diminuirem e o resto das infeções respiratórias a manterem-se muitíssimo baixos e sem flutuações natalícias, convenhamos que parece coisa demasiado misteriosa, tão misteriosa que até parece aldrabice. A maior transmissibilidade do SARS-CoV-2 não explica tudo. 




DO RIDÍCULO

A imprensa anda deliciada com a suposta façanha de uma senhora de 106 anos, conhecida por Fernanda da Esperança, que, diz o CM, “vence[u] duas pandemias”, e uma jornalista da Visão exulta, bradando “que família não cabe em si de orgulho”.

Foi uma luta e pêras. Vale a pena ler. A senhora testou positivo em Novembro, mas manteve-se sempre assintomática, nunca tomou qualquer medicação para a covid, segundo consta, e somente soube que teve teste positivo depois de testar negativo, porque a família não a quis assustar. Sublime!

Acho que, durante a luta contra o famigerado vírus, os maiores momentos de perigo foram as quatro zaragatoas que lhe enfiaram pelas narinas, à conta dos tantos testes. 

Entretanto, espero bem que a senhora tenha tomado a vacina anti-gripe. Não lhe convinha nada apanhar uma pneumonia.



quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

DAS DIFERENÇAS ENTRE 2012 E 2020

Estou a analisar a taxa de mortalidade de todas as doenças respiratórias (ontem apenas fiz comparação com uma pequena parte, as penumonias e gripes), sobretudo nos idosos. Se querem um ano desgraçado, então aponto-vos o ano de 2012: a taxa de mortalidade nos maiores de 80 anos foi de 19,3 óbitos por mil. Foram 10.023 idosos que morreram de doenlas respiratórias. Obviamente, não serve como termo de comparação directa, mas pode sempre dizer-se que a covid está nos 7,1 óbitos por mil nos idosos com mais de 80 anos.

Passou esta situação de 2012 despercebida à imprensa? Não. Claro que não. Descubro notícias e mesmo reportagens sobre a situação, sobretudo em Janeiro e Fevereiro de 2012, como na reportagem da RTP, conforme se pode ver aqui.

Porém, notem: se trocarem, nas palavras do médico e da jornalista, "pneumonias" por "covid", parece tudo igual aos dias de hoje, com duas excepções:  não há pânico a ser lançado pela jornalista nem sensacionalismo do médico (que não é o doutor Filipe Froes). E, contudo, morreu-se mais em 2012.

Ah, e também não há máscaras. Nem no hospital, caraças.



DO CRIME

Eis a terrível doença que, matando, afinal até poupa mulheres de 106 anos e se cura, em quase todos os casos, à conta de Bufren, Ben-u-ron ou Nada, apesar de obrigar a isolamentos malucos aos 30 dias... Páginas de noticiosos massacres; horas de telenotícias pavorosas sobre a doença cruel que, contas feitas, matará mais pela cura. 

Entretanto, o alerta do presidente do núcleo regional do Norte da Liga Portuguesa contra o Cancto sobre o previsível “aumento exponencial da mortalidade associado ao cancro nos próximos anos por muitos atrasos nos rastreios e tratamentos”, isso vai para um caixinha pequena escondida. Coisas destas sim estão a ser terríveis. Economia real destruída, sim, isso é e será terrível. Uma sociedade de pantanas, desconfiada, em pânico, que olha para o outro como “bomba biológica”, isso sim é e será terrível. Tudo isso criado não pelo SARS-COV-2 mas por uma estratégia insana.

Só não digo que na política, na imprensa e até na medicina há muita gente com as mãos sujas de sangue porque estes crimes estão a ser perpetrados de forma “limpa” e “silenciosa”, sem recurso a pistolas, marretas ou bisturis.





DA VERDADE PARA ABRIR OLHOS OU DO CONFRONTO FINAL COVID VS. PNEUMONIA & GRIPE

Podia esperar mais três dias, mas, na verdade, prevejo uma alteração quase irrelevante nos cálculos (faltando três dias de dados covid para o fim de Dezembro), e preferi antecipar esta apresentação numa singela tentativa de vos atenuar o stress de um ano interminável. 

Vejam os dois gráficos, em baixo, com o verdadeiro impacte da pneumonia e gripe (excluindo todas as outras doenças respiratórias) entre 1991 e 2018 (não há dados de 2019 nem de 2020) em confronto com o impacte da covid em 2020, medidos sob a forma de taxa de mortalidade (óbitos por mil habitantes) para o grupo dos maiores de 80 anos e para o grupo dos 70-79 anos.

Os dados foram obtidos no INE na base de dados das causas de morte por ano, estabelecendo-se a taxa de mortalidade em função da população estimada para o ano anterior. Embora não haja ainda números de mortalidade para pneumonia e gripe em 2020 (a DGS já saberá através do SICO-eVM), estimo que a taxa de mortalidade seja sensivelmente metade da dos anos mais recentes, em virtude da forte redução das infecções respiratórias (cf. estatísticas do SNS).

Julgo que qualquer pessoa com um mínimo conhecimento de interpretação de um gráfico conseguirá constatar o efectivo impacte da covid, num contexto de uma população que vai envelhecendo e ficando mais sujeita a doenças respiratórias. No início do ano apresentarei também os gráficos definitivos da mortalidade (absoluta) de covid em 2020 e das pneumonias e gripes (1991-2018).

Emfim, a pandemia da covid foi e será mais uma doença que nos aflige; letal como as outras, mas estes dados evidenciam, até ao tutano, que está longe de registar um impacte catastrófico e extraordinário; pelo contrário, sobretudo quando olhamos para 2012 e 1999. Pior mesmo foi o acréscimo de mortalidade por causas não-covid e o efeitos secundários que trará em termos de Economia e Saúde Pública a médio prazo.

Fonte: INE (causas de morte e estimativas da população); DGS (mortes por covid)


terça-feira, 29 de dezembro de 2020

DO SABER QUEM CONTRIBUIU MAIS PARA QUE SE MORRESSE MAIS EM PORTUGAL: SARS-COV-2 VS. SNS

Nos Estados Unidos, independentemente de ser Trump ou Biden, a covid começa a ser enquadrada como uma infecção respiratória. Daí que os relatórios do CDC que avaliam o impacte da covid integram a nova doença num grupo denominado PIC (pneumonia+influenza+covid). Fazer esse exercício nunca interessou em Portugal, nem ao doutor Flipe Froes, pneumologista que antes se lamentava pelos cantos de não se ligar às pneumonias e que agora é todo covid&máscaras&covid&máscaras.

Como ninguém parece interessado em avaliar o real impacte da covid e do excesso absoluto da mortalidade não-covid (a começar pelo Governo e a acabar nas pessoas que me acusam de negacionistas e andam a destilar ódio sobre o que analiso e escrevo), tomei a iniciativa de fazer algumas estimativas, mesmo perante a ausência de alguns dados fundamentais. Vamos a isso.

Comecemos com algumas premissas:

a) a mortalidade média anual por infecções respiratórias (segundo a Plataforma da Mortalidade do SNS) foi de 6.613 no período 2014-2018, com um desvio padrão de apenas 265, significando que é um valoer estável. Desse modo, seria expectável, sem covid, que este ano se registasse um valor próximo dos 6.600 óbitos por pneumonias e afins.

b) Nos anos de 2017 e 2018 registou-se um total acumulado de cerca de 797 mil infecções respiratórias, ás quais corresponderam um total de quase 13 mil óbitos por pneumonias e afins. Deste modo, pode-se estabelecer uma taxa de letalidade de 1,6%. (em 2017 foi de 1,76% e em 2018 foi de 1,52%).

c) No ano de 2020, quase a terminar, o SNS apenas registou 210 mil infecções respiratórias (um valor sensivelmente de metade do expectável em ano pré-covid), o que significa que, aplicando a taxa de letalidade atrás referida, se estima que as pneumonias e afins terão causado a morte de cerca de 3.430 pessoas (que contrasta com um valor expectável de cerca de 6.600 pessoas, como atrás referido em relação á média de 2014-2018).

d) A mortalidade por covid, segundo os registos oficiais (independentemente das discussões sobre critérios de classificação), deverá aproximar-se dos 7.000 até ao final do ano.

Assim, desse modo, temos que as mortes por PIC (pneumonias, influenza e covid) totalizarão em 2020 cerca de 10.430, o que contrasta com cerca de 6.600, que seria um valor expectável de PIC no período anterior á pandemia (ou seja, quando tínhamos apenas PI, sem o C).

Daqui resulta que, feitas as contas, a covid representou um acréscimo líquido na mortalidade não de 7.000 mas sim de cerca de 3.830 óbitos.

Daqui se deduz, e sem contabilizar a questão do envelhecimento populacional, com implicações na taxa de mortalidade, o acréscimo absoluto de mortes este ano tem apenas um contributo minoritário da covid.

Com efeito, terminando 2020 (faltando apenas dois dias até ao final do ano), terão morrido, por todas as causas, cerca de 123,540 pessoas, que contrasta com uma média de 111.200 óbitos no período 2015-2019. Ou seja, um acréscimo absoluto de 12.340 mortes.

Ora, retirando deste valor o impacte líquido da covid (3.830 óbitos, acima calculado), temos então um registo pavoroso de 8.510 mortes a mais do que seria expectável devido a causas anómalas. 

Entendem agora porque andei, quixotescamente (é certo), a zurzir no estado comatoso do SNS? A dizer que a estratégia covid para estancar uma pandemia acabou por criar uma outra pior do que a causada pelo SARS-CoV-2?

A covid ajudou a matar mais 3.830 pessoas; o estado do SNS "ajudou" a morrer outras 8.510 pessoas. Eis o belo resultado que temos.

Fonte: DGS (boletins da covid); DGS (SICO-eVM); SNS (Plataforma da Mortalidade); SNS (Monitorização da Gripe e Outras Infecções Respiratórias

DO NOJO QUE ALIMENTA OS ABUTRES

Os jornalistas do Público salivam quando um jovem morre de covid. Na faixa etária dos 19-29 anos, num universo de cerca de um milhão de pessoas, morreram 6 durante 2020. Já vi fins-de-semana que ceifam mais jovens em acidentes rodoviários... Vamos acabar com os carros, Público? Ah, e quantas pessoas nesta faixa etária morreram de pneumonias em anos anteriores?! Xiu! Não interessa.

ADENDA às 00.06 de 30/12/2020: O "crime", está visto, compensa: este notícia é a mais popular de ontem, segundo o site do Público. Por isso mesmo insistem neste estilo de notícias.

DA RÚSSIA QUE LAMENTA E DO JORNALISMO QUE SE LAMENTA

O Público acumula lastro para um interessante estudo académico. A manipulação da informação, descontextualizada, o estilo apocalíptico para o que sucede lá fora, mas acrítico, quando não laudatório, para o que se passa com o que se passa em Portugal (e com a acção do Governo), torna o Público cada vez mais próximo da Acção Socialista.

Vejam como o Público noticia os óbitos na Rússia por covid. Titula “Rússia LAMENTA 562 mortes nas últimas 24 horas” (destaque meu). Um sentimento que, segundo o Público, não se compara com Portugal onde SÓ morreram ontem 74 pessoas e até há “boas notícias” (sic), assim escrito, porque até se registaram menos 54 internamentos, não importando ao jornalista que escreveu esta pérola que uma grande parte dessa “boa notícia” deriva directamente dos internados do dia anterior que morreram. Não são mortes que se lamentam; foram mortes patrióticas para criarem uma “boa notícia” ufanada pelo Público.

Porém, pior ainda é observar a descontextualização intencional. A Rússia tem cerca de 14 vezes mais população que Portugal, pelo que as 562 mortes russas correspondem a 40 óbitos portugueses. Ou, noutra perspectiva, se a Rússia estivesse como Portugal não teria de “lamentar” 562 mortos, mas quase 1.050. Eis o que dá fazer-se um jornalismo pequenino num país pequeno; parece estar tudo bem quando não está.




segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

DA FRAUDE DOS CASOS POSITIVOS

Portugal chegou a fazer cerca de 50 mil testes PCR num dia, e o Governo andou num corrupio para incentivar a realização de testes, quando "interessava" ter muitos casos positivos não apenas para "assustar" o povo mas também para justificar o acréscimo de mortes sobretudo nos idosos.

Um teste positivo era igual a uma pessoa com doença, e mesmo sem sintomas era então catalogado com o "ferrete" de doente perigosísssimo porque, suposto assintomático "infectante", era uma "bomba biológica ambulante" que assim deveria ser encarcerado.

Eis que, entretanto, consultando o site da Biontech/Pfizer, destinado a profissionais de saúde, leio que, nos ensaios clínicos, "os casos confirmados foram determinados por transcrição reversa associada a reação em cadeia da polimerase (RT-PCR, Reverse Trascription Polymerase Chain Reaction) e, PELO MENOS [destaque meu], 1 sintoma consistente com COVID-19 [*Definição de caso: (pelo menos 1 de) febre, surgimento ou agravamento de tosse, surgimento ou agravamento de falta de ar, arrepios, surgimento ou agravamento de dor muscular, perda de paladar ou olfato, dor de garganta, diarreia ou vómitos.]".

Ou seja, aquilo que muitos ostracizados diziam - os testes PCR devem ser um teste complementar á sintomatologia clínica - está aqui bem expresso pelas empresas das vacinas...

Já agora, convém dizer que as autorizações são ainda provisórias, e justificadas pela emergência; não pela eficácia garantida. 

O site, em várias línguas, incluindo português, pode ser consultado aqui, e parece-me muito detalhado, objectivo e isento.



DO STRIP-TEASE

Marcelo fez exposição integral aquando da vacina antigripal, ontem viu-se na vacinação da covid que todos os homens entradotes, entre os quais o director dos serviços de Doenças Infecciosas do Hospital de São João e o bastonário da Ordem dos Médicos (segunda e terceira fotos), fizeram questão de desalinhar camisa e expor os seus peitorais ao povo.

Fiz uma exaustiva pesquisa por fotos no estrangeiro e não encontrei um só homem, de idade jovem ou mais avançada, nestes preparos em frente às câmaras. Todos optaram por vestes práticas, tal como todas as mulheres, para a seringa poder ser aplicada sem strip-tease. Deve haver alguma explicação da Psicologia para este comportamento lusitano.






DO BALLET RUSSO OU DA ROLETA RUSSA

Manuel Carvalho, que como director se está a comportar como o coveiro da credibilidade do Público, sentenceia em editorial que o “primeiro dia [da vacinação] correu bem”, como um “ballet russo”, e portanto “ponto final”. 

Começo a desconfiar que Manuel Carvalho não lê o seu próprio jornal nem sequer olha para as fotos. Como é que um director feito paladino e defensor devotado e acrítico de todas as medidas e todas as declarações do Governo, que promove e publica anúncios de campanhas tétricas a apelar contra convivência familiar e da proximidade física, acha sensato o ajuntamento de jornalistas, e dos seus, numa dos mais patéticos eventos à la Coreia. Aquilo que eu vi, pelas imagens das televisões e fotografias, não foi um ballet russo; foi uma roleta russa.


DA IRRESPONSÁVEL PALHAÇADA OU DO ANDAR A GOZAR COM A MALTA

A ministra da Saúde aprovou uma campanha tétrica do SNS que culpabiliza os encontros familiares e a não distância social por casos graves de internamento (e presumo, morte). 

Ontem, porém, Marta Temido participou na festa da primeira vacina, esteve presente na sala, bateu palmas e viu bem o amontoado de repórteres de imagem. A campanha do SNS deveria assim ser revista. Aqui em baixo segue a minha sugestão.